Caso Viúva Negra: confira o que as primeiras testemunhas disseram no júri desta sexta-feira

Viúva Negra

Nesta sexta-feira, 6, o Tribunal do Júri de Brusque julga três dos sete envolvidos no assassinato do empresário brusquense Edinei da Maia. Sentam no banco dos réus Júlio Cezar Durgo Sothe, conhecido como Montanha, Kauê Hans Becker e Robson de Amorim, o Grilo.

Segundos os primeiros depoimentos, prestados por policiais civis que participaram do inquérito, Júlio e Elisa Zierke dos Passos, viúva da vítima, teriam arquitetado o crime.

Júlio teria “contratado” Patrick para reunir outros homens que participariam da execução. Não foram encontradas, porém, provas de conversas (em celular) entre Patrick e Júlio além do depoimento de Patrick.

Os envolvidos “convocados por Patrick” foram: Kauê, Robson (Grilo), Jefferson e Jean. Junto de Patrick, os quatro teriam participado diretamente do assassinato de Edinei. A investigação, no entanto, não conseguiu determinar com precisão “quem fez o quê”, já que os acusados “jogaram a culpa uns para os outros”.

Júlio (de camisa azul à esq.); Kauê (de camisa preta ao centro) e Robson (de camisa roxa à dir.) | Otávio Timm/O Município

O que ficou claro é que apenas Júlio e Elisa não estavam presentes no momento em que Edinei foi morto. A viúva, Patrick, Jefferson e Jean ainda serão julgados em um júri separado, cuja data não foi definida.

O jornal O Município acompanha presencialmente o julgamento, que trouxe declarações contundentes e revelações sobre os bastidores do crime.

Detalhes dos depoimentos

De acordo com o depoimento de um dos policiais civis responsáveis pela investigação, diversos elementos indicam que Elisa e Júlio de fato planejaram o homicídio de forma premeditada.

A testemunha descreveu em detalhes os indícios encontrados no celular de Júlio:

“Ele tinha salvo no celular arquivos e documentos que caracterizam que a Elisa realmente tinha intenção de matar o marido. Uma fala que ficou muito marcada da Elisa foi que ela disse: ‘ah, eu vou passar uma barra’. Então a Elisa, desde o começo, ela tinha intenção de matar o marido e sabia que isso traria alguns desafios para a vida dela. Isso ficou bem claro para a gente nas análises”.

Questionado pela defesa sobre o fato de Júlio não estar presente no momento da morte de Edinei, o policial foi categórico: ele não executou a vítima, mas arquitetou o crime.

Apesar de Júlio ter afirmado que não desejava a morte do empresário e que teria chorado ao relatar o caso na delegacia, os investigadores identificaram contradições importantes:

“Ele falou que ele não queria a morte de Edinei. Ele chegou a chorar no depoimento dele à sede policial, dizendo que a vítima, que já tinha sido seu patrão, seria maravilhosa”.

No entanto, o conteúdo do celular indicava o oposto:

“O Júlio é um cara extremamente inteligente. Ele é um cara que fala bem, ele é um cara extremamente inteligente, ele tem uma personalidade extremamente simulada. Disse estar triste pela morte do Edinei, mas logo após a morte extorquiu Elisa para conseguir mais dinheiro”.

Segundo o policial, Júlio chegou a forjar uma entrevista de emprego com Elisa após o crime:

“Ele e mais dois comparsas foram, inclusive, com uma arma de fogo, na marmoraria (que pertencia a Edinei), tentar extorquir R$ 150 mil de Elisa. Conseguiram R$ 2 mil”.

Esse episódio teria desencadeado conflitos entre os envolvidos, já que Patrick teria ficado a favor de Elisa e contra Júlio.

“Depois do crime, fica claro que ele e o Patrick brigam. Ele (Patrick) estava com medo de Júlio, já que acreditava que Júlio era um criminoso perigoso e que ele tinha familiares ligados a uma facção criminosa. O Patrick estava preocupado com isso, porque ele, inclusive, queria arrumar uma arma. Quando a gente cumpriu um mandato na casa de Patrick, apreendemos uma espingarda, então provavelmente ele arrumou uma arma depois que houve essa conversa”.

Ainda segundo o relato, Patrick e outros envolvidos teriam recebido dinheiro após o assassinato. Mas, segundo a polícia, os valores foram entregues em espécie e não foi possível determinar quem recebeu e nem os valores.

Em seguida, o policial foi enfático ao afirmar que, embora Júlio não estivesse no momento da execução, participou ativamente da articulação do crime:

“Podemos dizer que ele orquestrou, que ele estava junto com a Elisa, de uma forma que ele tinha conhecimento, ele sabia o que ia acontecer. Ele foi mandante com a Elisa, certamente. Ele arquitetava a situação do homicídio do Edinei com ela desde antes do Patrick entrar na história”.

E completou, reforçando as incoerências no depoimento do acusado: “ele chorou em um depoimento e disse que Edinei já tinha sido patrão dele. Mas o interessante é que logo depois desse ‘arrependimento’ ele procura extorquir Elisa querendo mais dinheiro”.

Em outro momento, o policial acrescentou informações sobre um possível relacionamento extraconjugal entre Elisa e Júlio.

Segundo ele, foi o próprio Patrick quem mencionou isso em depoimento. De acordo com as investigações, as conversas entre Júlio e Elisa de fato sugeriram um envolvimento romântico, incluindo o uso de emojis de coração.

Ao ser questionado se lembrava de mais detalhes, o policial afirmou:

“Sendo bem sincero, com relação à Elisa, a conduta dela após a morte do Edinei foi bastante… vamos dizer assim… promíscua. A gente tem indicativo de que ela teve, sim, um caso com o Júlio (tese contestada diversas vezes pela defesa que alega falta de provas). Porém, Júlio também relatou que ela teria se encontrado com Patrick em um motel, ou seja, ela pode ter se envolvido com os dois. Patrick nega, mas Júlio afirma que houve o encontro entre ela e Patrick”.

O policial também relatou que Patrick chegou a colocar um conhecido como segurança de Elisa, por medo de represálias contra ela após o crime, o que também, segundo a investigação, sugere uma relação de afeto entre os dois.

Outro ponto citado foi o comportamento de Elisa nas idas à delegacia:

“Ela foi diversas vezes ao local, sempre acompanhada de um advogado, mesmo quando ainda se tratava oficialmente de um desaparecimento. Isso já nos causava certa estranheza, porque ela se mostrava mais preocupada com o carro (que pertencia a Edinei e que ficou desaparecido por um tempo) do que com o desaparecimento do marido. Ela perguntava muito sobre o carro, queria saber se ia poder recuperar, e não demonstrava sinais de sofrimento típicos da situação. Além disso, começou a se apresentar de forma mais arrumada, maquiada… tudo isso nos chamou atenção”.

Outro policial ouvido confirmou que Júlio não esteve presente no momento do crime. Questionado se ele esteve no local do homicídio ou nos momentos que o antecederam, respondeu:

“Não, doutor, não estava”.

Ao ser pressionado, admitiu que não havia provas concretas de um relacionamento amoroso entre Elisa e Júlio, apenas indícios com base em mensagens “carinhosas”:

Durante o interrogatório, o policial também descreveu as condições do local do crime, confirmando que o carro usado para transportar Edinei – uma caminhonete de Robson – não chegou até o ponto da execução.

“Foi necessário desembarcar, porque era uma estrada de terra. Eles caminharam mata adentro por uma trilha até o local”, explicou, estimando uma distância superior a 100 metros.

A vítima teria sido morta e enterrada no mesmo local, segundo as análises periciais. Ainda sobre a dinâmica do crime, o policial afirmou que não houve testemunhas oculares, e que as informações partiram dos próprios relatos dos envolvidos, corroborados por laudos técnicos.

Também relatou que Edinei foi transferido do próprio carro (já que foi rendido) para a caminhonete próximo à entrada da mata, e que Robson e Elisa sequer se conheciam, sendo Patrick, (contratado por Júlio) o principal contato entre os executores e Elisa e Júlio.

Após o relato dos policiais, foram ouvidas testemunhas que fizeram relatos positivos a respeito dos acusados; a maioria se disse amiga deles.

Edinei foi brutalmente agredido na cabeça e no tórax. Após sua morte, o corpo foi enterrado. O cadáver foi localizado quase três meses e 23 dias depois, em 15 de junho de 2024, enrolado por cordas e em avançado estado de decomposição, fato que impossibilitou a determinação exata da causa da morte.

O julgamento foi paralisado para o almoço às 13h10 e continuará à tarde, com expectativa de sentença ainda nesta sexta-feira, 6. A cobertura completa e atualizações em tempo real podem ser acompanhadas pelo O Município.

Colaborou: Otávio Timm


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