

Fungos letais do gênero Aspergillus podem causar sérias doenças em humanos – Foto: Reprodução/Wikipédia
O aquecimento global poderá criar ambientes cada vez mais favoráveis para fungos letais. É o que aponta um novo estudo liderado pela Universidade de Manchester, que indica que microrganismos causadores de doenças graves podem expandir sua presença e colocar milhões de vidas em risco.
Segundo os pesquisadores, caso nenhuma medida seja tomada contra as mudanças climáticas, espécies do gênero Aspergillus poderão aumentar seu alcance geográfico, causando infecções severas que afetam pulmão, coração e cérebro.
Cientistas alertam que mudanças climáticas podem ampliar áreas de risco para fungos letais como o Aspergillus fumigatus
Entre as espécies analisadas, o destaque vai para o Aspergillus fumigatus, considerado o mais perigoso. Segundo o estudo, até o fim do século, sua área de atuação pode crescer em até 77,5%.
Apenas na Europa, mais de 9 milhões de pessoas passarão a viver em regiões com risco elevado de infecção, já que o fungo pode entrar pelo sistema respiratório e se espalhar por órgãos vitais como cérebro e coração.

Segundo estudo, 9 milhões de europeus podem correr riscos com fungos letais – Foto: Reprodução/ND
Outro fungo preocupante é o Aspergillus flavus, que além de provocar infecções respiratórias, contamina plantações com aflatoxinas, substâncias cancerígenas.
O estudo alerta que o aumento das temperaturas pode levar a espécie a regiões até hoje consideradas frias, como Escandinávia, Rússia e o norte da China.
A terceira espécie analisada, Aspergillus niger, também deve se beneficiar do aquecimento global, com tendência de expansão em diversas partes do mundo, representando ameaça especial a pessoas imunocomprometidas.
Os autores lembram que variantes do gênero Aspergillus já circulam em ambientes urbanos e hospitais. Com o avanço do aquecimento e da umidade, a proliferação deve se intensificar.

Umidade pode beneficiar ambientes para proliferação de fungos letais – Foto: Canva/ND
A situação é agravada pela crescente resistência a medicamentos antifúngicos, que dificulta o tratamento, sobretudo em pacientes transplantados ou com câncer.
O Aspergillus fumigatus já é listado pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma das maiores ameaças fúngicas ao ser humano. Nos casos mais graves, o fungo pode se espalhar de dentro para fora do corpo, comprometendo tecidos e órgãos.
Os cientistas concluem o estudo com um alerta: é preciso investir com urgência no desenvolvimento de novos medicamentos antifúngicos, melhorar o diagnóstico precoce e, sobretudo, frear as mudanças climáticas.
“Combinando a crise climática à resistência aos medicamentos, estamos diante de uma ameaça silenciosa que pode se espalhar sem controle”, advertem.
*Com informações do R7