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Nesta sexta-feira (23), os anúncios do governo Lula reverberaram no mercado brasileiro. Na quinta-feira (22), o Ministério da Fazenda e o do Planejamento e Orçamento anunciaram reajustes no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), algo que não agradou investidores e ofuscou o anúncio de contingenciamento de gastos de mais de R$ 31 bilhões.
A alíquota inicialmente sairia de 1,1% para 3,5% em remessas de recursos para conta de contribuinte brasileiro no exterior. No entanto, poucas horas após o anúncio, ciente da repercussão negativa do anúncio, o Governo Federal resolveu mantê-la na casa dos 1%. Outra mudança foi em relação à alíquota das transferências relativas a aplicações de fundos brasileiros no exterior, saíram de 3,5% e retornaram à isenção. Ciente da repercussão negativo.
Além da movimentação do mercado doméstico, as declarações de Donald Trump também repercutiram, sobretudo em Wall Street, onde os principais índices da Bolsa de Nova York tiveram queda, e na Europa. Diante desse cenário, no final da sessão, o dólar registrou baixa de 0,24%, cotado a R$ 5,64. Na semana, a moeda americana sofreu um decréscimo de 0,38%. Já o Ibovespa, apesar das marcas históricas, teve queda de 0,98%. Nesta sexta, o índice voltou ao azul ao acumular 137.824,29 pontos, uma alta de 0,40%.
Para Felipe Paletta, da EQI Research, o fechamento positivo do Ibovespa nesta sessão diante de uma notícia como a do IOF que, mesmo com o recuo do governo, ainda é negativa, mostra que a bolsa está em um momento bastante positivo.
IOF
No fim da tarde de quinta-feira, com o mercado à vista câmbio já fechado, o governo divulgou uma série de aumentos do IOF cobrados em operações de crédito para empresas, aportes em planos de seguro de vida do tipo VGBL e transações cambiais diversas, como compra de moedas em espécie e aplicações de fundos no exterior.
As mudanças ligadas às operações cambiais em especial foram mal-recebidas pelo mercado, o que fez o dólar futuro — o mais líquido no Brasil – acelerar antes de seu fechamento, às 18h. Com o recuo dos ajustes, o alívio veio antes mesmo da abertura dos mercados nesta sexta, mas isso não foi suficiente para evitar uma disparada do dólar à vista no início da sessão.
Oscilações
Apesar de encerrar a semana no azul, o principal índice do mercado brasileiro começou o dia recuando, especialmente após o presidente americano afirmar que taxaria produtos da União Europeia em 50%, a partir do dia 1º de junho. Ele também ameaçou a Apple com uma tarifa de 25% sobre todos os iPhones vendidos nos EUA que não são fabricados no país, afirmando mais tarde que a mesma medida será aplicada à Samsung e a outros fabricantes de smartphones. Por conta disso, o dólar também mudou a sua rota, começando o dia com avanço superior a 1%.
De acordo com o analista de investimentos Gabriel Mollo, da Daycoval Corretora, as ameaças de Trump pesaram na parte da manhã na B3, quando o Ibovespa tocou a mínima da sessão, abaixo de 135 mil pontos, mas o recuo do governo brasileiro na questão do IOF corroborou a recuperação no pregão local.
No relatório Diário do Grafista, analistas do Itaú BBA afirmaram que o momento é positivo para a bolsa brasileira e enquanto estiver acima dos 132.800 pontos, há expectativa de o Ibovespa retomar o movimento de alta em direção aos 142.000 e 150.000 pontos.
Destaques
– ITAÚ UNIBANCO PN subiu 1,21%, revertendo as perdas registradas mais cedo, que superaram 2%. Analistas do Goldman Sachs e do Citi afirmaram esperar efeito limitado ou marginal para os bancos sob a cobertura deles das medidas envolvendo o IOF, mas ponderaram que ainda é difícil quantificar os impactos. BRADESCO PN também mudou de sinal e avançou 1,23%, assim como SANTANDER BRASIL UNIT, com alta de 0,84%. BANCO DO BRASIL ON caiu 2,51%.
– BRASKEM PNA avançou 9,15%, após notícias de que o empresário Nelson Tanure fez recentemente uma oferta para a aquisição da maior petroquímica da América Latina. Uma fonte afirmou à Reuters que Tanure tem interesse em comprar a parte da Novonor na Braskem, mas ainda deixando a empresa anteriormente conhecida como Odebrecht com uma participação de cerca de 3% na petroquímica. A Novonor tem hoje 50,1% do capital votante da empresa, enquanto a Petrobras tem 47%.
– RAÍZEN PN ganhou 7%, no terceiro pregão seguido de valorização relevante, em meio a notícias relacionadas a potenciais vendas de ativos pela companhia, maior processadora de cana do mundo e uma das principais distribuidoras de combustíveis no Brasil. A empresa, uma joint venture da Cosan com a Shell, tem buscado vender ativos para reduzir sua dívida, que avançou para mais de R$30 bilhões no seu quarto trimestre fiscal. COSAN PN subiu 3,62%.
– AZZAS 2154 ON recuou 6,07% e MAGAZINE LUIZA ON caiu 4,96%, com outros papéis de varejo também na coluna negativa do Ibovespa, com agentes avaliando potenciais impactos do aumento do teto do IOF no crédito para empresas de 1,88% para 3,95%, bem como a incidência do IOF sobre o desconto de recebíveis (risco sacado).
– JBS ON caiu 1,23%, após trocar de sinal algumas vezes, mesmo após garantir nesta sexta-feira apoio de acionistas para prosseguir com a dupla listagem de ações nos EUA e no Brasil, com aprovação do plano em assembleia geral. Analistas avaliam que a operação deve destravar valor das ações da JBS, uma vez que a empresa deve alinhar sua avaliação de mercado com a de pares internacionais com uma listagem nos EUA, o que permitirá acesso a uma gama mais ampla de investidores.
– VALE ON fechou com acréscimo de 0,17%, mesmo tendo como pano de fundo a queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com queda de 1,24%, a 718 iuanes (R$ 563,50) a tonelada. Também no radar, o conselho de administração da Vale aprovou na véspera a emissão de R$6 bilhões em debêntures, com prazos de sete, dez e 12 anos.
– PETROBRAS PN subiu 0,22%, em meio à melhora dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent encerrou com acréscimo de 0,53%.
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