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Teatral é o primeiro adjetivo que vem à mente ao ver o desfile da coleção Cruise 2026 da Louis Vuitton, desfilada na noite de quinta-feira (22/05) em Avignon, na França. E tem mesmo tudo a ver. A cidade fortificada, pitoresca e turística, abriga o Festival de Avignon, que lota a cidade anualmente com apresentações teatrais experimentais. Nicolas Ghesquière, diretor criativo da maison francesa, foi a uma edição do festival e… Pronto. Muitas conexões depois, ele criou uma temporada croisière — aquela que oferece um respiro de férias de verão no meio do inverno europeu — que pensa a moda como arte: a propriedade que as roupas têm de expressar algo. Pode ser um sentimento, uma mensagem, um posicionamento, além de muita beleza, claro. Entenda a seguir as escolhas que o diretor criativo fez para embalar essa apresentação surpreendente e envolvente, como uma boa história deve ser.
O papado é pop
Agora que a gente está versado em conclave — o assunto ainda está fresco na memória, não é? —, fica ainda mais interessante saber que Avignon, destino turístico na Provence, guarda um dos Patrimônios da Unesco, o imponente Palais des Papes. Esse foi o cenário da apresentação: o local serviu como residência a sete papas. Os convidados assistiram ao desfile de 45 looks em cadeiras de estética gótica, que conversam com o cenário e também com um período presente na coleção, a Idade Média.
Moda e arte
Nesta coleção, Ghesquière investiga a roupa como expressão artística: sua capacidade de contar uma história, de provocar um sentimento, além do valor estético e artístico. “As roupas têm o poder, como todos sabemos por experiência própria, de transformar o humor, a aparência e o caráter: desempenham um papel coadjuvante essencial”, declara a marca. E não é mesmo assim? A escolha do Cour d’honneur do Palais des Papes, local de tantas encenações culturais, estabelece uma conversa imediata com o tema. Afinal, desde os anos 1940, Avignon abriga um festival anual de teatro. Daí a ideia de mostrar a coleção com convidados no palco do teatro ao ar livre, subvertendo a ordem comum de uma apresentação. A ideia também faz uma relação com os diferentes papeis que assumimos, ou mesmo a nossa capacidade de escapar da realidade.
Medieval rock’n’roll
Misturar referências é algo que Ghesquière faz com excelência e aparente facilidade, o que torna cada peça fascinante. São cores e texturas, estampas e materiais, estéticas e períodos históricos reunidos no mesmo mood board. O resultado é um look rico em ideias e também repertório, assim como em trabalho manual. Para a coleção Cruise 2026, as mulheres Louis Vuitton parecem saídas de contos de fadas medievais muito singulares: com “armaduras para o dia a dia”, elas são as guerreiras mas também as donzelas; encarnam freiras de vestes austeras ao mesmo tempo em que protagonizam histórias nas quais vestem looks fluidos e multicoloridos, com estampas que imitam as de afrescos. Nos pés brilham as botas sem salto, hiperdecoradas, com os dedos aparentes.
Presenças marcantes
Na passarela, as brasileiras fizeram bonito: a baiana Larissa Moraes e a gaúcha Gabriela Nied estavam no casting do desfile, assim como Samile, uma das favoritas do diretor criativo. Na plateia, nomes da política — Brigitte Macron —, do cinema — Cate Blanchett e Emma Stone e da música — Zaho de Sagazan e Pharell, que assina a coleção masculina da maison.
Com Antonia Petta e Milene Chaves
Donata Meirelles é consultora de estilo e atua há 30 anos no mundo da moda e do lifestyle.
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