O.J. Simpson, o ex-astro do futebol americano da NFL e absolvido em 1995 no chamado “julgamento do século” pelos assassinatos brutais de sua ex-esposa e de um amigo, morreu aos 76 anos na quarta-feira (10). A família do ex-jogador fez o anuncio do falecimento nesta quinta.

O. J. Simpson na Corte Superior, em Los Angeles (EUA), 8 de dezembro de 1994 – Foto: Pool/AFP/ND
Orenthal James Simpson morreu vítima de um câncer, informou a família. Ele estava junto dos filhos e netos.
Simpson era um ídolo do futebol americano, adorado por várias torcidas, mas foi o principal suspeito do assassinato brutal de Nicole Brown Simpson e Ron Goldman em 1994, em Los Angeles.
Caçada a O.J. Simpson
Pela TV, milhões de pessoas acompanharam pela televisão a caçada policial para prender O.J. Nos tribunais, o “julgamento do século” teve como personagens advogados famosos, alegações de racismo e muita polêmica com o veredicto final.
Ele foi absolvido do crime em outubro de 1995, após um julgamento de nove meses. O advogado de defesa era Robert Kardashian, pai da celebridade Kim Kardashian.
O resultado do júri revoltou boa parte das pessoas que acompanhavam os desdobramentos do crime. Um dos argumentos foi se o par de luvas usado na morte de Nicole e Ron realmente cabia nas mãos do ex-atleta.
História
Simpson nasceu em 9 de julho de 1947 em San Francisco. Seu pai abandonou a família quando ele tinha cinco anos de idade, deixando-o sob os cuidados da mãe em um lar muito pobre. Suas pernas foram deformadas por raquitismo devido à falta de vitaminas e cálcio.
Sem dinheiro para pagar uma operação, sua mãe o obrigou a usar aparelhos ortopédicos grosseiros e a calçar sapatos nos pés opostos para fortalecer as pernas.
O método funcionou tão bem que ele conseguia correr 100 jardas (91,4 m) em 9,9 segundos. Ele chegou à NFL, onde ganhou o Troféu Heisman em 1968 e, em 1973, o prêmio de Jogador Mais Valioso. Em 1985, ele foi incluído no Hall da Fama da NFL.
O.J. Simpson era considerado um ícone esportivo nos Estados Unidos. Ele fez filmes e comerciais, onde suas aparições fazendo propaganda de suco de laranja até aluguel de carros o tornaram um dos rostos mais conhecidos do país.

O.J. em famosa publicidade para a Hertz – Foto: Alden Jewell/Arquivo Pessoal/ND
Seu trabalho com a Hertz, no qual ele aparecia correndo pelos aeroportos em um terno de três peças, tornou-se parte da cultura pop do país.
Todo esse sucesso chegou a um fim abrupto em 12 de junho de 1994, quando Brown Simpson, 35 anos, e Goldman, 25 anos, foram encontrados mortos a facadas do lado de fora de sua casa.
O júri o considerou inocente, embora mais tarde ele tenha sido considerado culpado em um tribunal civil e condenado a pagar US$ 33,5 milhões (R$ 170 milhões na cotação atual) em indenizações, uma conta que ele nunca pagou.
Simpson não conseguiu evitar a prisão quando foi detido em Las Vegas em 2007 por sequestro e assalto à mão armada a dois colecionadores de objetos esportivos. Ele passou nove anos na prisão e foi libertado em 2017.

Simpson fichado ao ser preso em 1994 – Foto: Police/Reprodução/ND
Caso ganhou as telas
Durante esse período, o fascínio por sua figura não diminuiu totalmente. “O.J.: Made in America”, um trabalho de quase oito horas sobre o julgamento de seu assassinato, ganhou o Oscar de melhor documentário em 2017.
E “The People v. O.J. Simpson: American Crime Story”, uma minissérie de TV estrelada por Cuba Gooding Jr como o ex-astro, ganhou vários prêmios Emmy em 2016.
Em 9 de fevereiro deste ano, Simpson publicou um vídeo no X negando relatos de que estava recebendo cuidados paliativos.
Ao transmitir do banco do motorista de um carro, ele disse: “Você está falando de um centro de cuidados paliativos?!” “Não, não estou em nenhum centro”, disse ele, rindo.
Hospice??? pic.twitter.com/OXLzs9jWO6
— O.J. Simpson (@TheRealOJ32) February 9, 2024