Seu Parceiro É Seu Melhor Amigo?

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Em um estudo de abril de 2025, publicado no Journal of Social and Personal Relationships, pesquisadores pediram a 940 adultos em relacionamentos românticos que nomeassem seus sete amigos mais próximos. No entanto, deixaram uma questão propositalmente vaga: se os participantes podiam ou não incluir seus parceiros românticos. A decisão de considerar ou não o parceiro como amigo ficou inteiramente a critério de cada pessoa.

No total, apenas 36% escolheram incluir o parceiro na lista, e, dentro desse grupo, somente 39% o nomearam como melhor amigo. Isso representa cerca de 14% do total da amostra.

Esse dado convida à reflexão: se você está em um relacionamento, você incluiria seu parceiro como amigo, ou até mesmo como melhor amigo, sem ser orientado a fazer isso? Segundo o estudo, há dois motivos principais pelos quais essa escolha pode ser mais significativa do que você imagina:

1. O amor platônico promove maior prazer compartilhado

Amar seu parceiro é (espera-se) um dado. Mas, embora possamos presumir que todos os casais se amam, o mesmo não pode ser dito com tanta certeza sobre realmente gostarem um do outro. E, de acordo com o estudo de 2025, esses casais, que têm química romântica, mas não platônica, podem estar em desvantagem sem nem perceber.

O estudo descobriu que os participantes que consideravam seus parceiros como bons amigos relataram níveis muito mais altos de proximidade na relação. E esse não é um achado isolado. Um estudo de 2012, também publicado no Journal of Social and Personal Relationships, destaca que a amizade é um forte preditor de amor, compromisso e satisfação relacional e sexual.

Em resumo, a amizade pode ser o que diferencia um relacionamento que apenas funciona de um que realmente floresce. Mas, infelizmente, muitos dos que estão na categoria do “funciona” provavelmente nem percebem isso.

Por exemplo, alguns casais enlouquecem com as rotinas mundanas do dia a dia (como tarefas domésticas ou idas ao mercado). Já os casais que são amigos antes de amantes costumam ver essas situações como oportunidades de se divertir com seu melhor amigo. Para eles, a banalidade das tarefas perde importância diante do prazer de estarem juntos, a tarefa em si é ofuscada pelo fato de que estão fazendo aquilo com a pessoa favorita.

De muitas formas, casais que valorizam um ao outro como parceiros, mas não como amigos, perdem oportunidades preciosas de transformar momentos triviais em experiências alegres. Todos os elementos de uma amizade forte, como hobbies em comum, piadas internas, ombro amigo ou um companheiro para passeios, não devem ser negligenciados só porque a relação evoluiu para algo romântico.

Na verdade, são justamente esses fatores que podem elevar um relacionamento bom a um relacionamento verdadeiramente excelente.

2. O amor platônico adiciona uma camada de compromisso voluntário

Além da maior proximidade emocional, o estudo de 2025 também descobriu que parceiros que se veem como amigos relataram níveis significativamente mais altos de companheirismo. Provavelmente, esse senso valioso de parceria vem da natureza altamente voluntária da amizade.

Muitas narrativas sobre relacionamentos retratam o amor como algo incondicional. Mas isso não se aplica às amizades; elas são mantidas puramente por escolha.

Quando alguém escolhe ser nosso amigo, sabemos que essa decisão se baseia em critérios específicos, como gentileza, atenção ou senso de humor. Em resumo, nosso valor como amigo está sempre sendo considerado.

Nos relacionamentos românticos, por outro lado, existe a ideia persistente de que os parceiros devem se amar sempre, aconteça o que acontecer. Isso implica aceitar tanto os lados bons quanto os ruins do outro como parte do “pacote”. Não há incentivo para buscar mais (ou menos) razões para amar, porque, supostamente, isso não mudaria nada.

Já as amizades exigem outro tipo de esforço e comprometimento. Ao contrário dos relacionamentos românticos, não existe uma regra que diga que você precisa continuar amando seu amigo, não importa o que aconteça. Para que uma amizade funcione, duas pessoas precisam continuar encontrando razões para se amar, e para querer fazer parte da vida uma da outra.

Essa ideia também é respaldada por pesquisas sobre bem-estar. Em uma análise em larga escala de dados do Reino Unido, um estudo de 2017 publicado no Journal of Happiness Studies descobriu que, embora o casamento por si só esteja associado a maior satisfação com a vida, os benefícios dobram para pessoas que consideram seus cônjuges como seus melhores amigos.

Ou seja, a qualidade emocional de um relacionamento não depende apenas da parceria romântica em si, mas provavelmente do companheirismo e da amizade que a sustentam.

Nesse sentido, a amizade dentro do relacionamento adiciona uma camada a mais de comprometimento. Manter o amor platônico e o romântico ao mesmo tempo exige a escolha ativa de continuar enxergando o melhor no outro, o valor que ambos têm como confidentes e como amantes.

Isso contraria a ideia de que parceiros devem se amar apenas porque “é o certo”. Em vez disso, eles se amam pelo que são um para o outro: aliados de confiança, companheiros escolhidos e fontes constantes de alegria e conforto.

 

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