Eles estavam lá antes da onda de memes, antes dos cortes verticais e dos reels dublados. Estavam lá antes da inteligência artificial, dos grupos de WhatsApp, dos influenciadores políticos e dos painéis de engajamento. Estavam lá com uma pasta de releases, uma lista de contatos e o faro de quem sabe que notícia não é só o que acontece, mas o que pode ser contado do jeito certo, no lugar certo.
Ainda estão. E seguem sendo decisivos.
Na última sexta-feira, uma cena da novela Vale Tudo colocou o Brasil inteiro para falar sobre pensão alimentícia. A personagem Lucimar, interpretada por Ingrid Gaigher, confronta o ex-companheiro Vasco após oito anos sem receber o que é de direito. Bastaram poucos minutos de exibição para que o aplicativo da Defensoria Pública batesse 4.560 acessos por minuto. Em uma hora, 270 mil pessoas. Um aumento de 300%.
Esse é o tipo de coisa que, se fosse planejada por uma equipe de comunicação, sairia caríssimo e ainda assim talvez não funcionasse com tanta força. Porque há algo na televisão que conecta. Algo no roteiro bem escrito, na cena bem feita, na dramaturgia. E é aí que está o ponto: não se trata de nostalgia nem de resistência ao novo. É preciso reconhecer que nenhuma estratégia de comunicação pode ignorar as várias frentes que existem hoje.
Quem faz comunicação política e esquece da imprensa tradicional está se sabotando. Quem está em mandato e não dialoga com os veículos, jornalistas, colunistas e programas está falando pra dentro. A eleição passada mostrou isso com clareza. Em centenas de municípios, o que fez diferença não foi só o conteúdo no Instagram, mas o espaço no rádio, a entrevista na TV local, a nota bem colocada na coluna certa, a coletiva que virou manchete.
E para isso ainda é preciso alguém que saiba o que vale notícia. Que saiba sugerir sem forçar, argumentar sem bajular, distribuir sem parecer panfleto. Esse alguém tem nome: assessor de imprensa.
Enquanto debatemos se o algoritmo entregou bem o post das nove da manhã, tem assessor garantindo que a entrevista vá ao ar no jornal do meio-dia e vire assunto na cidade toda. Enquanto falamos de impulsionamento, tem gente cavando espaço espontâneo, aquele que chega com mais força porque vem embalado como notícia.
A comunicação política hoje é feita de dados, segmentação, narrativas, canais diversos e monitoramento. Mas também é feita, e sempre será, de boas histórias bem contadas nos lugares certos. E disso o bom assessor entende como poucos.
Não é sobre escolher entre uma frente ou outra. É sobre saber que todas contam.