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O Google, da Alphabet, inicia sua conferência anual de desenvolvedores nesta terça-feira (20) com uma enxurrada de anúncios que devem mostrar seu grande investimento em inteligência artificial, ao mesmo tempo em que procura afastar as preocupações dos investidores sobre o futuro de seus negócios.
A conferência I/O, em Mountain View, no Estado norte-americano da Califórnia, adotou um tom de urgência crescente desde que o surgimento da IA generativa se tornou uma nova ameaça ao Google.
Nos últimos meses, a empresa se tornou mais agressiva ao afirmar que alcançou os concorrentes, depois de parecer desanimada com o lançamento do ChatGPT pela OpenAI.
Os principais executivos da Alphabet, incluindo o presidente-executivo, Sundar Pichai, citam com frequência a posição de liderança da empresa com os modelos de IA Gemini, à frente dos principais concorrentes, incluindo OpenAI e Meta.
Agora, com o amadurecimento do uso de chatbots de IA pelos usuários, os investidores estão interessados em saber quão inclinado está o Google em renovar sua linha de negócios de publicidade em resultados de busca, que foi responsável pela maior parte da receita de US$350 bilhões da empresa em 2024.
No início deste mês, as ações da Alphabet perderam US$150 bilhões em valor de mercado em um dia, depois que um executivo da Apple testemunhou, durante um dos processos antitruste do Google, que as ofertas de IA haviam causado, pela primeira vez, um declínio nas pesquisas no navegador Safari da Apple.
Por sua vez, alguns analistas reavaliaram a forma de medir a participação dominante do Google no mercado de buscas, que há anos gira em torno de 90% segundo as métricas tradicionais.
Uma nota de um analista da Bernstein neste mês colocou o número em 65% a 70% ao contabilizar o uso de chatbots de IA. Analistas do Wells Fargo estimaram que a participação de mercado do Google poderia cair para menos de 50% em cinco anos.
Os analistas apontaram para uma mudança comportamental que está atraindo os usuários para os chatbots de IA em vez de mecanismos de busca tradicionais.
A posição de mercado do Google pode ser ainda mais abalada pelo resultado de processos judiciais, em particular um par de ações antitruste movidas pelo Departamento de Justiça dos EUA, que está buscando a venda forçada de partes da Alphabet, incluindo o navegador Chrome.
IA é responsável pela maior parte dos US$ 75 bilhões (R$ 425 bilhões na cotação atual) de investimento da Alphabet previsto para este ano, um aumento dramático em relação aos US$ 52,5 bilhões (R$ 297,5 bilhões) desembolsados em 2024. Em abril, o presidente-executivo, Sundar Pichai, reiterou esses planos de investimento.
O Google injetou mais IA em seu mecanismo de pesquisa principal nos últimos dois anos, principalmente por meio de visões gerais de IA, resumos de IA generativos que estão aparecendo cada vez mais sobre os hiperlinks tradicionais para páginas da Web relevantes, e o AI Mode, uma versão experimental que aproveita a IA de forma mais intensa para responder a consultas complexas.
Os anúncios desta terça-feira provavelmente incluirão mais novidades da empresa em buscas, bem como o esforço do Google para fornecer um “agente universal de IA”.
Na conferência do ano passado, a empresa apresentou o Project Astra, um protótipo de ferramenta que pode conversar com os usuários sobre qualquer coisa capturada pela câmera do smartphone em tempo real.
A empresa começou a experimentar a inserção de anúncios em conteúdo gerado por IA em maio passado, embora tenha evitado mudanças radicais.
Enquanto isso, o Google está desenvolvendo outros fluxos de receita para monetizar a IA. Na semana passada, a empresa disse à Reuters que seu serviço por assinatura Google One ultrapassou 150 milhões de clientes, com a ajuda de “milhões” de usuários que optaram pelo plano de US$ 19,99 (R$ 113,2) por mês que permite acesso a recursos de IA indisponíveis para a maioria dos usuários gratuitos.
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