30 bilhões por mês é o quanto é gasto, por mês, em casas de apostas no Brasil.
Sim, é isso mesmo. Dados do Banco Central revelam que, somente no primeiro trimestre de 2025, 30 bilhões de reais mensais foram gastos pelos brasileiros nos sites de apostas online .
Se continuarmos nesse ritmo, chegaremos aos incríveis 360 bilhões até o final de 2025. Só para você ter uma noção do quanto isso gigantesco, o orçamento do Ministério da Educação aprovado para 2025 é de 226 bilhões de reais.
É um Ministério da Educação e meio por ano só de apostas online no Brasil. Se tem uma conta que nunca vai fechar é essa.
Como o assunto do momento é a CPI das Bets e a relação de realeza que a Virginia criou com os senadores federais, os tratando como meros bobos da Côrte em âmbito nacional, não há como negar o impacto disso tudo no ambiente profissional.
Uma pesquisa feita em agosto pelo Instituto Locomotiva com mais de 2 mil pessoas mostra, por exemplo, que 86% dos usuários de bets estão endividados.
Além disso, 37% deles possuem dois ou mais cartões de crédito. Para quem aposta, a sensação não é de alívio ou de esperança, mas sim de sentimentos negativos como ansiedade (41% dos respondentes), estresse (17%) ou culpa (9%).
Na própria seção dessa CPI, foi apontado que o consumo de alimentos caiu em função dos gastos em apostas online. 2 em cada 10 pessoas já assumem deixar de comprar comida pois usam o seu dinheiro para apostar.
E se você for parar pensar, é um negócio extremamente lucrativo: você aposta usando o seu PIX, não há qualquer risco de inadimplência para a banca e, caso você perca, nada daquele valor retornará e, claro, a casa ganhará muito dinheiro. E sabe o que poderia ser feito com esse dinheiro de apostas?
Pagar o aluguel; as compras do mês; a mensalidade das crianças; o remédio do filho mais novo; o material escolar; o IPVA e tudo que é mil vezes mais relevante que isso.
O impacto: são todos aqueles sentimentos negativos citado anteriormente.
Uma equação que impacta na moral da pessoa e, para a empresa, um desgaste que gera prejuízo no próprio desempenho do profissional. Esse desenrolar não afeta apenas o faturamento da empresa, mas principalmente, a saúde mental das pessoas.
Um levantamento da It’sSeg, da Acrisure, aponta que 30% das companhias brasileiras já se preocupam com a influência das apostas no ambiente corporativo.
Se de um lado, as casas de apostas ganham milhões em cima dos códigos pré-definidos para você perder dinheiro, de outro, o governo mal se esforça em regularizar a operação, mesmo depois de impor 15% sobre os rendimentos das apostas, o que é menos do que o álcool, o cigarro e outros princípios viciantes já reconhecidos.
Inclusive, vale lembrar ainda que desde 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhece o vício em jogos de azar (também chamado de “ludopatia”) como uma doença.
A Virginia fez o que fez de forma estratégica e muito bem assessorada. Toda a sua fama é baseada no único fato de ela ser famosa. Particularmente, seus produtos são apenas fatores de fachadas para justificar uma ascensão financeira baseada nos problemas sociais causados pelas casas de apostas. E não há nada que me faz pensar o contrário.
E sim, ela é apenas uma dos inúmeros influenciadores e famosos que são pagos para publicarem campanhas de apostas. Não é de hoje e não é um caso isolado.
Apesar de não ser ilegal, é imoral. É antiético e completamente prejudicial – inclusive para a base dela de seguidores. Mas não importa: o publi após a CPI é mais importante e é disso que ela vive, segundo a própria. Se as pessoas não sabem usar o próprio discernimento para se divertirem, então não é problema dela.
Há um novo desafio para as empresas lidarem na mesa e isso não pode depender de CPI alguma para ser resolvido: o vício das apostas já está no meio corporativo e o aplicativo de yoga não será o suficiente para resolver esse problema.
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