Leão XIV inicia seu ministério: “É a hora do amor! Olhem para Cristo”

Diante das 150 mil pessoas reunidas na Praça São Pedro, Papa frisou que será servo da fé e da alegria; também reafirmou desejo de uma Igreja unida

Da redação, com Vatican News

Foto: Michael Kappeler/dpa via Reuters

O Papa Leão XIV presidiu à Santa Missa de início do seu ministério petrino na Praça São Pedro. O local estava lotada de fiéis e autoridades civis e religiosas. Antes da cerimônia, o Pontífice passou de papamóvel, pela primeira vez, por entre as 150 mil pessoas presentes, que se aglomeram também na “Via della Conciliazione”, que dá acesso à praça.

A solene cerimônia teve início dentro da Basílica Vaticana, em oração diante do túmulo do Apóstolo São Pedro, junto com os Patriarcas das Igrejas Orientais. De lá, o Evangeliário, o Pálio e o Anel do Pescador foram levados em procissão para o Altar no adro da Praça São Pedro, enquanto o coro entoava a ladainha de todos os santos.

Após a proclamação do Evangelho, três cardeais das três ordens (diáconos, presbíteros e bispos) aproximaram-se de Leão XIV para o momento das insígnias episcopais “petrinas”: o Cardeal Mario Zenari impôs-lhe o Pálio e o Cardeal Luis Antonio Tagle entregou-lhe o Anel do Pescador. Este foi um dos momentos em que o Papa conteve a emoção. A cerimônia prosseguiu com o rito simbólico de “obediência”, prestado ao Papa por doze representantes de todas as categorias do Povo de Deus, provenientes de várias partes do mundo, entre eles, o cardeal brasileiro, Jaime Spengler. Na sequência, o Pontífice pronunciou a sua homilia.

“Fui escolhido sem qualquer mérito”

Leão XIV saudou a todos “com o coração cheio de gratidão” e uma das frases mais célebres de Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Vós, [Senhor,] e o nosso coração está inquieto enquanto não repousar em Vós” (Confissões, 1,1.1). O Santo Padre recordou os últimos dias, vividos de maneira intensa com a morte do Papa Francisco, que deixou todos os fiéis “como ovelhas sem pastor”. “À luz da ressurreição, enfrentamos este momento e o Colégio Cardinalício reuniu-se para o Conclave para eleger o novo sucessor de Pedro, chamado a guardar o rico patrimônio da fé cristã e, ao mesmo tempo, ir ao encontro das interrogações, das inquietações e dos desafios de hoje”.

“Fui escolhido sem qualquer mérito e, com temor e tremor, venho até vocês como um irmão que deseja fazer-se servo da fé e da alegria, percorrendo com vocês o caminho do amor de Deus, que nos quer a todos unidos numa única família”, afirmou

Nunca ceder à tentação de ser um líder solitário e acima dos outros

O Papa ressaltou as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro: amor e unidade. “Jesus recebeu do Pai a missão de ‘pescar’ a humanidade para salvá-la das águas do mal e da morte. Esta missão permanece ainda hoje, de lançar sempre e novamente a rede e navegar no mar da vida para que todos se possam reencontrar no abraço de Deus”, refletiu.

Essa tarefa é possível, constatou o Santo Padre, porque Pedro experimentou na própria vida o amor infinito e incondicional de Deus, mesmo na hora do fracasso e da negação. A Pedro, portanto, Leão XIV explicou que foi confiada a tarefa de “amar mais” e dar a sua vida pelo rebanho.

“O ministério de Pedro é marcado precisamente por este amor oblativo, porque a Igreja de Roma preside na caridade e a sua verdadeira autoridade é a caridade de Cristo. Não se trata nunca de capturar os outros com a prepotência, com a propaganda religiosa ou com os meios do poder, mas se trata sempre e apenas de amar como fez Jesus”, disse.

Para isso, o Santo Padre frisou que Pedro e seus sucessores devem apascentar o rebanho sem nunca ceder à tentação de ser um líder solitário ou um chefe colocado acima dos outros, tornando-se dominador das pessoas que lhe foram confiadas pelo contrário, deve servir a fé dos irmãos, caminhando com eles.

“Irmãos e irmãs, gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”.

Olhar para Cristo!

No tempo atual, acrescentou Leão XIV, é possível notar a discórdia, feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres.

“E nós queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade. Queremos dizer ao mundo, com humildade e alegria: Olhem para Cristo! Aproximem-se Dele! Acolham a sua Palavra que ilumina e consola! Escutem a sua proposta de amor para se tornar a sua única família. No único Cristo somos um.”

O Papa enfatizou que este deve ser o espírito missionário que deve animar a Igreja, sem que os fiéis se fechem em pequenos grupos, nem se sintam superiores ao mundo.

“Irmãos, irmãs, esta é a hora do amor!”, concluiu o Pontífice, exortando a construir uma Igreja missionária, que abre os braços ao mundo e anuncia a Palavra. “Juntos, como único povo, todos irmãos, caminhemos ao encontro de Deus e amemo-nos uns aos outros.”

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