O prefácio que Lucas Pimenta não pediu

Por Marcello Natale

O Lucas Pimenta começa seu livro dizendo que ninguém quis prefaciar. Que ele até convidou o Pablo Marçal. Eu não sou o Pablo Marçal, mas tomei a liberdade de escrever esse texto aqui. Porque apesar de não termos combinado nada, eu entendi o que ele está tentando fazer.

E entendi porque, mesmo eu que vivo dizendo que a intimidade é mais importante que a atenção, aprendi com ele que sem atenção não dá nem para começar a tratar do resto. E é exatamente disso que esse livro fala.

Compre Votos tem um título incômodo, mas tem uma proposta séria. É um livro sobre política, sim, mas mais ainda sobre disputa. E sobre a única coisa que realmente organiza o caos das redes, das campanhas e do jogo público: a atenção.

Atenção como base. Como matéria-prima. Como o que separa a existência da irrelevância.

Lucas não está sugerindo que se compre votos com dinheiro, mas com atenção. O que ele mostra é que hoje, se você não tiver a atenção das pessoas, não tem argumento, não tem proposta, não tem valor que sobreviva. A atenção é o ingresso para qualquer conversa.

E o que ele faz aqui não é ensinar ninguém a manipular. É, antes, mostrar que a lógica do jogo mudou. Que os códigos são outros. E que a política que ainda acredita que o que importa é ter razão está sendo engolida por quem entendeu que o que importa primeiro é ser notado.

Neste livro, você vai encontrar bastidores de campanhas, vai encontrar coisas incríveis. Mas o mais incrível de tudo é encontrar o mais histriônico dos autores no mais técnico e bem embasado estudo da atenção que já vi escrito em português.

Lucas escreve com clareza, com coragem e com uma dose saudável de provocação. Ele quer te tirar do lugar confortável. E consegue.

Compre Votos não é um livro sobre trapaças. É um livro sobre urgência. E talvez, sobre salvação.

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