Silenciosa, crônica e muitas vezes negligenciada, a doença celíaca atinge o intestino, mas afeta o corpo inteiro. Essa condição autoimune hereditária faz com que o organismo reaja de forma agressiva ao glúten — proteína presente em cereais como trigo, centeio, cevada e malte. Para quem convive com o diagnóstico, o pão nosso de cada dia pode ser o início de um processo inflamatório devastador.
Embora estudos apontem que entre 0,5% e 1% da população nos Estados Unidos e Europa seja afetada, especialistas acreditam que o número real pode ser bem maior. O motivo? O subdiagnóstico é comum — e os sintomas, variados.
O que é o glúten e por que ele virou vilão?
O glúten é uma mistura de proteínas (gliadina e glutenina) que confere elasticidade às massas e estrutura a pães e bolos. Fora da cozinha, também está presente em alimentos industrializados, rações, cosméticos, adesivos e até na fabricação de aminoácidos como o glutamato monossódico.

Com a popularização das dietas sem glúten, o composto passou a ocupar o centro de debates sobre saúde e bem-estar. Mas, para celíacos, cortar o glúten não é uma escolha: é uma necessidade vital.
Quando o corpo se volta contra o intestino
Em pessoas geneticamente predispostas, a ingestão de glúten ativa uma resposta imunológica descontrolada. O alvo são as vilosidades intestinais — estruturas que revestem o intestino delgado e garantem a absorção de nutrientes. Com a destruição dessas estruturas, a nutrição se compromete.
Entre os sintomas mais frequentes estão:
- Diarreia crônica
- Fezes oleosas e claras (esteatorreia)
- Dores abdominais
- Perda de peso
- Anemia e osteoporose
- Dermatite herpetiforme (erupções cutâneas com bolhas)
- Distúrbios hormonais e infertilidade
Em casos graves, a doença pode afetar o crescimento de crianças, comprometer a visão e até causar alterações nos dentes.
Duodeno: o primeiro alvo
O primeiro trecho do intestino delgado, o duodeno, é onde tudo começa. É ali que o alimento digerido se mistura a enzimas e bile para continuar o processo digestivo e iniciar a absorção de ferro, cálcio e outras substâncias essenciais. A inflamação causada pela doença celíaca prejudica diretamente essa função — o que explica as deficiências vitamínicas que tantos pacientes enfrentam.
Sintomas camaleônicos e diagnóstico difícil
Nem sempre a doença se apresenta com sintomas gastrointestinais. Em muitos casos, os sinais são discretos ou atípicos: fadiga crônica, depressão, irritabilidade, abortos espontâneos ou infertilidade. Em crianças, a doença pode surgir logo após a introdução de alimentos com glúten. Em adultos, o diagnóstico costuma vir tardiamente, após eventos gatilho como cirurgias, partos ou estresse intenso.
A doença é frequentemente confundida com condições como síndrome do intestino irritável, doença de Crohn ou hepatites autoimunes.
O diagnóstico envolve exames de sangue para detectar autoanticorpos (anti-transglutaminase tecidual e anti-endomísio) e uma endoscopia com biópsia do intestino delgado. A análise microscópica revela o achatamento das vilosidades e a presença de células inflamatórias típicas.
Muito além da digestão: complicações graves
Sem tratamento, a doença celíaca pode abrir caminho para enfermidades mais sérias:
- Câncer intestinal (adenocarcinoma ou linfoma)
- Osteoporose severa
- Doenças autoimunes associadas, como diabetes tipo 1 e doenças da tireoide
- Problemas na gravidez, com maior risco de anomalias congênitas nos bebês
Além disso, aditivos como a transglutaminase microbiana, usada na indústria alimentícia, podem intensificar as reações autoimunes ao mimetizar enzimas humanas.
Único remédio é a exclusão total
O único tratamento conhecido para a doença celíaca é a retirada total do glúten da alimentação. E por toda a vida.
Com a dieta restritiva, o intestino costuma se regenerar. Em crianças, o processo pode levar de seis meses a um ano. Em adultos, pode demorar até dois anos. Casos raros e graves, em que o intestino não se recupera mesmo com a dieta, exigem suplementação intravenosa ou medicamentos imunossupressores.
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