Botuverá e os 150 anos da grande imigração italiana

Dentre as cidades desmembradas de Brusque, em 1962 teve origem Botuverá.Chamada de Porto Franco no princípio, os primeiros imigrantes chegaram em maio de 1876. De acordo com a Prefeitura de Botuverá, o núcleo urbano foi fundado por um grupo de famílias de camponeses católicos, que, em sua maioria, emigrou de várias aldeias da Província de Bergamo, região da Lombardia, Itália Setentrional, e que viajaram juntas para a nova terra, embarcadas no mesmo navio. A cidade também recebeu imigrantes de outras etnias, entre eles os trentinos e poloneses.

O nome Porto Franco guarda relação com a chegada dos primeiros imigrantes que escolheram a desembocadura do ribeirão Porto Franco, afluente do Itajaí-Mirim para ancorar suas balsas e canoas. Tendo saído para explorar a mata e conhecer o lote de terras que lhes caberia, houve um temporal com grande volume de chuva que resultou numa enchente. Muito preocupados com suas canoas e balsas, pois estas eram o seu único meio de transporte, os imigrantes voltaram ao ancoradouro assim que puderam, e foram surpreendidos por ainda encontrar as suas embarcações no mesmo local onde as haviam deixado amarradas. Canoas e balsas giravam com segurança por sobre as águas da enchente e por isso os italianos passaram a denominar o ancoradouro de “Porto Franco”, que significa Porto Seguro. O nome Porto Franco foi alterado para Botuverá em 1943 e, na língua Tupi-Guarani, significa bons brilhantes, pedra preciosa, ou montanhas brilhantes.

Do ponto de vista econômico, Botuverá viveu momentos distintos ao longo de sua história. A primeira fase, que data de sua fundação até a década de 1950, caracterizou-se pela agricultura de subsistência, exploração de madeira e ouro de lavagem. A segunda fase durou até a década de 1980, e se caracterizou pela agricultura comercial do fumo, sendo que algumas estufas ainda podem ser avistadas pelo interior da cidade, lembrando os tempos de trabalho duro na colônia, em que a família toda se reunia para colher as folhas de fumo, dependurá-las em varas que eram colocadas para secar nas estufas para, finalmente, vender a produção, normalmente para a empresa Souza Cruz.

A terceira fase, bem recente, caracterizou-se pelo início e também fortalecimento do segmento industrial, especialmente o setor têxtil, com a indústria de fios de algodão e fiação. A indústria de mineração, principalmente na comercialização do calcário para corretivo de solo, e da industrialização da pedra calcária para fins comerciais também está em franco desenvolvimento, e com isso a base econômica de Botuverá passou a ser a indústria.

Em relação aos aspectos culturais que contribuem para a preservação da identidade italiana, encontramos alguns elementos ativos no município, entre eles a Festa Bergamasca. Também merece destaque a Associação Italiana Coral São José de Botuverá, à qual está vinculado o Coral Giuseppe Verdì, que busca preservar a tradição coral deixada pelos primeiros imigrantes, conhecidos como “I Vèc Cantùr” (Os velhos cantores). A cidade também conta com o Circolo Bergamasco Botuverá (Circolo dei Bergamaschi di Botuverà).

Mesmo passadas várias gerações, os bergamascos de Botuverá têm a particularidade de manter vivas as principais tradições culturais de sua região de origem com as do Brasil, a verdadeira pátria de todos os emigrados. E, muito importante: conservar ainda hoje o dialeto local que com as típicas influências de outros dialetos minoritários e da língua portuguesa resulta no bergamasco que se fala em Botuverá, este ainda com típicas variações de pessoa para pessoa, de família para família, de localidade para localidade, mas decodificado por várias adaptações necessárias, passa a ser a “língua oficial” da comuna botuveraense.

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