Enquanto refugiados sul-sudaneses lutam contra o trauma e a escassez de ajuda, uma irmã católica de uma oferece cuidado holístico raro
Da redação, com Vatican News

Moradores de Uganda caminhando para buscar água / Foto: Jeff Ackley via Unsplash
A Irmã Linah Siabana, especialista em saúde mental das Irmãs Missionárias de Nossa Senhora de África, serve as comunidades deslocadas do Sudão do Sul na diocese de Arua, no Uganda. Faz parte da missão da sua congregação ser «uma presença de cura e consolação». Ela leva cuidados, educação e esperança a alguns dos refugiados mais negligenciados do mundo. Nos últimos cinco anos, a Irmã Linah tem trabalhado em povoações perto da fronteira com o Sudão do Sul, ajudando a reconstruir vidas desenraizadas pelo conflito.
Apoio insuficiente
O Uganda, onde vivem cerca de 1,7 milhões de refugiados, é elogiado pela sua política de portas abertas. No entanto, o subfinanciamento crônico, a superlotação e as mudanças de política por parte das agências humanitárias têm sobrecarregado o sistema. «As colônias aqui estão cheias de mulheres, crianças e idosos que perderam tudo», disse a Irmã Linah. Só no distrito de Adjumani vivem mais de 54 mil refugiados. «As famílias estão de rastos», declarou.
Ouvir primeiro
A Irmã Linah chegou em 2019. Em 2022, durante um ano, realizou uma avaliação das necessidades dos povoados de Maaji e Agojo, trabalhando com os líderes locais e aprendendo as línguas da região para compreender as dificuldades dos residentes. Descobriu traumas generalizados, educação interrompida e uma coexistência frágil entre os refugiados e as comunidades de acolhimento. Em resposta, obteve bolsas de estudo, iniciou cursos de formação profissional e organizou sessões de terapia.
“A assistência espiritual reconstrói a resiliência, ajuda os refugiados a elaborar a perda, a encontrar um objetivo e a reconectar-se com a esperança.”
Aos domingos, dirige serviços litúrgicos debaixo de uma árvore de manga para aqueles que não conseguem chegar a uma igreja. Quando as rações alimentares foram cortadas, a sua equipe distribuiu bens de emergência às famílias com crianças e aos idosos com deficiência.
Curar o invisível
Numa tenda escura, a Irmã Linah ajoelhou-se ao lado de uma mulher que não dormia há semanas. «Os pesadelos não acabam», sussurrou a refugiada. «Eles não estão apenas fugindo da guerra», afirmou a religiosa, «é o estresse diário da sobrevivência aqui».
Como responsável pela saúde mental da equipe, ela lida com as feridas emocionais causadas pelo abandono, pela fome e pelo isolamento. Uma recente mudança de política do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) excluiu alguns refugiados das listas de alimentos, piorando as condições. «Quando fornecemos bens como alimentos, as taxas de suicídio baixam. É muito simples», afirmou.
Trabalhando com o Refugee Welfare Council, a Ir. Linah identifica as famílias vulneráveis através de visitas domiliciares. «Estão gratas só por serem vistas», salientou. «Uma mulher idosa disse-me: “recorda que ainda sou um ser humano”».
Construir a paz e dar apoio na crise
As tensões persistem entre grupos étnicos e com as comunidades de acolhimento. «Não somos apenas agentes humanitários; somos mediadores», explicou Ir. Linah. A sua equipe promove a paz através do diálogo, mesmo que, por necessidade, exceda os recursos e as parcerias disponíveis.
Para além dos campos, a Ir. Linah orienta jovens religiosas no Vicariato de Adjumani, oferecendo workshops sobre saúde mental e formação espiritual. «As jovens religiosas desejam uma orientação, mas há escassez de conselheiros qualificados», salientou. Os desafios das viagens e as infraestruturas limitadas complicam o trabalho, mas ela continua empenhada: «cada encontro é um terreno sagrado, uma oportunidade para refletir o amor de Cristo».
Um apelo renovado
Para a Ir. Linah, a missão é pessoal. «Caminhamos com os refugiados e vemos Jesus no seu sofrimento», disse ela. «Os desafios, a fome, as lágrimas, reacendem o nosso objetivo: curar, consolar e reavivar a esperança». À medida que a atenção do mundo diminui, a sua mensagem continua a ser urgente: «não se trata de números. São mães, crianças, idosos, pessoas merecedoras de dignidade. Não podemos desviar o olhar».
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