Por Felipe Ribeiro, sócio da Evermonte Executive Search.
Ficar anos e anos numa mesma empresa foi, durante muito tempo, sinônimo de estabilidade, sucesso e credibilidade. Longos mandatos eram vistos como um selo de confiança. Mas o mundo mudou e com ele, a nossa percepção de carreira. Depois da pandemia, ficou claro que as regras não são mais as mesmas. E nem deveriam ser.
Segundo estudos recentes, o tempo médio de permanência dos CEOs das empresas do S&P 500 caiu cerca de 20% na última década, de 6 anos para 4,8 anos. CFOs, CTOs e CMOs também estão ficando menos de 5 anos em cada função. Em algumas áreas, como a financeira, a média é ainda menor: 3,5 anos.
E esse movimento vai muito além de uma questão de mercado.
Novo conceito de estabilidade
Durante décadas, estabilidade significou “tempo de casa”. Hoje, estabilidade pode significar capacidade de se reinventar. O que é valorizado não é apenas resistir anos na mesma cadeira, mas ter a habilidade de gerar impacto em ciclos mais curtos, com desafios variados.
As novas gerações de líderes amadureceram com outro mindset: enxergam a carreira como uma sequência de projetos de impacto, e não como uma linha reta até a aposentadoria. Isso não indica falta de compromisso — é outra forma de compromisso: com o desenvolvimento pessoal e com o impacto gerado.
Inversão da lógica empresarial
Estamos assistindo uma inversão da lógica empresarial. As organizações que antes esperavam lealdade precisam oferecer mais: propósito, bem-estar e novos desafios. Quando isso não acontece, os bons profissionais vão embora — e sem ressentimentos.
Burnout, alta pressão, desalinhamento de valores… Tudo isso encurta ciclos. E mais: normaliza a busca ativa por novos ambientes onde o trabalho continue a fazer sentido. E liberdade tem um preço: a coragem de se mover. De perceber que o ciclo em uma organização pode ter se encerrado. De buscar projetos que mantenham viva a paixão pelo que fazemos.
Sinal de maturidade
Assim, o fim dos longos mandatos não é sinal de instabilidade: é, sim, sinal de maturidade do mercado e dos profissionais. Mais do que medir estabilidade pelo tempo, devemos medir pelo impacto. Pelo legado que cada líder deixa, seja em três, cinco ou sete anos. Afinal, carreira é sobre movimento. É sobre estar onde faz sentido, enquanto faz sentido.
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