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Na última quinta-feira (08), Bill Gates reiterou publicamente que pretende doar quase toda a sua fortuna restante e encerrar as atividades da fundação que leva seu nome, criada em parceria com sua ex-esposa, Melinda French Gates, até o fim de 2045.
Impulsionados pela valorização das ações da Microsoft e pelos dividendos recebidos, Bill e Melinda já destinaram juntos US$ 60,2 bilhões (R$ 343,1 bilhões) à Fundação Gates desde sua criação, em 2000, o que ajudou a consolidar o casal como o segundo maior filantropo dos Estados Unidos. Mesmo com tamanha generosidade, eles ainda ocupam as posições de 13ª e 56ª pessoas mais ricas do mundo, com fortunas estimadas em US$ 113 bilhões (R$ 644,1 bilhões) e US$ 30,4 bilhões (R$ 173,3 bilhões), respectivamente.
Mas e se Bill e Melinda nunca tivessem descoberto a filantropia – e nunca tivessem vendido uma única ação da Microsoft? Segundo cálculos da Forbes, juntos eles valeriam US$ 1,5 trilhão (R$ 8,55 trilhões), e Bill provavelmente seria o primeiro trilionário do mundo, com uma fortuna de US$ 1,2 trilhão (R$ 6,84 trilhões), mesmo após o divórcio ocorrido em 2021.
Isso representa mais do que o triplo da fortuna de Elon Musk, o homem mais rico da história (patrimônio estimado em US$ 388 bilhões, ou R$ 2,21 trilhões, embora tenha atingido um pico de US$ 464 bilhões em dezembro). Melinda, por sua vez, teria um patrimônio estimado em US$ 300 bilhões (R$ 1,71 trilhão), considerando que teria recebido a mesma porcentagem estimada dos ativos do casal no divórcio, o que a tornaria a terceira pessoa mais rica do mundo, atrás apenas de Bill e Musk.
Cálculo
Pouco antes de abrir o capital da Microsoft em 1986, Bill possuía 11,2 milhões de ações da empresa, o que representava uma participação de 49%, avaliada em cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,14 bilhão) com base no preço do IPO. Se tivesse mantido todas essas ações pelas quatro décadas seguintes, ele e Melinda teriam hoje 3,2 bilhões de ações combinadas após desdobramentos, o que lhes garantiria uma participação de 43% na Microsoft, atualmente avaliada em US$ 1,4 trilhão (R$ 7,98 trilhões).
O casal também teria cerca de US$ 100 bilhões (R$ 570 bilhões) em caixa provenientes de dividendos líquidos de impostos, segundo estimativas da Forbes. Esse valor em dinheiro, sozinho, é maior do que o patrimônio total de todos os bilionários do mundo, exceto 18 dos mais de 3 mil listados.
Na realidade, Bill não manteve sua participação na Microsoft. Em vez disso, vendeu e doou ações ao longo do tempo. Hoje, sua fatia na empresa encolheu para aproximadamente 0,9%, avaliada em US$ 28 bilhões (R$ 159,6 bilhões), ou um quarto do seu patrimônio. Ele e seu escritório de investimentos, o Cascade Investments, diversificaram amplamente o que restou do portfólio após todas as doações e o divórcio.
Entre os maiores investimentos conhecidos de Gates estão a empresa de gerenciamento de resíduos Republic Services, a gigante dos tratores Deere & Co e a rede de hotéis Four Seasons. Já Melinda possui, segundo estimativas, 380 mil ações da Microsoft, avaliadas em apenas US$ 170 milhões (R$ 969 milhões), o que representa menos de 1% do seu patrimônio. Nenhum dos dois aparece nas declarações públicas da Microsoft à SEC desde que Bill deixou o conselho de administração em 2020, após ter se aposentado do cargo de CEO em 2008 para se dedicar à filantropia.
Filantropia é o motor
Claro que essa realidade alternativa, em que Bill e Melinda acumulam todas as ações da Microsoft, teria privado o mundo de muito do bem que foi feito. Por meio da Fundação Bill e Melinda Gates — rebatizada como Fundação Gates após a renúncia de Melinda ao cargo de copresidente em junho de 2024 — o casal já distribuiu cerca de US$ 47,7 bilhões (R$ 271,9 bilhões) a organizações de caridade voltadas para saúde e combate à pobreza. Esse valor só é superado pelo de Warren Buffett, que já doou cerca de US$ 62 bilhões (R$ 353,4 bilhões), principalmente por meio da Fundação Gates. Durante muito tempo acreditou-se que Buffett destinaria a maior parte de sua fortuna à Fundação Gates, mas, em uma carta enviada aos acionistas da Berkshire Hathaway em novembro de 2023, ele revelou que um fundo beneficente administrado por seus três filhos será o único beneficiário de sua herança. Em junho do mesmo ano, Buffett declarou ao Wall Street Journal que “a Fundação Gates não receberá dinheiro nenhum após a minha morte.”
Melinda também reformulou seus planos filantrópicos. Em 2022, destinou US$ 674 milhões (R$ 3,84 bilhões) para a criação de uma nova fundação, chamada Pivotal Philanthropies. Depois, em junho do ano passado, após comprometer-se a doar US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões) ao longo de três anos para apoiar os direitos de mulheres e meninas, ela anunciou que receberia mais US$ 12,5 bilhões (R$ 71,25 bilhões) para ações filantrópicas como parte do acordo de sua saída da presidência da Fundação Gates.
Tanto Bill quanto Melinda continuam firmes no compromisso com o Giving Pledge, iniciativa que fundaram junto com Buffett em 2010, com o objetivo de encorajar outras pessoas ricas a doarem pelo menos metade de sua fortuna em vida ou em testamento.
“Meus pais me mostraram o que é generosidade por meio do uso que faziam de seu tempo e de seus recursos,” escreveu Bill em sua carta do Giving Pledge. “Quando chegou a hora de decidir o que fazer com a fortuna que construí com a Microsoft, eu sabia que precisava seguir o exemplo deles. Decidi que a grande maioria do meu patrimônio seria destinada a ajudar o maior número de pessoas possível.”
Melinda acrescentou, em sua própria carta: “Reconheço o absurdo de tanta riqueza estar concentrada nas mãos de uma só pessoa, e acredito que a única coisa responsável a se fazer com uma fortuna desse tamanho é doá-la — da forma mais cuidadosa e impactante possível.”
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