
Desde as primeiras horas da manhã de sábado, 10, a comunidade brusquense começou a se reunir no complexo do Santuário de Azambuja para se despedir do padre Nélio Roberto Schwanke, sacerdote da Arquidiocese de Florianópolis e diretor administrativo do Hospital Arquidiocesano Cônsul Carlos Renaux, o Hospital Azambuja.
Antes da celebração da Santa Missa, o corpo do padre foi velado na sala em frente ao Teatro de Azambuja, onde uma multidão passou para prestar sua última homenagem. Familiares, amigos, colaboradores do hospital, autoridades civis e religiosas, além de muitos fiéis da comunidade, fizeram questão de demonstrar o carinho e o respeito por aquele que dedicou a vida ao serviço do próximo.

Memórias e gratidão
Às 14h, a Santa Missa foi presidida por Dom Wilson Tadeu Jönck, arcebispo metropolitano da Arquidiocese de Florianópolis, e concelebrada por Dom Onécimo Alberton, bispo auxiliar, e o pároco do Santuário de Azambuja, padre José Henrique Gazaniga, além de diversos padres da Arquidiocese. No altar, o clima era de oração e reverência; nos bancos, familiares, amigos, diretores do hospital, membros do corpo clínico, empresários, funcionários, provedores e autoridades civis e religiosas, todos unidos para prestar sua última homenagem ao sacerdote.

Um legado de fé e serviço
Além de sua missão sacerdotal, padre Nélio foi um gestor exemplar à frente do Hospital Azambuja, onde dedicou-se com firmeza e humanidade à saúde da comunidade. Sua capacidade de unir fé, caridade e administração deixou marcas profundas em todos que conviveram com ele. Durante a celebração, foram lembradas suas qualidades de liderança serena, seu cuidado com os mais necessitados e seu comprometimento com o bem comum. Em muitos olhos, a emoção transparecia – uma mistura de dor pela perda e gratidão pela vida dedicada ao serviço.
Em sua homilia, Dom Wilson destacou a entrega total de padre Nélio à missão sacerdotal, especialmente no cuidado com os enfermos através do trabalho no Hospital Azambuja.
“Padre Nélio viveu sua vida de padre em Brusque. Doou-se, e via isso como algo muito significativo. Falava disso com orgulho — de poder ter feito tudo que pôde pela Igreja, pelas pessoas e pelo hospital”, afirmou o arcebispo.

“Especificamente, sua vida foi dedicada ao Hospital Azambuja. Ele se entregou com tudo, aprendeu a administrá-lo, acertando e errando. Se hoje o hospital vive um momento de estabilidade em todos os sentidos, muito se deve à presença dele — uma presença de padre, firme naquilo em que acreditava, e isso foi muito importante”.
Dom Wilson também lembrou que o hospital nasceu como um gesto concreto da Igreja para cuidar dos doentes, missão que padre Nélio encarnou com fé e sensibilidade.
“Ele acreditava que valia a pena dedicar toda a vida aos doentes. Sabia o valor do cuidado no restabelecimento da saúde dos enfermos. Isso são as obras de caridade de que fala o Evangelho”.
Em um dos trechos mais tocantes da homilia, o arcebispo sublinhou uma das virtudes marcantes do sacerdote:
“Lembro talvez de sua principal característica: a sensibilidade diante da dor. Ele sempre esteve ao lado das famílias enlutadas, sempre disposto a acolher e a realizar sepultamentos. Essa também é uma obra de caridade, estar junto de quem sofre”.
Por fim, Dom Wilson reafirmou o sentido pascal da celebração: “Estamos aqui em uma missa de exéquias, mas queremos, acima de tudo, renovar nossa fé na ressurreição. A morte não é o fim. Que essa celebração nos ajude a retomar a fé que nos trouxe ao Santuário e que nos mantém diante de Deus, em oração”.

‘Liderança e caridade’
Entre os muitos que prestaram homenagens, o provedor do hospital, o empresário Ingo Fischer, relembrou a trajetória e a missão de Padre Nélio.
“Brusque se despede hoje de uma grande personalidade, um verdadeiro pilar da nossa comunidade. Tive a honra de conviver com ele por mais de 40 anos, período em que testemunhei sua incansável busca pelo bem coletivo e pelo fortalecimento da nossa instituição. Padre Nélio foi, ao longo de sua trajetória, um exemplo de dedicação, liderança e humanidade. Como administrador do Hospital de Azambuja, exerceu um papel fundamental, sendo uma verdadeira alavanca que nos ajudou, inúmeras vezes, a nos mantermos firmes diante dos desafios. Sua ausência será profundamente sentida, mas seu legado permanecerá vivo entre todos que tiveram a honra de conviver com ele. Que Deus o receba com todo o amor e paz que ele sempre nos transmitiu”.
O vice-provedor do hospital, o empresário Luciano Hang, fez um depoimento emocionado sobre a trajetória do sacerdote. “Quando recebi a notícia, fiquei muito triste. O padre Nélio era nossa base”, afirmou Hang. “Fomos convidados há muitos anos a fazer parte da diretoria, do conselho… e ele era o alicerce. Deixa um legado muito grande de credibilidade, de bom administrador”.
“O que ele fez pelo Hospital Azambuja fica para a história do município de Brusque e do nosso hospital. Tenho certeza de que ele vai embora, mas deixa nosso coração confortado por tudo que nos ensinou: ser justo, pregar a bondade e a generosidade. Vamos continuar por ele, fazendo de tudo para que esse hospital cresça cada vez mais para servir à nossa comunidade”, completou.

Hang ainda recordou uma das frases marcantes do padre: “A única porta que não fecha é a do Hospital Azambuja”.
O empresário Osmar Crespi, que também integra a diretoria do hospital, ressaltou que a partida de Padre Nélio é uma grande perda para Brusque e região. “Hoje é um momento de despedida. Padre Nélio foi uma pessoa muito importante, que deixa um legado enorme. Ele esteve à frente do hospital por mais de 40 anos. Sempre vimos o trabalho e a dedicação que ele teve. Hoje o hospital é referência em Santa Catarina graças ao empenho dele. Vai fazer muita falta como amigo e como diretor”, destacou.
Marcílio Cesar Ghislandi compartilhou sua convivência de mais de quatro décadas com o padre. “Foram 41 anos de amizade e trabalho juntos. Fui aluno dele no seminário e um ano depois de ele assumir a direção do hospital, me convidou para atuar aqui. Passamos por muitas situações difíceis. Hoje o Hospital Azambuja está muito bem, e essa era a alegria dele: ver o crescimento da instituição. Ele ainda tinha o desejo de ver a torre de alta complexidade concluída e a nossa Oncologia sendo habilitada. Tenho certeza que, espiritualmente, ele vai acompanhar de lá de cima isso acontecer. O povo de Brusque merece ter tido o Padre Nélio. Ele foi um pai, um ícone da saúde”, disse o também integrante da diretoria do Azambuja.

Um líder inspirador
O diretor eclesiástico do hospital, padre Alvino Antrovini Milani destacou a transformação que Padre Nélio proporcionou. “Ele merece todo o agradecimento da cidade e da região. Transformou o hospital em uma referência para Brusque, municípios vizinhos e para o estado. Foi um grande padre, um grande diretor. Mesmo doente, nunca falhou em seu trabalho. Nosso reconhecimento é profundo, e esperamos que tenha continuidade essa obra tão importante a que tanto se dedicou”.
O atual gestor do Hospital Azambuja, Gilberto Bastiani, também prestou sua homenagem. “Os avanços do hospital têm muito da liderança do padre, que sempre nos incentivou a buscar mais, buscar apoio, realizar. Ele sempre dizia: ‘vai dar certo’. Era um incentivador nato, que tinha a diplomacia como uma característica – sabia dialogar com a comunidade e com o empresariado, com quem sempre manteve um bom relacionamento que se refletiu nas parcerias que transformaram o Hospital Azambuja. A missão de Padre Nélio sempre foi trazer mais serviços de saúde para a comunidade, com o crescimento do hospital, para garantir atendimento a todos que precisam de cuidado. Foi uma honra para mim poder atuar ao lado dele por 18 anos, e vamos seguir honrando seu legado”, afirmou.

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, presente no velório, ressaltou o envolvimento total de Padre Nélio com as causas que assumia. “Ele tinha um foco muito claro: dedicar-se aos outros. Por isso é tão lembrado e deixa tanta saudade. Mas essa saudade deve ser transformada em estímulo para também nos dedicarmos. O que levamos da vida é o amor que espalhamos, o bem que fazemos. Que Deus lhe dê o descanso eterno junto à Nossa Senhora de Azambuja, que ele tanto amou e serviu”.
O empresário Edemar Fischer, amigo próximo do padre, relembrou décadas de convivência. “Quando ele assumiu o hospital em 1984, se dedicou completamente. Foram mais de 55 anos de vida entregues ao complexo da Azambuja. Ele era um homem de comando firme, mas nunca agressivo — bastava um olhar para sabermos o que ele queria. A população de Brusque vai sentir saudade. Ele conseguia tudo o que pedia, porque as pessoas confiavam nele. Tenho certeza de que ele gostaria de ver tudo isso que está sendo feito concluído, e vai ver, sim, lá de cima, iluminando a todos nós”.
Cortejo
Ao final da missa, o corpo do padre Nélio foi conduzido em cortejo solene sobre o caminhão do Corpo de Bombeiros até o Cemitério Municipal Parque da Saudade. No local, ele foi sepultado na ala reservada aos padres, em meio a orações e homenagens. Conduzida por Dom Wilson, o último momento da despedida foi marcado por profunda comoção, encerrando uma jornada de fé, entrega e amor ao próximo.

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