Na segunda matéria do Especial de Dia das Mães, mãe pela via da adoção conta sua história e aconselha outras mães que estão “na fila”, aguardando chegada de um filho: “não desistam”
Julia Beck
Da redação

Josi e as filhas Ana Júlia e Vitória/Foto: Arquivo Pessoal
A maternidade pela via da adoção é uma realidade de muitas mulheres. Não diferente dos filhos biológicos, a chegada dos filhos adotivos é acompanhada de planos sonhos, medos, desafios, incertezas e amor. A adoção permitiu que a professora de 55 anos, Josiane da Glória Caetano Silva, se tornasse mãe de Ana Júlia, 14 anos, e de Vitória, 18 anos. Ao recordar o início da relação com as filhas, Josiane enfatiza que as crianças adotadas precisam ter certeza de que estão seguras e de que serão amadas.
O desejo de adotar uma criança sempre esteve no coração da professora, mesmo antes de casar. Com o passar do tempo, ela conta que esse sentimento só aumentou. Foi então que Josiane iniciou o processo de adoção. “É uma longa espera, muita documentação para entregar, muitas perguntas, principalmente sobre o perfil. Depois tivemos as entrevistas”, lembra. A professora recorda que a participação dela e do marido em um grupo de adoção ajudou a viver melhor o período.
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“Nós fizemos a opção de fazer a adoção tardia, que significa que as crianças teriam mais de cinco anos. As crianças menores, de três anos para baixo, têm muita procura. Já a adoção tardia é mais difícil”, conta. Apesar da opção por crianças maiores, a professora conta que ela e o marido permaneceram na “fila” da adoção por quatro anos – tempo em que suas filhas também permaneceram no abrigo.
“A minha filha mais velha achava que não conseguiria uma família pela idade que tinha. Ninguém mais adota crianças de 10 anos. Os menores são adotados rapidinho, então os maiores ficam com esse medo quando passam dos 8 anos”, lembra.
A espera por um filho é uma mistura de fé e ansiedade, pontua Josiane. “Fé porque você sabe que essa criança vai chegar – se o seu cadastro tiver tudo certo, a documentação em dia. Porém, não sabemos quando. É um mistério”. Já a ansiedade, porque o desejo é que o filho chegue logo, explica a professora. “Na época, nós tínhamos um telefone fixo. Então, cada vez que o telefone tocava, o coração acelerava”.
Mudança de vida
“A maternidade mudou minha vida. A partir da chegada de duas crianças em casa, tudo se transformou”, compartilha a professora. Ela conta que no perfil de adoção, além de crianças com idade entre 4 e 10 anos, outra característica era que não tivessem irmãos. No entanto, Vitória, a filha mais velha, tem dois irmãos biológicos que, na época, estavam em processo de aproximação com outra família da mesma cidade que Josiane.
Durante a aproximação é o casal que vai até o abrigo. Depois de um certo tempo, a situação inverte, e a família passa a levar a criança para passar o final de semana em sua casa. O objetivo é que ela conheça a rotina da família, a casa que vai morar, os parentes, os amigos. Durante este tempo, não é permitida a divulgação de fotos.
Josiane conta que neste processo, ao invés de adotar apenas uma criança (como constava no seu perfil de adoção), ela acabou adotando duas: Vitória e a irmã, Ana Júlia. A mudança nos planos foi de comum acordo com a outra família, que estava em processo de aproximação com Ana Júlia e o outro irmão.
Processo de criação de vínculo
O fato de ser professora, ser apaixonada por crianças, conviver com muitas delas na família e em outros ambientes que frequentava, não foram suficientes para que Josiane mensurasse o que era a maternidade. Ela conta que sentiu muito medo de “não dar conta”.
“Os desafios da adoção são diários: medo de errar por omissão ou por excesso. As crianças não vêm com manual de instrução e, por outro lado, pela idade que minhas filhas tinham, elas já vieram com uma história”, recorda.
Josiane conta que teve e tem o apoio do marido na criação das filhas. “Nós conversamos muito com as meninas, conversamos muito entre nós também, aconselhamos, cuidamos da educação delas”, revela. Ela afirma que a família nunca foi vítima de preconceito por conta da adoção. Pelo contrário, sempre receberam o apoio de familiares e amigos.
O conselho que a professora dá para todos os casais que têm o sonho de adotar um filho é: “não desistam”. Aos que estão vivendo a fase de adaptação, ela frisa que o cuidado e o amor são cruciais para que os filhos sintam que aquela família é o melhor lugar para eles.
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