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A safra de laranja 2025/26 da região citrícola de São Paulo e Minas Gerais, a principal para a indústria produtora de suco do Brasil, foi estimada nesta sexta-feira em 314,6 milhões de caixas de 40,8 kg, aumento de 36,2% ante a temporada passada, de acordo com levantamento divulgado pela fundação de pesquisa Fundecitrus.
A projeção, a primeira para a nova safra no Brasil, maior produtor e exportador global de suco de laranja, foi baseada em um clima mais favorável na formação da safra 2025/26, com uma segunda florada “exuberante” e um número maior de árvores jovens em fases mais produtivas, disse o diretor-executivo do Fundecitrus, Juliano Ayres.
A safra 2024/25, de 230,87 milhões de caixas, havia sofrido impactos do tempo seco e quente e também da doença greening, sendo a mais baixa em 36 anos, segundo uma série histórica apresentada pelo Fundecitrus no ano passado.
Os contratos futuros do suco de laranja negociados na bolsa de Nova York operavam em queda de quase 6% por volta das 11h15 (horário de Brasília) de sexta-feira, em meio à notícia do aumento da safra brasileira, que ganhou maior dominância no cenário global após a Flórida ter tido suas plantações dizimadas pelo greening.
Os preços da commodity estão cotados a cerca de US$2,30 por libra-peso, menos da metade do recorde acima de US$5 registrado no final do ano passado, quando a queda da produção brasileira impactou o mercado.
A indústria exportadora de suco de laranja do Brasil é concentrada em grandes companhias como Citrosuco, Cutrale e Louis Dreyfus Company.
Ao detalhar as razões do aumento da safra, o instituto de pesquisa citou ainda um maior número de frutos por árvore, resultante do clima favorável à segunda florada, e o melhor manejo dos pomares, em meio a um aumento da rentabilidade dos citricultores decorrente dos bons preços recebidos, após a quebra de safra do ano passado.
“A segunda florada ocorre com retomada das chuvas acima da média…”, disse Ayres ao apresentar os números, citando que depois o tempo ficou nublado e o pegamento dos frutos “foi exuberante”.
Entre outubro e dezembro, quando ocorreu a segunda florada, as chuvas passaram a ocorrer de forma expressiva e bem distribuídas no cinturão citrícola, com precipitações acima da média histórica, segundo nota do instituto.
O Fundecitrus atribuiu também o aumento da safra a uma maior quantidade de árvores produtivas no parque citrícola identificadas em um novo censo. “Os pomares mais jovens migraram para fases mais produtiva”, disse o pesquisador.
Em 2025, o Fundecitrus identificou 182,7 milhões de árvores produtivas no parque citrícola, ocupando uma área total de 362 mil hectares, aumento de 12,7 milhões de árvores (7,5%) e de 18 mil hectares (5,2%) em relação ao censo anterior, de 2022.
“Temos boas notícias, teremos uma boa safra“, ressaltou Ayres, citando que o novo inventário de árvores dá mais “robustez nos dados”. Ele disse que o Fundecitrus está “muito seguro” na projeção.
A segunda florada deverá representar praticamente 70% da safra, enquanto a primeira, 20%. Com isso, estimou Ayres, o início do processamento da nova safra deverá atrasar cerca de 45 dias, estimou ele.
Greening
O diretor-executivo do Fundecitrus afirmou que o setor melhorou o combate ao psilídeo, inseto transmissor da bactéria que causa o greening, doença que não tem cura e reduz a produtividade de um pomar. Tal constatação melhora o cenário para o setor.
Ele lembrou que o greening “tinha saído do trilho”, mas com o diagnóstico feito e a intensificação do controle do inseto, a população psilídeo caiu.
“Nós começamos a reverter a situação do greening”, disse Ayres.
“Não vai reduzir a severidade (da doença) no curto prazo, mas em cinco anos devemos ter menos greening do que temos hoje”, projetou.
Conforme levantamento divulgado em setembro do ano passado, a incidência do greening no cinturão de produção de laranja de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro havia aumentado para 44,35% dos pomares, no sétimo ano consecutivo de avanço da pior doença da citricultura.
A nova estimativa de safra do Fundecitrus já projeta uma taxa de queda de frutos de 20%, 2,2 pontos percentuais maior do que a da safra anterior, devido ao aumento da severidade do greening e à colheita mais tardia, devido à predominância da segunda florada.
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