Após caso trágico em SC, veja como identificar crianças vítimas de violência 

Crianças vítimas de violência

Após casos trágicos em SC, veja como identificar crianças vítimas de violência – Foto: Polícia Civil/ND

Na última semana, um caso de morte após suposta violência contra bebê chocou o Litoral Norte de Santa Catarina. A vítima foi José Pietro que, com 1 ano e 4 meses, teria sido espancado, estuprado e torturado. A criança, que morava em Balneário Piçarras, morreu no dia 27 de abril.

Conforme a Polícia Civil, os principais suspeitos são a mãe, 21 anos, e o padastro, 17 anos, que foram, respectivamente, presa e apreendido. O caso é investigado como tortura e o órgão aguarda os laudos da perícia.

Com o destaque do caso na região, o portal ND Mais conversou com a doutora em Psicologia Marina Corbetta Benedet a fim de trazer orientação para a obervação de possíveis casos de violência contra crianças e com identificá-los para, por fim, denunciar.

José Pietro é uma das vítimas de violência contra criança em SC – Foto: Arquivo pessoal/ND

Não existe ‘perfil de abusador’, diz psicóloga

Primeiramente, a psicóloga chamou atenção para os perigos em traçar um perfil para os abusadores. Ela explica que a criação de esteriótipos, nestes casos, pode colocar a criança ou o adolescente, que é a vítima, em risco.

“Nem sempre é uma pessoa violenta, nem sempre é uma pessoa que tem maus hábitos, nem sempre, pelo contrário, a gente vê que há uma diversidade de pessoas que vão cometer abusos e violências contra crianças e adolescentes”, reforça Marina.

A especialista alerta que dados epidemiológicos apontam que a maioria das pessoas que cometem violência ou abusam de crianças são próximas e do ciclo de convívio, sendo familiares, amigos, ou seja, pessoas de confiança.

Crianças vítimas de violência: não existe um ‘perfil de abusador’  – Foto: Freepik/ND

Como identificar crianças vítimas de violência

Sobre o comportamento das crianças em situação de violência, seja ela física ou sexual, a psicóloga chama atenção para uma mudança repentina na manei de agir. Este tipo de observação pode constatar diversos problemas, mas os maus-tratos estão entre eles.

“Se você tem uma criança que brinca muito, ela começa a não querer mais brincar tanto. Se você tem uma criança que conseguia sair, fazer suas coisas, brincar, e agora ela fica muito na dependência de alguém para estar ali junto, ficar manhosa, digamos assim, e não era assim, são elementos para a gente ir olhando, observando e acompanhando”, ela explica.

O que fazer após identificar vítima

Marina frisa que, nestas situações, é importante acolher a possível vítima, não para pressioná-la a contar algo, mas mostrar disponibilidade para conversar, orientar e mostrar que ela não está errada.

“Perguntar se tem alguém tocando no corpinho dela, fazendo algo que ela não gosta, que é desagradável. Isso são pontos que a gente pode perguntar. E se a criança abrir, não ficar tentando fazer com que a criança fale mais sobre aquilo, porque o primeiro movimento que a gente tem que ter é o de acolhimento”, complementa a profissional.

Psicóloga faz orientações de como agir ao identificar crianças vítimas de violência – Foto: Unsplash/Divulgação/ND

Após a criança sinalizar o que está acontecendo, o próximo passo é o encaminhamento para uma escuta especializada, com profissionais, como psicólogos, que não irão pressionar a vítima e, sim, acreditar nela.

Resumidamente, problemas como alteração do sono, dificuldade na alimentação (seja comer pouco ou em excesso), mudanças de personalidade e nas emoções podem ser indicativos e merecem atenção.

Veja orientações do Conselho Tutelar em caso de bebês e crianças menores em possível perigo

O Portal ND Mais também conversou com o conselheiro tutelar de Balneário Piçarras Andy William Nascimento, que fez orientações sobre formas de identificar bebês ou crianças pequenas vítimas de violência doméstica.

A primeira delas, em consonância com a psicóloga, inclui mudanças bruscas de comportamento, podendo incluir agressividade ou comportamentos regressivos, como voltar a urinar na cama ou parar de falar.

Conforme o conselheiro tutelar, também é preciso prestar atenção em lesões físicas não justificadas, como hematomas, queimaduras, fraturas ou cortes, principalmente em locais como costas, nádegas ou região genital.

Crianças vítimas de violência: veja como denunciar abusadores – Foto: Divulgação/Imirante/ND

Sinais de negligência, como má higiene, roupas sujas, fome constante e ausência de cuidados básicos de saúde, também podem ser indicadores, assim como faltas recorrentes em consultas médicas, creche ou escola.

Por fim, o choro frequente ou resistência em voltar para casa, ou ficar próximo de alguma pessoa pode ser sinal de alerta. No caso de bebês, também inclui o atraso no desenvolvimento, falta de ganho de peso, sono agitado, choros inconsoláveis, lesões e repulsa a pessoas.

Crianças vítimas de violência: veja como denunciar abusadores

Andy frisa a importância de denunciar nesses casos como forma de proteção às crianças vítimas de violência em Santa Catarina. A denúncia pode e deve ser feita de forma anônima, pelos canais oficiais:

  • Disque 100;
  • Delegacia de Polícia ou Delegacia da Mulher e da Criança;
  • Conselho Tutelar mais próximo.

Crianças vítimas de violência pode mudar de comportamento de forma brusca – Foto: Leo Munhoz/ND

“Neste Maio Laranja, nenhuma suspeita pode ser ignorada. Toda criança tem o direito de crescer segura, protegida e amada”, conclui o conselheiro tutelar.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.