‘Era minha esposa no chão’, diz bombeiro sobre atropelamento com morte em SC

‘Era minha esposa no chão’, diz bombeiro sobre atropelamento com morte em SC – Foto: Divulgação/ND

O que parecia ser mais uma ocorrência de rotina para o Corpo de Bombeiros de Curitibanos, no Meio-Oeste de Santa Catarina, se transformou em um dos momentos mais difíceis da carreira do sargento Adriano Roberto Kieski.

Ao atender a um chamado de atropelamento, ele descobriu que uma das vítimas era sua esposa, a cabo da Polícia Militar Kelly, de 39 anos. O atropelamento atingiu a policial e o Gabriel dos Santos, de 29 anos, que não resistiu aos ferimentos.

Bombeiro relata sobre atropelamento com morte em SC

A acidente aconteceu na noite de segunda-feira (5), na rua Fioravante Ortigari, próximo ao Jardim Botânico, quando a policial prestava socorro a Gabriel que estava caído na pista, supostamente por sofrer um mal súbito.

Enquanto realizava os primeiros atendimentos, ambos foram atropelados por um carro. Gabriel não resistiu e morreu no hospital. A policial sofreu diversos ferimentos e passou por cirurgia.

O atropelamento atingiu a policial e o Gabriel dos Santos, de 29 anos, que não resistiu aos ferimentos – Foto: Arquivo Pessoal/ND

Em depoimento, o sargento Kieski contou como foi receber a chamada que mudou sua noite: “O primeiro chamado foi de um atropelamento. Era uma vítima só, sem carro no local, então nossa ambulância foi atender. Três minutos depois veio outro chamado de atropelamento. A solicitante era minha esposa. Ela estava no chão, pedindo socorro, depois de também ter sido atropelada.”

Motorista foge após atropelamento com morte

Kelly estava em serviço pela Rede Catarina e, ao avistar Gabriel caído na via, parou a viatura para prestar socorro. Segundo testemunhas, o motorista que os atropelou não tentou parar e fugiu logo após o impacto.

“Ela teve o instinto de salvar o rapaz. Quando viu que o carro viria contra ele, agarrou nele tentando tirar da frente, mas não conseguiu. Ambos foram atingidos”, disse o sargento.

Ao chegar ao local, Adriano conta que o choque foi imediato: “A gente, bombeiro, está acostumado a atender. Mas quando é da família, tudo muda. Vi o sangue, não sabia se era dela. Ela estava caída, sendo amparada pelos colegas. Muito sangue na cabeça, dor nas pernas, escoriações. Foi desesperador.”

‘Era minha esposa no chão’, diz bombeiro sobre atropelamento com morte em SC – Foto: Divulgação/Internet/ND

A cabo Kelly foi levada ao hospital e, aos poucos, passou a recuperar a consciência. Segundo o sargento, ela passou a noite inteira sem dormir, abalada pela situação e pelo medo de não acordar após adormecer.

Somente no hospital foi informada da morte de Gabriel, o homem que tentava salvar. “A família dele agradeceu a ela. Disseram que ela tentou salvar a vida do filho. Foi quando caiu a ficha, e o trauma tomou conta.”

Kelly sofreu uma fratura no joelho, um corte profundo na cabeça e múltiplas escoriações. Ela será submetida a cirurgia no joelho nesta terça-feira (6).

O motorista foi identificado

O motorista responsável pelo atropelamento foi identificado e segundo a Polícia Civil, deve se apresentar com um advogado. A delegada Roxane Favero Venturi informou que ele poderá responder por homicídio culposo e lesão corporal culposa na direção de veículo, com agravantes por não ser habilitado e não ter prestado socorro.

A família da policial confirmou que irá buscar responsabilização judicial. “Ele não freou, não tentou parar. Ele acelerou. Tirou a vida de um rapaz e quase tirou a da minha esposa. Isso não pode passar impune”, concluiu o sargento.