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Ricardo Mucci viveu até os 19 anos em um conjunto habitacional no Jaçanã, bairro da Zona Norte de São Paulo. Filho de uma professora do ensino público municipal e de um tintureiro, desde a infância o executivo via na educação a chave para vislumbrar novos horizontes. “Eu comecei estudando mecatrônica na ETEC Horácio Augusto da Silveira, na Vila Guilherme. Consegui meu primeiro estágio na antiga Olivetti, na área técnica”, conta.
Por alguns anos, o Mucci trilhou o caminho que a carreira técnica lhe permitia. Entre os atendimentos por São Paulo, estavam os escritórios da Editora Abril, da Companhia Municipal de Transportes Coletivos (CMTC) e do Unibanco. No entanto, foi na Telefônica, em 1999, que a possibilidade de migrar para o mundo corporativo se tornou realidade.
“Foi lá que tive meu primeiro contato com a Cisco, mas nunca imaginei na minha vida que trabalharia aqui, era um sonho distante. Depois do início na divisão de suporte e manutenção, fui para pré-vendas, onde desenvolvia as soluções, até que um executivo me disse: ‘Cara, você fala bem, representa bem, tecnicamente é muito bom.’ Do meu lado, eu pensei: ‘Eu entendo do problema, do produto, construo a solução e, no fim, o vendedor que ganha a comissão. Bom, deixa eu pular para o outro lado.’”, relembra Mucci.
Após 25 anos, o presidente da Cisco Brasil alerta que “nem todo pré-vendas tem a capacidade de ir para vendas e vice-versa”. Porém, no seu caso, a transição foi um sucesso. Em 2004, Ricardo foi para a IBM Brasil, onde atuou por quase dez anos. “A IBM foi uma grande escola. Ali eu aprendi muito sobre vendas e, em alguns anos, passei por diferentes departamentos, até que meus chefes me ofertaram pela primeira vez uma posição de liderança.”
Em 2013, Mucci recebeu um convite especial: assumir o setor comercial para contas governamentais na Oracle Brasil. Com a experiência adquirida durante a passagem pela gigante da tecnologia, ele não hesitou. “Trabalhei com o governo por muito tempo na IBM. Em seguida, fiquei por cinco anos na Oracle.”
Em um momento determinante, a Cisco Brasil buscava um profissional para comandar a reestruturação da diretoria para o setor público. Felizmente, havia um líder experiente no radar: Ricardo Mucci. O sonho do passado havia se concretizado. Em 2017, o paulistano iniciou sua jornada na multinacional de cibersegurança.
A cadeira da presidência veio apenas quatro anos depois, por meio de um processo seletivo acirrado. “Quando o Laércio [Albuquerque], que era o presidente do Brasil, ascendeu para a liderança da América Latina, eu entrei na disputa para o posto. Foi um processo seletivo aberto ao mercado, composto por três painéis [Brasil, América Latina e Américas] com seis avaliadores cada. Foi duro, creio que o mais complexo que já passei na vida”, afirma Mucci.
À frente das operações brasileiras desde então, a aposta de Ricardo para o sucesso do negócio é uma gestão diplomática e um olhar atento para as necessidades específicas do país. “Hoje entregamos resultados superiores a patamares pré-pandêmicos. Somos referência em todos os indicadores de desempenho da companhia. Estou sempre pensando no que podemos fazer de diferente para o nosso povo, a nossa empresa”, pontua.
Apesar de não acreditar em soluções definitivas, ao idealizar futuros possíveis para o Brasil, Ricardo vê em seu próprio passado a resposta: a educação. “Nosso país será melhor com mais educação. Ponto final. Ela transforma a vida das pessoas, transformou a minha”, finaliza.
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