Ratinho Jr.: quem é, trajetória política e atuação como governador do Paraná

Ratinho jr.

Ratinho Jr. em Fórum de Governadores, em 2019 – Foto: Rodrigo Félix Leal/Divulgação

O governador do Paraná, Carlos Massa Junior, conhecido como Ratinho Jr. (PSD), é um dos nomes mais citados nas projeções para a corrida presidencial de 2026. Reeleito com ampla vantagem em 2022 e com mais de 80% de aprovação popular em 2025, segundo o instituto Paraná Pesquisas, Ratinho Jr. consolidou-se como uma das lideranças mais relevantes da direita brasileira no cenário atual.

Ao mesmo tempo em que amplia sua base política e participa de articulações com outras figuras do campo conservador, como os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Ronaldo Caiado (União Brasil), o governador paranaense evita se apresentar diretamente como pré-candidato. Mesmo assim, conta com o aval público de seu partido, o PSD, e com o interesse de outras legendas para compor uma chapa para as eleições de 2026.

Influência do pai e os primeiros passos na política

Ratinho Jr. nasceu em Jandaia do Sul (PR), em 1981. Na época, o seu pai, o apresentador e empresário Carlos Roberto Massa, o Ratinho, era vereador da cidade.

Antes de se tornar uma das figuras mais populares da televisão brasileira, Ratinho pai teve atuação na política legislativa local. Além de vereador em Jandaia do Sul por três mandatos consecutivos, entre 1977 e 1988, também foi vereador em Curitiba. Entre 1990 e 1994, foi deputado federal pelo estado do Paraná.

Durante a juventude, Ratinho Jr. acompanhava o pai nas campanhas e nos bastidores da política. A influência familiar foi determinante na sua eleição para deputado estadual em 2002, pelo PSB. Nessa época, casou-se com Luciana Saito Massa, com quem tem três filhos.

Em 2006, já pelo PPS, foi eleito deputado federal com a segunda maior votação do Paraná. Nos anos seguintes, migrou para o PSC, partido pelo qual concorreu à prefeitura de Curitiba em 2012, ficando em segundo lugar. Em 2013, filiou-se ao PSD, onde permaneceu até hoje. No mesmo ano, assumiu a Secretaria de Desenvolvimento Urbano do estado, posição estratégica que lhe permitiu circular por todo o interior e ampliar sua base de apoio.

Ratinho Jr. é filho do Ratinho

O Ratinho pai manteve-se fora da política partidária desde meados dos anos 1990, mas nunca deixou de atuar como influenciador junto ao eleitorado. Em diversas eleições, participou ativamente da comunicação de campanha do filho e mobilizou apoio no interior do estado.

Ao longo da sua própria trajetória política, o apresentador demonstrou admiração pela atuação do sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, principalmente pela origem humilde. Em mais de uma ocasião, Ratinho visitou Luiz Inácio Lula da Silva.

Em 2012, Lula participou do programa do Ratinho para promover a candidatura de Fernando Haddad à prefeitura de São Paulo. Na época, Ratinho Jr. era pré-candidato à prefeitura de Curitiba e também participou do programa.

Esta disputa na capital paranaense era uma oportunidade para estreitar as relações com o ex-presidente, que se mantinha como principal líder do PT, que comandava o Poder Executivo desde 2002. A expectativa da família Massa era o apoio do Partido dos Trabalhadores na corrida eleitoral, pelo menos no segundo turno.

Ratinho Jr.

Ratinho Jr. e seu pai, o apresentador Ratinho, após entrevista ao SBT, em 2012. – Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula

Não foi o que aconteceu, o PT apoiou a candidatura de Gustavo Fruet (PDT). A propaganda eleitoral de Fruet contou com a participação da então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffmann (PT). A proximidade entre Lula e Ratinho pai não foi suficiente para mudar o apoio da sigla ao candidato adversário do seu filho, mas Lula se comprometeu a não se envolver diretamente na campanha em Curitiba.

O episódio marcou o início de um afastamento com o PT. Em entrevista à revista Piauí, publicada em janeiro de 2024, Ratinho Jr. comentou o papel de Gleisi na derrota: “A Gleisi foi uma decepção, porque era uma pessoa que tinha uma relação com o meu pai. E, no segundo turno, ela não foi para o embate político, ela foi para o embate pessoal”. Na mesma entrevista, afirmou que a experiência o ensinou a não ser “ingênuo na política”.

O descontentamento da família com a Gleisi Hoffman era público. Em 2017, o Ratinho pai afirmou que a petista desqualificou o seu filho e, assim, tornou-se uma adversária. “Eu quero que ela morra”, comentou o apresentador à revista.

Mandato como governador: entregas, polêmicas e aprovação

Em 2018, Ratinho Jr. foi eleito governador do Paraná pela primeira, com 60% dos votos válidos. Quatro anos depois, Ratinho Jr. se reelegeu com a maior votação da história do estado em números absolutos, mais de 4,2 milhões de votos.

Sua gestão tem como principal legado obras em infraestrutura, modernização da máquina pública, atração de investimentos e iniciativas de sustentabilidade. Entre os principais projetos entregues estão a construção da segunda ponte em Foz do Iguaçu, a revitalização da Orla de Matinhos e a implantação do Banco de Projetos Executivos, que acelerou obras estratégicas em diversas regiões do estado.

Relação com o eleitorado e presença nas redes

Com um estilo discreto e técnico, Ratinho Jr. construiu uma imagem de político acessível e eficiente. Sua comunicação prioriza a divulgação de entregas e programas de governo, com uso estratégico das redes sociais. Embora não engaje em temas polêmicos no ambiente digital, mantém presença regular no Instagram e no X, destacando agendas administrativas, encontros institucionais e momentos familiares.

A Rede Massa de Comunicação, comandada por sua família, também exerce papel relevante na manutenção de sua imagem pública no estado. O vínculo direto com o eleitorado é fortalecido por sua constante presença no interior e em eventos municipais.

Crescimento eleitoral e consolidação no PSD

A primeira eleição de Ratinho Jr. como governador ocorreu na onda conservadora que levou Jair Bolsonaro à presidência. Já filiado ao PSD, Ratinho Jr. buscou manter independência institucional em relação ao governo federal.

O crescimento do PSD no Paraná e no Brasil ampliaram também a visibilidade de Ratinho Jr. Atualmente, a legenda compõe a base aliada do governo Lula. Presidido por Gilberto Kassab, a sigla comanda três ministérios: Agricultura, Minas e Energia e Pesca.

Apesar da presença na Esplanada, Kassab tem reiterado que o partido pretende lançar candidatura própria à presidência em 2026. Durante evento realizado em 2024, Kassab comentou: “Ratinho Jr. é um nome que está se preparando para uma candidatura, e a avaliação do partido é de que ele tem tudo para ser um bom representante em 2026.”

Presidente do PSD, Gilberto Kassab

Presidente do PSD, Gilberto Kassab – Foto: Caio Marcelo/Divulgação

A força nas eleições de 2024 e a “direita popular”

Nas eleições municipais de 2024, o PSD conquistou 164 prefeituras no Paraná, o equivalente a 41% dos municípios. O desempenho foi interpretado como uma demonstração da força eleitoral de Ratinho Jr., que se envolveu diretamente nas articulações e campanhas locais. Seu apoio foi decisivo especialmente em Curitiba, onde a disputa foi acirrada.

Após o segundo turno, o governador paranaense declarou à imprensa que o resultado representava uma vitória da “direita popular”. A fala foi interpretada como um sinal de que Ratinho Jr. pretende ocupar o espaço deixado por Bolsonaro na articulação política do campo conservador.

Pesquisas indicam força nacional

Em março de 2025, a pesquisa Futura Inteligência indicou que Ratinho Jr. teria 40,6% das intenções de voto em um eventual segundo turno contra Lula, que aparece com 37,2%. A margem de erro de 3,1 pontos percentuais configura um empate técnico, mas evidencia que o governador paranaense é competitivo em nível nacional.

Outro levantamento, da Genial/Quaest, mostrou Lula com 42% e Ratinho Jr. com 35%, além dos 19% de votos nulos ou brancos. As pesquisas apontam que, embora Ratinho Jr. ainda não tenha alta exposição nacional, ele já aparece como alternativa viável para parte do eleitorado de centro-direita.

Relação com Bolsonaro

A relação entre Ratinho Jr. e Jair Bolsonaro oscilou desde 2018. Embora tenha contado com o apoio do ex-presidente nas eleições, o governador do Paraná adotou posturas distintas durante a pandemia, alinhando-se a medidas sanitárias e evitando confrontos diretos com a Justiça.

Após os atos de 8 de janeiro de 2023, Ratinho Jr. condenou publicamente os ataques às sedes dos Três Poderes. A fala gerou distanciamento de parte da base bolsonarista mais fiel, mas preservou sua imagem institucional.

Em 2025, a relação voltou a se estreitar. Em abril, Ratinho Jr. afirmou que gostaria de ter o apoio de Bolsonaro em 2026: “Tem uma liderança incontestável e, obviamente, é um apoio que soma muito”, disse durante evento do Todos pela Educação. Recentemente, passou a defender a anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro, uma pauta identificada com o eleitorado de Jair Bolsonaro.

Ratinho Jr.

Ratinho Jr. e Jair Bolsonaro, em 2019 – Foto: Rodrigo Félix Leal

Articulação nacional e costura com lideranças conservadoras

Em abril de 2025, Ratinho Jr. participou de encontro com presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, deputados federais como Filipe Barros e Fernando Giacobo, além de prefeitos, secretários estaduais e lideranças municipais. Também mantém contato com os governadores Tarcísio, Zema e Caiado, que, como ele, são nomes cotados para disputar ou influenciar a sucessão presidencial.

Com a inelegibilidade de Bolsonaro até 2030, as lideranças da direita tentam construir alternativas. Ratinho Jr. aparece como opção mais moderada e de perfil técnico, o que pode atrair setores empresariais e o eleitorado do agronegócio.

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Ratinho (de blusa escura) com Zema (à esq.), Tarcísio (camiseta azul), e Caiado (à dir.) em ato que pediu anistia aos golpistas de 8 de janeiro – Foto: Instagram @romeuzemaoficial

Ratinho Jr. vice de Lula

O nome de Ratinho Jr. chegou a ser associado, em fevereiro de 2025, a um suposto acordo para ser vice de Lula em uma chapa de coalizão. A informação foi ventilada por colunistas e reverberou em veículos alinhados à esquerda.

O governador reagiu rapidamente. Em nota oficial, afirmou: “Não é verdade que Ratinho Junior está trabalhando em um suposto projeto presidencial com Lula. A tentativa de associá-lo com a esquerda é infantil. Trata-se de uma fábula”.

Vaga para o Senado

Embora Ratinho Jr. esteja no centro das articulações para 2026, parte do PSD cogita lançá-lo ao Senado. Duas das três cadeiras do Paraná estarão em disputa, e ele lidera as pesquisas com ampla vantagem sobre possíveis adversários. Nomes como Roberto Requião (PT), Cristina Graeml (Podemos) e Filipe Barros (PL), que inclusive conta com o apoio do ex-presidente Bolsonaro para disputar a vaga do Senado, não se aproximam da intenção de voto do Ratinho Jr.

O projeto ao Senado é visto como uma alternativa segura, caso o cenário presidencial se mostre desfavorável. Mesmo assim, aliados de Ratinho Jr. indicam que a prioridade atual é construir uma candidatura nacional competitiva.

Além da costura política, o governador do Paraná cumpre uma agenda com setores produtivos para viabilizar sua candidatura. Em março deste ano, em visita à Brasília, Ratinho Jr. participou de almoço do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), que reuniu mais de uma centena de empresários.

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