Duas Red Flags que Você Não Deve Ignorar no Início de um Relacionamento

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Você já foi chamado de “perfeito(a)” por alguém que mal te conhece, alguém que vive dizendo o quanto você é uma bênção? Talvez vocês estejam apenas começando a sair juntos e a atenção seja lisonjeira. Mas o que acontece quando a ideia que essa pessoa tem de você é desafiada? E se você cometer um erro ou não corresponder ao ideal que criaram? Essa pessoa ainda vai te tratar da mesma forma?

Agora, imagine o oposto. Você está com alguém que te critica constantemente. Não gostam das suas roupas, das suas escolhas alimentares, dos seus amigos, e fazem questão de vocalizar tudo o que não gostam em você. Pode surpreender o quão rápido algumas pessoas julgam, mesmo sem conhecer sua história. Você consegue se imaginar a longo prazo com alguém assim?

Ambos os extremos — idealização e crítica constante — são sinais de desequilíbrio de poder nos estágios iniciais de um relacionamento. Aqui está o motivo pelo qual você deve ficar atento a esses sinais de alerta sutis em uma pessoa.

1. O “Problema do Pedestal”

Ser idealizado até certo ponto pode parecer validante, especialmente quando um parceiro admira sua bondade, inteligência ou outras qualidades significativas. Esse reforço positivo pode fortalecer a atração inicial, já que as pessoas geralmente tentam impressionar no começo dos relacionamentos.

No entanto, idealização excessiva pode prejudicar o relacionamento a longo prazo. Um estudo de 2013 publicado no Journal of Social and Personal Relationships descobriu que, quando um parceiro vê o outro como “perfeito”, isso pode gerar uma redução no esforço e causar ansiedade de desempenho na pessoa idealizada.

Eles podem pensar que não precisam melhorar porque já são “perfeitos”, ou sentirem-se pressionados a manter uma imagem irreal, o que gera estresse, falta de autenticidade ou até o hábito de esconder defeitos para evitar “decepcionar”.

Com o tempo, essa dinâmica reduz a satisfação em relacionamentos ou casamentos duradouros, pois a verdadeira intimidade exige a aceitação das imperfeições.

Um parceiro pode te idealizar porque está projetando suas próprias carências ou fantasias não resolvidas, em vez de te enxergar como um ser completo. E quando alguém te admira demais, isso pode rapidamente virar crítica assim que percebem falhas na imagem idealizada que criaram — deixando você confuso(a) e magoado(a).

Elogios exagerados no início também podem ser uma tática de manipulação para acelerar a intimidade, tornando mais difícil identificar sinais de alerta. Você pode começar a se sentir como se estivesse constantemente fazendo um teste para o papel de “parceiro perfeito”.

Isso leva a um acúmulo de ansiedade, à medida que você começa a se preocupar com como a pessoa reagirá quando suas falhas inevitáveis vierem à tona. Pode levar você a deixar de ser autêntico(a), escondendo seus sentimentos ou necessidades reais para manter a admiração do outro.

Se você está namorando, aqui vão alguns sinais sutis para observar: a pessoa minimiza suas vulnerabilidades (por exemplo: “Você é muito confiante pra se sentir inseguro(a) com isso”), os elogios parecem exagerados ou impessoais (como “Você é perfeito(a) em tudo” em vez de “Achei incrível como você lidou com aquela conversa difícil”), ou você percebe que está mudando seu comportamento para se encaixar na imagem que criaram de você.

Se for esse o caso, talvez seja hora de criar um pouco de distância e estabelecer limites claros. Diga com gentileza que elogios constantes ou expectativas irreais te deixam desconfortável. Explique que prefere ser visto(a) como um igual, alguém que pode errar e crescer, como qualquer pessoa.

2. A “Armadilha da Crítica”

Às vezes, uma pessoa não para de te elogiar. Outras vezes, parece que nada do que você faz é suficiente para agradar.

A crítica constante vai muito além de uma reclamação ocasional ou um feedback construtivo. Trata-se de um padrão persistente de diminuir, rejeitar ou focar nas suas falhas. Esses comentários — sejam insultos diretos ou indiretas sutis — vão desgastando sua autoestima, deixando você com a sensação de que nunca é “bom o suficiente”.

Diferente de um feedback útil, a crítica destrutiva soa como: “Você sempre estraga tudo” ou “Você simplesmente não se importa comigo”. São declarações amplas e acusatórias, que atacam seu caráter em vez de abordar ações específicas. O desprezo também pode aparecer por meio de sinais não verbais como revirar os olhos, suspiros pesados e sarcasmo.

Com o tempo, você pode começar a censurar suas palavras ou atitudes apenas para evitar a desaprovação da pessoa.

Esses sinais podem parecer pequenos isoladamente, mas juntos minam profundamente sua segurança emocional.

O psicólogo e especialista em relacionamentos Dr. John Gottman identificou que casais com risco de separação frequentemente adotam comportamentos como crítica e desprezo. Esses comportamentos são tão nocivos que ele os classifica como parte dos “quatro cavaleiros do apocalipse” dos relacionamentos.

Além disso, ele explica que expressar preocupações pode fortalecer um relacionamento quando feito com cuidado e clareza. Mas tudo muda quando as queixas passam a atacar o caráter da pessoa — aí vira crítica destrutiva.

Esse comportamento pode vir de questões mais profundas da pessoa crítica. Alguns podem ter traços narcisistas e colocam os outros para baixo para se sentirem superiores. Outros podem ter baixa autoestima e usam a crítica como forma de mascarar suas próprias inseguranças.

Há também quem use esse comportamento como uma tática de controle, mantendo o outro desequilibrado emocionalmente para manipular suas ações. O que começa como um machucado emocional pode acabar fazendo com que você esconda partes de si mesmo e perca a autoestima.

O caminho é estabelecer limites claros. Diga como certos comentários te fazem sentir. Se a crítica persistir ou piorar, pergunte a si mesmo: esse relacionamento apoia a pessoa que você quer ser?

Você merece estar em um relacionamento onde o feedback te ajude a crescer — e não em um onde você se sinta constantemente diminuído(a). Limite sua exposição emocional à negatividade e, se necessário, afaste-se para recuperar seu senso de identidade.

Lembre-se: os dois extremos são perigosos

Esses dois sinais de alerta indicam uma evasão da intimidade real por causa de percepções distorcidas. Seja projetando fantasias ou inseguranças em você, a outra pessoa não está te enxergando de verdade. E sem ser respeitado(a) e visto(a) com clareza, nenhuma conexão genuína pode florescer.

O que agrava a situação é o desequilíbrio de poder envolvido. Quando uma pessoa tem controle emocional sobre a outra, isso gera instabilidade. Por isso, relacionamentos saudáveis exigem equilíbrio, conversas de igual para igual e poder compartilhado. Eles precisam de respeito mútuo e segurança emocional — não de hierarquia nem de pisar em ovos.

Ambos os parceiros precisam se sentir seguros para serem quem realmente são. Uma pergunta simples para refletir é: “Posso ser vulnerável e autêntico(a) com essa pessoa sem medo?”

Você vai precisar de tempo para descobrir a resposta — por isso é importante ficar atento(a) a esses dois sinais desde o início. Se a resposta for “não”, talvez seja hora de se afastar.

Você merece alguém que te eleve, valorize suas qualidades e trate suas vulnerabilidades com cuidado — não alguém que te diminua ou ignore seus sentimentos, mas que aja com compaixão e respeito.

*Mark Travers é colaborador da Forbes USA. Ele é um psicólogo americano formado pela Cornell University e pela University of Colorado em Boulder.

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