Mais alto reconhecimento no universo da arquitetura e design mundial, o Prêmio Pritzker é concedido a profissionais cujas obras e projetos aliam excelência técnica, impacto social e contribuição duradoura para o bem-estar da população e do espaço construído. Desde sua criação em 1979, o Prêmio celebra arquitetos do mundo inteiro por propostas que transformam o modo como as pessoas vivem e percebem o mundo ao seu redor, transcendendo estética e funcionalidade. Nesse cenário, o Japão é um dos principais destaques na arquitetura contemporânea, país de origem de profissionais altamente qualificados, com projetos relevantes e de alto impacto mundial.
Aliando tradição e inovação, a arquitetura contemporânea japonesa apresenta, entre outras características, leveza, o uso de materiais naturais, integração com o ambiente no qual o projeto está inserido, valorização do minimalismo e da luz natural, além de incorporar valores herdados de filosofias milenares, como o wabi-sabi.
Nesse cenário, nove arquitetos japoneses já foram honrados com o Prêmio Pritzker, tornando o Japão o país com o maior número de premiados até o momento. Alguns dos destaques entre os laureados nipônicos são Tadao Ando (laureado em 1995); a dupla Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, do estúdio SANAA (2010); Toyo Ito (2013); Shigeru Ban (2014); Arata Isozaki ( 2019); e Riken Yamamoto (2024), inspirações na arquitetura mundial devido a profundidade de suas propostas, que frequentemente relacionam o tempo, o espaço, a natureza e a sociedade, buscando por soluções humanizadas e consolidando os arquitetos japoneses no cenário global.
Autodidata, Tadao Ando recebeu o Pritzker em 1995, com projetos marcados pelo uso expressivo do concreto aparente, pela precisão de destaque para a luz natural nos espaços e pelo diálogo entre espiritualidade e arquitetura. Um de seus projetos mais reconhecidos é a Igreja da Luz, em Osaka, onde a cruz é formada por feixes de luz na parede do altar. Seu trabalho é caracterizado por ambientes de contemplação, com geometrias rígidas que contrastam com as paisagens naturais em seus entornos.
A dupla Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa, fundadora do SANAA, venceu o Pritzker em 2010 pela criação de projetos que exploram propriedades como leveza, fluidez e transparência visual. A dupla é autora de obras como o Rolex Learning Center, na Suíça, e o Museu de Arte Contemporânea do Século XXI, no Japão. Seus edifícios propõem experiências sensoriais por meio de superfícies translúcidas, formas suaves e espaços abertos, frequentemente dissolvendo os limites entre interior e exterior.
Laureado em 2013, Toyo Ito é conhecido por explorar as fronteiras entre o físico e o virtual, utilizando recursos de tecnologia para criar projetos experimentais, como o Sendai Mediatheque, a Biblioteca de Sendai, edifício que rompe com a estrutura tradicional ao apresentar colunas irregulares e translúcidas, como árvores que sustentam o edifício, propondo uma arquitetura voltada à experiência sensorial e à incorporação de conceitos tecnológicos e abstratos na construção civil.
Mundialmente conhecido e respeitado, Shigeru Ban foi laureado pelo Prêmio em 2014 por seu trabalho em zonas de desastres naturais. Utilizando materiais acessíveis e recicláveis, como tubos de papelão, ele projeta estruturas temporárias para populações afetadas pelas tragédias. Seu projeto mais conhecido é a Paper Log House, utilizada em situações emergenciais no Japão, na Índia e na Turquia, entre outros lugares, criação que evidencia a importância da arquitetura humanitária para as comunidades. Atualmente, um projeto da construção em tamanho real está em exibição na área externa da Japan House São Paulo como parte da exposição “Princípios japoneses: design e recursos”, construída em colaboração com alunos da FAUUSP, ETEC Itaquera IIs e Escola da Cidade, abrindo debates sobre a adequação de construções para as diferentes necessidades existentes no Brasil.
O laureado de 2019, Arata Isozaki, foi um dos primeiros arquitetos japoneses a realizar projetos internacionais. Com mais de 100 obras ao redor do mundo, seu estilo é influenciado pelo modernismo e por conceitos filosóficos nipônicos. Marcados por variedades de estilos e experimentações constantes, estão dentre seus projetos o Museu de Arte Contemporânea de Los Angeles e o Dom Esportivo de Palau Sant Jordi, em Barcelona.
Já o mais recente arquiteto a receber o Prêmio Pritzker foi Riken Yamamoto, conhecido por sua abordagem voltada para o coletivo e para a convivência social. Seus projetos promovem a integração entre espaço público e privado, propondo a arquitetura como uma plataforma para encontros e trocas sociais, como a comunidade de Hotakubo Housing e o Museu de Arte de Yokosuka.
A arquitetura japonesa é uma referência para profissionais da arquitetura de diversas partes do mundo, com características que vão além da premiação, como a simplicidade estética, a conexão com a natureza e a união de técnicas tradicionais e contemporâneas. O Japão, ainda, é uma fonte contínua de inspiração para designers contemporâneos e apresenta temas urgentes, como a sustentabilidade, o bem-estar e a coletividade.
Serviço: Exposição “Princípios Japoneses: Design e Recursos”
Local: Japan House São Paulo – Avenida Paulista, 52 – São Paulo/SP
Período: até 8 de junho de 2025
Horário de funcionamento: terça a sexta-feira, das 10h às 18h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 19h
Entrada: gratuita (agendamento antecipado opcional)
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