
O próximo sábado, 26, é o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Hipertensão Arterial, data em que profissionais de saúde fazem um alerta importante para a conscientização da população sobre a identificação dessa doença “silenciosa”, mas que pode ser controlada com o acompanhamento médico e mudanças de hábitos.
Estima-se que cerca de 27,9% dos brasileiros sejam hipertensos. A maior prevalência ocorre entre mulheres, com 29,3% das pessoas do sexo feminino com a doença. Entre os homens, 26,4% têm hipertensão. Os dados são do levantamento feito pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, realizado, em 2023, nas 27 capitais.
O cardiologista Maurício Bicudo, do IMC – Instituto de Moléstias Cardiovasculares, de Rio Preto, explica que a hipertensão arterial sistêmica, popularmente conhecida como pressão alta, é uma condição crônica não transmissível caracterizada pelo aumento persistente da pressão sanguínea nas artérias. Isso significa que o coração precisa fazer mais força para bombear o sangue para o resto do corpo, o que pode causar sérios problemas de saúde ao longo do tempo.
Dr. Maurício explica que uma pessoa é considerada hipertensa quando apresenta valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg no consultório médico ou em medições repetidas em diferentes ocasiões, utilizando-se a técnica correta para a obtenção das medidas. “É importante ressaltar que apenas uma aferição acima do normal não caracteriza hipertensão arterial sistêmica, mas indica que a pessoa deve procurar um médico para compreender o motivo”, salienta ele, acrescentando que o diagnóstico preciso para essa doença “silenciosa” deve ser feito por um profissional de saúde, considerando também fatores de risco e condições clínicas e ambientais.
A pressão alta pode ter diversas causas , por isso é considerada uma doença multifatorial. Os fatores de risco para o desenvolvimento da hipertensão arterial sistêmica podem ser divididos em: não modificáveis (como a história familiar, herança genética, idade, prematuridade e baixo peso ao nascer) e os modificáveis, onde a ação do individuo faz toda a diferença (como ingestão excessiva de sal > 2g/dia, obesidade e sobrepeso, sedentarismo, ingesta de álcool > 30g/dia em homens e > 15g/dia em mulheres , apneia/hipopneia obstrutiva do sono e alterações comportamentais como ansiedade, stress e outras condições).
Os sintomas da hipertensão podem não aparecer em todos os pacientes, como alerta o cardiologista, tornando a doença ainda mais perigosa. No entanto, alguns sinais podem indicar que algo está errado, como dores de cabeça frequentes, tontura e mal-estar, visão embaçada ou alterações visuais associadas à dor de cabeça, falta de ar e dor no peito.
“Caso esses sintomas apareçam, é essencial buscar atendimento médico, porque o grande problema da hipertensão arterial sistêmica são suas consequências. Se não for controlada, ela pode levar a sérias complicações, como acidente vascular cerebral (AVC), infarto agudo do miocárdio, insuficiência cardíaca, doenças renais e problemas na visão”, informa o cardiologista do IMC.
Embora seja mais comum em adultos, crianças e adolescentes também podem desenvolver hipertensão, principalmente devido a fatores genéticos, obesidade e maus hábitos alimentares. “O acompanhamento pediátrico é fundamental para a prevenção e tratamento. A hipertensão em crianças, geralmente, tem causas de maior gravidade e que precisam ser investigadas com maior atenção”, pontua.
Para confirmar o diagnóstico da hipertensão será necessária a aferição da pressão arterial em diferentes momentos. Em alguns casos, exames complementares, como monitorização ambulatorial da pressão arterial (Mapa) ou monitorização residencial da pressão arterial (MRPA), podem ser solicitados pelo médico.
“O tratamento inclui mudanças no estilo de vida, com destaque para a perda de peso que é a medida com maior impacto na redução da pressão arterial. Segunda a última diretriz brasileira de hipertensão publicada em 2020, a cada 5% de peso eliminado pelo paciente há redução de 20-30% do valor da pressão arterial e, em muitos casos, o uso de medicamentos anti-hipertensivos são necessários com benefícios comprovados em redução de eventos cardiovasculares e sobrevida”, informa Dr. Maurício.
As principais medidas para o controle da hipertensão são: reduzir o consumo de sal e alimentos ultraprocessados, principalmente aqueles ricos em sódio, como refrigerantes; praticar atividade física regularmente para manter um peso saudável (IMC < 25 até os 65 anos de idade e IMC < 27 após os 65 anos, além de circunferência abdominal < 80cm em mulheres e < 94cm em homens); controlar o estresse e evitar o consumo excessivo de álcool, além de seguir corretamente as orientações médicas e tomar os medicamentos prescritos.
O controle da pressão arterial vai muito além de se obter um número adequado no visor do aparelho digital. Segundo Ettehad D e colaboradores, em publicação na revista Lancet, a cada redução de 10mmHg na pressão arterial reduz-se cerca de 20% de eventos cardiovasculares totais no decorrer da vida do indivíduo, com 17% de redução de doença arterial coronariana, 27% menos chances de AVC (acidente vascular cerebral ou o popular derrame), 29% de redução de desenvolvimento de insuficiência cardíaca (enfraquecimento do coração) e redução de 13% de todas as causas de mortalidade. Portanto controlar a pressão é garantir mais tempo de vida e com mais qualidade!