Entre taças e boas histórias: um manifesto a favor das confrarias

Tem coisa melhor do que juntar amigas, abrir vinhos que ninguém conhece (ainda) e sair dali mais feliz, mais curiosa e, claro, um pouquinho mais entendida do assunto?

Na próxima semana, organizo — com a companhia generosa de uma querida amiga — mais um encontro da Descorchadas, confraria de mulheres apaixonadas por vinho da qual tenho o privilégio de fazer parte desde 2018. O tema do evento? Vinhos catarinenses feitos por mulheres. Vamos degustar quatro rótulos cuidadosamente escolhidos, cada um elaborado por uma enóloga que merece ser conhecida tanto quanto seus vinhos.

Mas este texto não é sobre as quatro enólogas (ainda), porque não quero estragar a surpresa das colegas de confraria que só devem saber sobre os vinhos escolhidos no dia do evento. Este texto é sobre a beleza de degustar vinhos em grupos.

A Descorchadas nasceu a partir do espírito leve e curioso de algumas mulheres interessadas em compartilhar experiências com vinhos. E posso dizer sem medo: foi ali que minha paixão pelo vinho criou raízes, muito antes de eu pensar em ser sommelière.

A proposta da confraria é simples: encontros mensais, organizados pelas integrantes em rodízio, sempre com o propósito de explorar novos vinhos e acolher convidadas que, como nós, se encantam com o ritual de abrir uma garrafa e compartilhar o momento.

mulheres da confraria Descorchadas em Florianópolis

Foi ali que tomei meus primeiros goles mais atentos e descobri o valor de aprender no coletivo. Porque vinho, meu bem, é muito mais do que saber dizer “bouquet” sem tropeçar: é sobre sentir, dividir, escutar.

Degustar em grupo é um exercício sensorial — mas também de escuta e afeto. É perceber como um mesmo rótulo pode despertar memórias distintas em cada pessoa. É treinar o nariz e o repertório, sim, mas também ter a humildade de aceitar que o outro pode sentir algo que você não sentiu. É ouvir o outro e, ao mesmo tempo, prestar mais atenção ao próprio paladar.

E se você está aí pensando que precisa ser expert pra montar sua própria confraria, pode parar. Tudo o que você precisa é de:
🍷 Um grupo de pessoas curiosas,
🍷 Um tema por encontro (vale país, uva, faixa de preço…),
🍷 Cada um leva uma garrafa e estuda algo para falar sobre ela no encontro — e pronto: já tem história, aprendizado e brindes garantidos.

Confrarias como a Descorchadas são lembretes de que o vinho não é sobre ostentação: é sobre experiência — compartilhada, leve, inesquecível.

Tim tim!

Beatriz Cavenaghi é jornalista, doutora em Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e sommelière pela Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-SC). @beacavenaghi no Instagram

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