Da grande imprensa a jornais de bairro, Papa Francisco atendeu jornalistas de vários veículos com abertura e disponibilidade; também conduziu a reforma da Cúria
Júlia Beck
Da Redação

Foto: REUTERS Luca Zennaro – Pool
Um Papa que teve “o cheiro das ovelhas”, que não só pediu, mas foi uma “Igreja em saída”. Ao refletir sobre a relação criada pelo Papa Francisco ao longo dos anos com os jornalistas e a mídia, é possível palpar sua coragem e impulso para o diálogo.
A tradicional entrevista nos voos, após as viagens apostólicas, não foram os únicos encontros entre o Santo Padre e os membros da imprensa. Ele recebeu muitos jornalistas para audiências no Vaticano e entrevistas exclusivas.
Em discursos voltados para os profissionais da comunicação, o pedido foi sempre por uma comunicação humanizada, desinflamada, que promovesse o diálogo, jamais a desinformação.
Francisco também esteve presente em redes sociais populares, como o X e o Instagram. Participou de um documentário e uma série documental, ambos veiculados em duas grandes plataformas de streaming.
Em 2013, no início de seu pontificado, o Papa já havia deixado claro o que pensava sobre a Igreja Católica e a imprensa: têm “pontos de proximidade na comunicação”. Nestes anos que esteve à frente da cátedra de Pedro, seguiu convicto do que frisou naquela época: ambas são orientadas pelos mesmos princípios – a verdade, a bondade e a beleza.
Reforma da Cúria
O pontificado do Papa Francisco foi também uma continuidade do trabalho de reforma da Cúria Romana iniciado pelos Papas anteriores. O processo materializou-se em março de 2022, com a publicação da constituição apostólica Praedicate Evangelium, sobre a Cúria Romana e o seu serviço à Igreja no mundo. O documento substituiu a ‘Pastor Bonus’, promulgada em 28 de junho de 1988 pelo Papa São João Paulo II.
A Praedicate Evangelium reforçou o papel dos leigos na Cúria Romana e a possibilidade de eles ocuparem cargos de autoridade e governo; reconheceu responsabilidades em que as Ordens Sagradas são necessárias; analisou o papel e a autoridade das Conferências Episcopais em todo o mundo.
Com o texto, a Pontifícia Comissão para a Proteção dos Menores recebeu especial importância e destaque com sua colocação sob a responsabilidade da Congregação para a Doutrina da Fé. O documento descreveu também as reformas e reorganização dos escritórios relativos às áreas econômica e financeira da Santa Sé.
Nesse processo de reforma da Cúria, Francisco prosseguiu na mesma linha de Bento XVI. A Vigilância instaurada pelo pontífice alemão com a Autoridade Financeira de Informação foi fortalecida pelo Papa argentino com dois Motus Proprios e a consolidação de uma Lei que reforçou o sistema interno de prevenção e combate à lavagem de dinheiro e ao financiamento de terrorismo.
A criação da Secretaria para a Economia foi um marco. Ela tem autoridade sobre todas as atividades econômicas e administrativas da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano. O feito gerou simplificação e vigilância, superando as expectativas de quem esperava uma reforma apenas no Banco do Vaticano.
No final do ano passado, uma carta do Papa Francisco ao Colégio Cardinalício chamou atenção: o documento recordou os 10 anos da reforma da Cúria Romana e a publicação da Constituição Apostólica Predicate Evangelium, escrita pelo próprio Pontífice, em 2022. No texto, o Santo Padre pediu a colaboração e apoio dos cardeais em iniciativas que tinham como objetivo reduzir custos e melhorar a administração dos recursos destinados a gerir a missão da Igreja.
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