Forbes, a mais conceituada revista de negócios e economia do mundo.
Bom dia. Estamos na sexta-feira, 23 de maio.
Cenários
O fim da quinta-feira (22) foi agitado nos mercados. No meio da tarde, os investidores até se animaram com a notícia de que o governo iria contingenciar R$ 31,3 bilhões em gastos para ajustar as contas públicas. No entanto, o anúncio de um aumento inesperado do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) azedou os ânimos. Em um primeiro momento as mudanças incluíram até uma nova tributação, sobre as remessas internacionais de fundos de investimento. No fim do dia o governo voltou atrás, mas o mal já estava feito.
Sem aviso prévio nem balões de ensaio, durante uma entrevista coletiva em Brasília, Fernando Haddad, ministro da Fazenda, anunciou novas incidências e um aumento nas alíquotas. A estimativa do governo é que as mudanças no IOF devem elevar as receitas este ano em R$ 20,5 bilhões e, no ano que vem, em R$ 41 bilhões.
No caso das pessoas físicas, as maiores alterações foram: 1) a criação de uma alíquota 5% em aportes de planos de previdência privada que superarem R$ 50 mil; 2) a elevação da alíquota sobre compras de moeda estrangeira em espécie, que subiu de 1,1% para 3,5% e 3) o aumento da alíquota sobre as compras com cartões de crédito e cartões pré-pagos internacionais, que subiu de 3,38% para 3,50%.
No caso das empresas, o IOF aumentou na hora de tomar dinheiro emprestado. A alíquota na contratação subiu de 0,38% para 0,95%. A alíquota diária dobrou, com diferenças para empresas que fazem parte do Simples Nacional e as demais. E o teto do IOF também dobrou, subindo de 1,88% para 3,95%, e, no caso de empresas do Simples, aumentando de 0,88% para 1,95%.
Também foi anunciada a cobrança de IOF nas remessas de fundos de investimento para o exterior. Antes isentas, essas remessas passariam a ter uma alíquota de 3,5%. Porém, a repercussão negativa do mercado fez o governo mudar de ideia horas depois, e “após diálogo e avaliação técnica”, o Ministério da Fazenda decidiu manter a alíquota de IOF em zero. Remessas destinadas a investimentos continuarão sujeitas à alíquota atualmente vigente de 1,1%, sem alterações.
Perspectivas
A expectativa dos investidores é de uma forte volatilidade no mercado no início dos negócios nesta sexta-feira. Ao tributar remessas e investimentos internacionais, o governo estaria sinalizando um ambiente mais adverso no mercado de câmbio, o que não agrada aos investidores, especialmente os internacionais.
À primeira vista, o retrocesso da medida evita o pior, mas a impressão que fica não é positiva. Mostra que a decisão foi apressada e que o Ministério da Fazenda não combinou o jogo com o Banco Central (BC), como costuma acontecer quando há alterações no mercado de câmbio.
A reação dos mercados domésticos mostra isso. Quando o governo anunciou o contingenciamento de despesas, os contratos de dólar futuro para junho recuaram 0,93% para o mínimo de R$ 5,6045. Porém, a notícia do IOF elevou a cotação para R$ 5,7820, alta de 2,20%. A taxa de câmbio oscilou R$ 0,18 entre a mínima e a máxima do dia, uma volatilidade muito acima do normal. Espera-se, portanto, uma sexta-feira volátil e com correções nos mercados de juros, câmbio e ações.
Indicadores
- Brasil
Sem indicadores relevantes
- Estados Unidos
Venda de casas novas (Abr)
Esperado: 694 mil
Anterior: 724 mil
O post Pré-mercado: Incerteza com Mudanças e Retrocesso do Governo no IOF apareceu primeiro em Forbes Brasil.