Seguindo os Passos de Musk: Por Que o Mercado Livre Acumula US$ 60 Milhões em Bitcoin

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Mercado Livre, o gigante do comércio eletrônico na América Latina, reforçou sua aposta nas criptomoedas nos últimos anos. Segundo o balanço do primeiro trimestre de 2025, a companhia adicionou mais de 157 bitcoins à sua tesouraria, alcançando um total de 570 bitcoins e 3.050 ethers, a segunda criptomoeda com maior valor de mercado. A estratégia, semelhante à adotada anteriormente por empresas como a MicroStrategy, de Michael Saylor, e a Tesla, de Elon Musk, reflete uma crescente institucionalização do ecossistema cripto na região.

“Uma empresa do porte do Mercado Livre continuar incorporando Bitcoin e Ethereum à sua tesouraria é um sinal claro do nível de maturidade que o ecossistema cripto atingiu na América Latina”, afirma Sebastián Serrano, CEO da Ripio. E acrescenta: “já não se trata de uma aposta especulativa ou de uma moda tecnológica: hoje vemos que empresas líderes começam a considerar as criptomoedas como parte estratégica de sua diversificação de ativos”.

Marcelo Cavazzoli, CEO da Lemon, não apenas concorda com essa análise, como também explica que a Lemon segue o mesmo caminho. “Acreditamos que o futuro do dinheiro está na blockchain. Por isso, em abril de 2025 tomamos uma decisão estratégica: começamos a acumular Bitcoin como parte de nossa política de tesouraria de longo prazo. Destinamos um percentual do caixa próprio da empresa, equivalente a um mês de receitas, em Bitcoin. Esse passo reflete nossa convicção no futuro que estamos construindo e consolida uma posição estratégica no que consideramos o melhor ativo de reserva de valor já criado na história da humanidade”.

Enquanto isso, na Bitso, essa decisão também é interpretada como uma declaração de princípios. “Não se trata apenas de uma estratégia financeira, mas de uma forma de se posicionar em relação ao futuro do dinheiro digital”, explica Julián Colombo, diretor-geral da Bitso Argentina. “Ter cripto no balanço representa uma vantagem reputacional e alinha a empresa com a inovação financeira”.

Bitcoin nas tesourarias de empresas

De acordo com as informações disponíveis, diversas empresas públicas e privadas adotaram estratégias significativas ao incorporar Bitcoin em seus balanços. No total, há mais de 286 mil bitcoins em tesourarias de empresas privadas e mais de 786 mil nas de companhias públicas. Além disso, são 28 empresas privadas e 107 públicas que detêm esse ativo em seus portfólios.

Principais empresas públicas com reservas de bitcoin

MicroStrategy (MSTR): 568.840 BTC
Valor estimado: US$ 58,75 bilhões (R$ 333,11 bilhões)
Percentual do fornecimento total de BTC: 2,709%
Proporção BTC / Capitalização de mercado: 53,13%

Marathon Digital Holdings (MARA): 48.237 BTC
Valor estimado: US$ 4,98 bilhões (R$ 28,24 bilhões)
Proporção BTC / Capitalização de mercado: 87,34%

Riot Platforms, Inc. (RIOT): 19.211 BTC
Valor estimado: US$ 1,98 bilhão (R$ 11,23 bilhões)
Proporção BTC / Capitalização de mercado: 60,70%

CleanSpark, Inc. (CLSK): 12.101 BTC
Valor estimado: US$ 1,25 bilhão (R$ 7,08 bilhões)
Proporção BTC / Capitalização de mercado: 45,49%

Tesla, Inc. (TSLA): 11.509 BTC
Valor estimado: US$ 1,18 bilhão (R$ 6,69 bilhões)
Proporção BTC / Capitalização de mercado: 0,11%

Posição do Mercado Livre em bitcoin

Atualmente, o Mercado Livre possui 570,4 BTC, com valor estimado em US$ 58,91 milhões (R$ 334,02 milhões). Embora essa quantia represente apenas 0,003% do fornecimento total de Bitcoin, ela posiciona a empresa como uma das poucas companhias latino-americanas que incorporaram BTC à sua tesouraria. Sua proporção BTC / capitalização de mercado é de 0,04%, o que indica uma estratégia de diversificação prudente, mas significativa.

Benefícios do bitcoin para as empresas

Para Julián Colombo, da Bitso, incluir BTC ou ETH na tesouraria oferece múltiplos benefícios. “Primeiro, funciona como proteção contra a desvalorização das moedas locais, algo especialmente relevante na América Latina. Segundo, pode se tornar uma estratégia para otimizar o acesso à liquidez internacional, sem passar por intermediários bancários tradicionais. E terceiro, para empresas de tecnologia, ter cripto no balanço também pode representar uma vantagem reputacional: mostra alinhamento com a inovação financeira e com uma comunidade que valoriza a transparência e a descentralização”, destaca, embora também alerte: “Claro que não é para todas: exige uma boa governança interna e uma compreensão real dos riscos e das oportunidades”.

Cavazzoli, da Lemon, acrescenta que “em um mundo onde os bancos centrais podem emitir moeda à vontade, o Bitcoin oferece uma política monetária imutável: existirão apenas 21 milhões”. “Essa escassez programada o transforma em uma reserva de valor confiável, especialmente em regiões acostumadas à inflação e à desvalorização. Para as empresas que constroem sobre blockchain, ou que simplesmente acreditam em seu potencial, incorporar esses ativos é um símbolo de liderança na transição para uma economia digital e descentralizada”, comenta. E conclui: “Não se trata apenas de falar sobre o futuro, mas de refletir isso no balanço. Também é uma forma eficaz de se proteger frente a moedas frágeis ou ambientes cambiais restritivos. Assim como ter dólares é símbolo de prudência financeira, hoje, ter Bitcoin na tesouraria é símbolo de visão de futuro”.

Empresas latino-americanas com bitcoin

No cenário regional, essa tendência também se reflete nos números. Segundo informações da Ripio, seu segmento Business processou mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,67 bilhões) em um trimestre durante 2024, com crescimento de 100 vezes no volume anual. Enquanto isso, a Bitso Business duplicou seu volume de transações e alcançou mais de US$ 12 bilhões (R$ 68,04 bilhões), ampliando sua base para mais de 1.900 clientes institucionais.

“Hoje gerenciamos mais de 10 transações por segundo nesse segmento, o que demonstra uma adoção real e sustentada. Milhares de empresas confiam e já operam conosco, e cada vez mais — de fintechs a plataformas globais — estão incorporando cripto em suas operações: seja para facilitar pagamentos internacionais, como método de hedge, ou como parte de suas estratégias de expansão regional”, afirma Sebastián Serrano, da Ripio, que ainda acrescenta: “Trabalhamos com clientes como Mercado Pago no Brasil, Chile e México, OCA Blue do Grupo Itaú no Uruguai, Invertir Online na Argentina, entre muitos outros.

Atualmente, as empresas também estão adotando fortemente as stablecoins em suas operações. Na verdade, hoje, 70% do volume operado na Ripio corresponde a stablecoins. Esse interesse corporativo confirma que a criptoeconomia deixou de ser um nicho e está se integrando de forma estrutural aos processos financeiros das principais companhias da região”.

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