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Forbes, a mais conceituada revista de neg\u00f3cios e economia do mundo.<\/p>\n
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Em 2016, Hayao Miyazaki,<\/strong> co-fundador e diretor do Studio Ghibli,<\/strong> disse que a arte gerada por m\u00e1quinas era um \u201cinsulto \u00e0 vida\u201d e que \u201cjamais incorporaria tal tecnologia ao seu trabalho\u201d. Quase dez anos depois, na \u00faltima semana de mar\u00e7o de 2025, usu\u00e1rios de todo o mundo utilizaram a ferramenta de gera\u00e7\u00e3o de imagens (agora gratuita) do ChatGPT para transformar fotos em \u201cilustra\u00e7\u00f5es com a est\u00e9tica Ghibli\u201d.<\/p>\nEm entrevista ao Selo de HQs da Companhia das Letras,<\/strong> o quadrinista brasileiro Fido Nesti,<\/strong> premiado autor da edi\u00e7\u00e3o em HQ de \u201c1984\u201d<\/strong>, pontuou: \u201cO uso n\u00e3o autorizado de lA, como no caso do Studio Ghibli, viola direitos autorais e gera imagens descart\u00e1veis. Esses conte\u00fados s\u00e3o esquecidos em milissegundos nas redes sociais, onde parece que ningu\u00e9m se importa com quem criou o qu\u00ea.\u201d<\/p>\n\nLeia tamb\u00e9m<\/h2>\n\n
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Segundo dados da SensorTower<\/strong> obtidos pela Reuters<\/strong>, a receita de assinaturas e downloads do aplicativo atingiram um recorde hist\u00f3rico.<\/p>\nPara al\u00e9m de poss\u00edveis quest\u00f5es \u00e9ticas, tendo em vista o posicionamento do criador da est\u00e9tica, se o Studio Ghibli n\u00e3o reivindicar seus direitos autorais, os lucros da OpenAI<\/strong> ser\u00e3o obtidos por meio do trabalho de um terceiro n\u00e3o remunerado. \u201cEstamos vivendo um momento de transi\u00e7\u00e3o, em que a tecnologia est\u00e1 avan\u00e7ando muito mais r\u00e1pido do que a legisla\u00e7\u00e3o<\/strong> consegue acompanhar\u201d, pontua Alexander Coelho, especialista em direito digital e prote\u00e7\u00e3o de dados da Godke Advogados.<\/strong><\/p>\nPara o advogado, \u00e9 essencial que os \u201cusu\u00e1rios recebam atentos, leiam os termos de uso<\/strong> dessas plataformas e compreendam que, mesmo sem inten\u00e7\u00e3o, podem estar se expondo a riscos jur\u00eddicos ou contribuindo para pr\u00e1ticas que levantam s\u00e9rias quest\u00f5es \u00e9ticas e legais\u201d.<\/p>\nVanderlei Garcia Jr, s\u00f3cio do VGJr Advogados e especialista em Propriedade Intelectual e IA,<\/strong> tamb\u00e9m destaca os riscos para os internautas que disponibilizaram suas fotos para as ferramentas. \u201cO usu\u00e1rio pode ceder, muitas vezes sem perceber, direitos sobre o uso de sua imagem.\u201d<\/p>\n\u201cMesmo que as empresas afirmem que n\u00e3o armazenam imagens, a assimetria de informa\u00e7\u00e3o \u00e9 gritante. Quantos usu\u00e1rios, de fato, leem os termos? Quantos entendem que est\u00e3o entregando algo \u00fanico e intransfer\u00edvel, seus tra\u00e7os, express\u00f5es, emo\u00e7\u00f5es, para uma m\u00e1quina?\u201d, complementa Alexander<\/strong>.<\/p>\nPara as marcas e criadores, Bruno D\u2019Angelo, CEO da WIP<\/strong>, startup especializada em propriedades intelectuais, aconselha o registro de conte\u00fados<\/strong> como sa\u00edda para poss\u00edveis pl\u00e1gios<\/strong> de plataformas de IA. \u201cDa biblioteca nacional at\u00e9 o INPI, voc\u00ea pode registrar um texto, uma marca ou um personagem, o que vale \u00e9 o \u201cselo\u201d de temporalidade, ou seja, quem registrou primeiro.\u201d<\/p>\nO executivo reafirma a import\u00e2ncia da regulamenta\u00e7\u00e3o<\/strong> para a mitiga\u00e7\u00e3o deste tipo de infra\u00e7\u00e3o. \u201cN\u00e3o s\u00f3 pra IA, mas para influenciadores<\/strong>, redes sociais e etc. No entanto, a diferen\u00e7a exige fiscaliza\u00e7\u00e3o e a\u00e7\u00f5es afirmativas para impedir esses atos.\u201d<\/p>\nArte com IA \u00e9 poss\u00edvel?<\/h3>\n Apesar dos exemplos recentes, existem artistas que utilizam a intelig\u00eancia artificial<\/strong> como ferramenta de trabalho, com diretrizes estabelecidas e sem nenhum tipo de pl\u00e1gio. A brasileira Vanessa Rosa<\/strong> \u00e9 reconhecida mundialmente por suas obras. Recentemente, a Nvidia<\/strong> escolheu o projeto \u201cPequenos Marcianos\u201d<\/strong>, de Rosa, para integrar sua galeria virtual.<\/p>\n\u201cEventualmente, recebo cr\u00edticas negativas pelo meu uso de IA, mas a maior parte do meu tempo vivo imersa em meios onde o uso da IA \u00e9 o lugar comum. O desafio \u00e9 compartilhar este amor e pesquisa sobre IA com o grande p\u00fablico, que n\u00e3o acompanha os canais especializados\u201d, conta a brasileira, que \u00e9 uma das organizadoras do Mars College<\/strong>, resid\u00eancia art\u00edstica de pesquisadores e desenvolvedores de c\u00f3digo aberto na Calif\u00f3rnia.<\/p>\n<\/p>\nSobre o caso do Studio Ghibli, Vanessa refor\u00e7a: \u201cEm 2021 eu publiquei um texto chamado \u2018Copyright Storm \u2014 Autoria na era da Intelig\u00eancia Artificial\u2019<\/strong>\u00a0<\/em>que j\u00e1 abordava esta problem\u00e1tica. Inclusive eu usei o Studio Ghibli como exemplo. Muitos nomes considerados grandes na cena de arte e IA n\u00e3o me inspiram respeito algum. Vejo o movimento de c\u00f3digo aberto<\/strong> como essencial<\/strong> neste momento, como um contraponto ao oligop\u00f3lio das Big Techs<\/em>.\u201d<\/p>\nTodavia, a brasileira radicada nos Estados Unidos<\/strong> traz uma nova perspectiva \u00e0 mesa \u201ccomo definir \u00e9tica no mundo da IA<\/strong>?\u201d Para ela, as no\u00e7\u00f5es estabelecidas de autoria e copyright fazem pouco sentido neste novo contexto. \u201cS\u00e3o muitas mudan\u00e7as de paradigma<\/strong> acontecendo ao mesmo tempo, a internet vai se transformar muito nos pr\u00f3ximos anos. Estou contente que o assunto est\u00e1 finalmente sendo debatido pelo grande p\u00fablico.\u201d<\/p>\nAinda sobre a pol\u00eamica recente, ela diz que \u201ca trend poderia ajudar a promover o Studio Ghibli\u201d. \u201cNo TikTok e no Instagram, h\u00e1 muita vantagem em come\u00e7ar uma tend\u00eancia, quanto mais contas criarem em cima do seu conte\u00fado, melhor. Seria bom termos mais mecanismos que recompensem<\/strong> um criador quando sua est\u00e9tica viraliza.\u201d<\/p>\nOs in\u00fameros obst\u00e1culos para a intersec\u00e7\u00e3o entre tecnologia e arte n\u00e3o impedem Vanessa de seguir em frente. \u201cEu nunca pensei que poderia produzir filmes de anima\u00e7\u00e3o, que poderia criar mundos interativos, e agora alcancei reconhecimento internacional fazendo justamente isso. Minha anima\u00e7\u00e3o \u2018Little Martians: Dear Human, My Muse\u2019<\/strong> foi exibida em 30 festivais internacionais de cinema, ganhando 10 pr\u00eamios, incluindo o de Melhor Diretora de Curta-Metragem no World Film Festival em Cannes<\/strong>.\u201d<\/p>\n