{"id":94651,"date":"2025-04-01T06:06:04","date_gmt":"2025-04-01T09:06:04","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia6.jornalfloripa.com.br\/agencia6\/94651"},"modified":"2025-04-01T06:06:04","modified_gmt":"2025-04-01T09:06:04","slug":"graf-zeppelin-e-hindenburg-relembre-a-passagem-dos-dirigiveis-alemaes-por-brusque-e-regiao-na-decada-de-1930","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia6.jornalfloripa.com.br\/agencia6\/94651","title":{"rendered":"Graf Zeppelin e Hindenburg: relembre a passagem dos dirig\u00edveis alem\u00e3es por Brusque e regi\u00e3o na d\u00e9cada de 1930"},"content":{"rendered":"
No in\u00edcio do s\u00e9culo XX, os dirig\u00edveis eram considerados uma das maiores conquistas tecnol\u00f3gicas da humanidade. Na d\u00e9cada de 1930, os moradores de Brusque tiveram a oportunidade de observar dois dos maiores dirig\u00edveis da \u00e9poca: o Graf Zeppelin e o Hindenburg. <\/span><\/p>\n Embora sua passagem tenha sido documentada no munic\u00edpio, o Graf Zeppelin n\u00e3o p\u00f4de ser visto pelos moradores devido ao mau tempo. J\u00e1 o Hindenburg ficou marcado na hist\u00f3ria, pois foi vis\u00edvel com clareza por toda a regi\u00e3o.<\/span><\/p>\n Considerados marcos da avia\u00e7\u00e3o, os dois conectaram a Europa \u00e0 Am\u00e9rica do Sul nos anos 1920 e 1930. Em 1934, o empres\u00e1rio Carlos Renaux, de Brusque, viajou no Graf Zeppelin, que sobrevoou os munic\u00edpios do Vale do Itaja\u00ed, deixando moradores fascinados.<\/span><\/p>\n Dois anos antes (1932), Renaux j\u00e1 havia voado no mesmo dirig\u00edvel, mas com um trajeto diferente: foi de Hamburgo (Alemanha) at\u00e9 o Rio de Janeiro.<\/span><\/p>\n Diferente do Graf Zeppelin, o Hindenburg exibia em suas caudas a su\u00e1stica, s\u00edmbolo do nazismo. Apesar do contexto pol\u00edtico, as viagens para o Brasil continuaram, consolidando a conex\u00e3o a\u00e9rea entre a Europa e a Am\u00e9rica do Sul.<\/span><\/p>\n O LZ-127, conhecido como Graf Zeppelin, foi um marco na hist\u00f3ria da avia\u00e7\u00e3o. Em 1900 ele foi considerado o primeiro dirig\u00edvel experimental de sucesso. A primeira decolagem aconteceu em um hangar flutuante no Lago de Constan\u00e7a, no sul da Alemanha.<\/span><\/p>\n O seu voo inaugural ocorreu em 1928, ligando Frankfurt a Nova York, com uma dura\u00e7\u00e3o de 112 horas. J\u00e1 os voos comerciais entre o Brasil e a Alemanha come\u00e7aram em 1930.<\/span><\/p>\n O dirig\u00edvel foi batizado com o nome Graf Zeppelin em 8 de julho de 1928 pela condessa Helena von Brandenstein-Zeppelin, filha do conde Ferdinand von Zeppelin. Embora fosse um modelo experimental, a aeronave operou por 9 anos.<\/span><\/p>\n Com 236 metros de comprimento, estrutura de duralum\u00ednio e 17 c\u00e9lulas de hidrog\u00eanio, o Graf Zeppelin voava a 110 km\/h. Sua capacidade inicial era de 20 passageiros, que logo aumentou para 40, e a tripula\u00e7\u00e3o contava com 36 pessoas.<\/span><\/p>\n Segundo o historiador e pesquisador Cristiano Rocha Affonso Costa, que participa do document\u00e1rio \u201cO Dirig\u00edvel<\/a>\u201c, o <\/span>l\u00edder da Companhia Zeppelin, Hugo Eckener, desempenhou papel crucial nas opera\u00e7\u00f5es.<\/span><\/p>\n Em 1929, sob o comando de Eckener, o Graf Zeppelin completou sua primeira volta ao mundo em 21 dias, percorrendo 34,6 mil km. No retorno de T\u00f3quio, uma tempestade sobre o oceano interrompeu a comunica\u00e7\u00e3o por dois dias, gerando especula\u00e7\u00f5es sobre seu desaparecimento.<\/span><\/p>\n O al\u00edvio chegou com o restabelecimento do contato e, ao voltar \u00e0 Alemanha, a tripula\u00e7\u00e3o foi recebida com uma celebra\u00e7\u00e3o apote\u00f3tica.<\/span><\/p>\n Anos depois, em 1932, o C\u00f4nsul Carlos Renaux, fundador da ind\u00fastria t\u00eaxtil em Santa Catarina e ilustre morador de Brusque, fez a travessia do Atl\u00e2ntico a bordo do Graf Zeppelin, na rota Frankfurt \u2013 Recife \u2013 Rio de Janeiro.<\/span><\/p>\n A viagem hist\u00f3rica foi amplamente coberta pela m\u00eddia e documentada no filme \u201cFlying Down to Rio 1932\u201d, produzido pela British Path\u00e9.<\/span><\/p>\n A viagem durava tr\u00eas dias (5000 milhas), passando por Cabo Verde, Fernando de Noronha, Recife, Salvador e finalmente Rio de Janeiro. Na \u00e9poca, Carlos Renaux tinha 70 anos e realizou o sonho de muitos: viajar a bordo de um dirig\u00edvel.<\/span><\/p>\n \u00a0<\/p>\n Em 1934, o Graf Zeppelin sobrevoou Brusque, mas o mau tempo impediu que a popula\u00e7\u00e3o o visse com clareza. Por esse motivo, as fotos da passagem dele e do Hindenburg (que foi realmente avistado em Brusque) acabam sendo confundidas.<\/span><\/p>\n Quando o tempo melhorou, Blumenau teve uma vis\u00e3o mais n\u00edtida do dirig\u00edvel. Relatos da \u00e9poca indicam que o Graf Zeppelin surgiu por volta das 6h45, sendo anunciado pelo som dos motores.<\/span><\/p>\n A not\u00edcia de que o Graf Zeppelin passaria por Blumenau se espalhou rapidamente e a popula\u00e7\u00e3o se preparou para receb\u00ea-lo com bandeirinhas. O dirig\u00edvel sobrevoou o Morro do Aipim a 120 km\/h, passando sobre o rio Itaja\u00ed-A\u00e7u.<\/span><\/p>\n Durante alguns minutos, ele permaneceu sobre o centro da cidade, antes de seguir para \u2018as Itoupavas\u2019. \u00c0 noite, o Graf Zeppelin retornou, desta vez em alta velocidade, seguindo para Itaja\u00ed.\u00a0<\/span><\/p>\n Em novembro de 1935, o Graf Zeppelin aguardou cinco dias sobre o Atl\u00e2ntico pr\u00f3ximo a Recife, devido \u00e0 instabilidade pol\u00edtica provocada pela Intentona Comunista, um movimento armado que ocorreu no Brasil entre 23 e 27 de novembro daquele ano. <\/span>O objetivo era derrubar o governo de Get\u00falio Vargas e instalar um governo comunista no pa\u00eds. <\/span><\/p>\n Ao todo, o dirig\u00edvel fez 590 voos, somando 17 mil horas no ar e transportando 34 mil passageiros.\u00a0<\/span>O \u00faltimo voo ao Brasil foi em 4 de maio de 1937, de Recife para Frankfurt, e o voo final ocorreu em 18 de junho de 1937, de Friedrichshafen para Frankfurt.<\/span><\/p>\n A sua passagem por Blumenau foi t\u00e3o marcante que recebeu uma homenagem em um carro aleg\u00f3rico da 39\u00aa Oktoberfest de Blumenau, o<\/span> Luftschiff Gruppe<\/span><\/a>.<\/span><\/p>\n O LZ 129 Hindenburg foi um dos dirig\u00edveis mais not\u00f3rios da hist\u00f3ria, constru\u00eddo pela Luftschiffbau-Zeppelin GmbH, na Alemanha. Considerado a maior nave que j\u00e1 voou na hist\u00f3ria, tinha 249 metros de comprimento, 41 de altura e transportava 70 passageiros.<\/span><\/p>\n Finalizado em 1936, era projetado para usar h\u00e9lio, mas foi abastecido com hidrog\u00eanio devido a restri\u00e7\u00f5es dos EUA. Seus motores Daimler-Benz garantiam velocidade de cruzeiro de 125 km\/h, com autonomia de seis dias no ar.<\/span><\/p>\n \u201cO Hindenburg fez seu primeiro voo ao Brasil em 31 de mar\u00e7o de 1936. Depois, seguiu para a Am\u00e9rica do Norte\u201d, explica Cristiano. <\/span>Foram 63 voos, com 17 travessias do Atl\u00e2ntico \u2014 10 para os EUA e sete para o Brasil.<\/span><\/p>\n Em 30 de mar\u00e7o de 1936, inaugurou a linha regular para o Rio de Janeiro, e em 1\u00ba de dezembro sobrevoou Brusque \u00e0s 5h da manh\u00e3. A col\u00f4nia alem\u00e3 recebeu a passagem com entusiasmo, vendo-a como homenagem da Companhia Zeppelin aos imigrantes no Brasil.<\/span><\/p>\n A expectativa era enorme, especialmente pela conex\u00e3o da cidade com a Alemanha e pelas viagens do c\u00f4nsul Carlos Renaux a bordo do Graf Zeppelin em 1932 e 1934.<\/span><\/p>\n Ursula Rombach, moradora de Brusque e tamb\u00e9m participante do document\u00e1rio \u201c<\/span>O Dirig\u00edvel<\/span><\/a>\u201c, relembra: \u201celes fizeram com que n\u00f3s nos levant\u00e1ssemos para ver essa coisa formid\u00e1vel que era o dirig\u00edvel alem\u00e3o. Enorme. Silencioso. Majestoso\u201d.<\/span><\/p>\n O jornal O Progresso registrou o momento: \u201ca aeronave voa por sobre a cidade. O povo sa\u00fada-a enquanto passa a grande altura. Len\u00e7os se agitam, palmas reboam, frases de entusiasmo se ouvem\u201d.<\/span><\/p>\n Uma foto famosa mostra o Hindenburg sobre o Palacete Carlos Renaux (atual Pra\u00e7a Bar\u00e3o de Schneeburg), mas, anos depois, descobriu-se que era uma montagem feita a pedido do pr\u00f3prio Carlos Renaux. Esse tipo de montagem era comum na \u00e9poca e muitas cidades catarinenses repetiram a ideia.\u00a0<\/span><\/p>\n \u00c9 fato que a partir de 1933, os dirig\u00edveis Zeppelin foram utilizados como ferramentas de propaganda pelo regime nazista, com o ministro da propaganda Joseph Goebbels usando o Graf Zeppelin para voar at\u00e9 Roma, onde teve seu primeiro encontro com o governo fascista da It\u00e1lia.<\/span><\/p>\n Diferente do Graf Zeppelin, que foi produzido antes de Hitler assumir o chancelerato da Alemanha, o Hindenburg exibiam em suas caudas pinturas das bandeiras da Alemanha nazista, com a su\u00e1stica em destaque.\u00a0<\/span><\/p>\n Segundo o jornalista e escritor Carlos Braga Mueller, a passagem dois dos maiores s\u00edmbolos da conquista do espa\u00e7o a\u00e9reo pelos alem\u00e3es na regi\u00e3o de fato revelou a import\u00e2ncia que a \u00e1rea tinha aos olhos de Adolf Hitler, \u201ccujos sonhos de grandeza inclu\u00edam a conquista do universo\u201d.<\/span><\/p>\n Segundo uma lenda citada pelo escritor, o sobrevoo sobre o Vale do Itaja\u00ed em 1934 com o Graf Zeppelin (que n\u00e3o tinha a su\u00e1stica na cauda), teria sido para mapear um terreno nas proximidades de Hansa-Hammonia (hoje Ibirama), onde Hitler pretendia construir seu \u201cNinho de \u00c1guia\u201d no Brasil.<\/span><\/p>\n \u201cPara disfar\u00e7ar a inten\u00e7\u00e3o, o comandante Hugo Eckener teria parentes em Hansa-Hammonia, e a hist\u00f3ria divulgada foi de que ele aproveitou a ocasi\u00e3o para visit\u00e1-los do alto. De fato, ao passar por Blumenau, o dirig\u00edvel seguiu em dire\u00e7\u00e3o ao m\u00e9dio e alto Vale do Itaja\u00ed. O que \u00e9 verdade e o que \u00e9 mito? Certamente, jamais saberemos com certeza. Os que viveram naquela \u00e9poca n\u00e3o est\u00e3o mais a\u00ed para contar, e os arquivos nazistas foram confiscados e destru\u00eddos pelos aliados\u201d, diz Carlos.<\/span><\/p>\n A \u00faltima viagem do Hindenburg ocorreu em 6 de maio de 1937, com destino aos Estados Unidos, mais precisamente a Lakehurst, Nova Jersey. Durante manobras de pouso, a aeronave pegou fogo \u00e0s 19h30.<\/span><\/p>\n A bordo, estavam 36 passageiros e 61 tripulantes. Em apenas 30 segundos, a destrui\u00e7\u00e3o foi total. Treze passageiros, 22 tripulantes e um t\u00e9cnico em solo morreram.<\/span><\/p>\n Enquanto isso, o Graf Zeppelin retornava \u00e0 Europa, sobrevoando as Ilhas Can\u00e1rias, ap\u00f3s sua \u00faltima visita ao Brasil. Seus passageiros s\u00f3 souberam da trag\u00e9dia ap\u00f3s o pouso na Alemanha.<\/span><\/p>\n A Companhia Zeppelin atribuiu a falha humana ao acidente. Uma manobra brusca antes do pouso causou o rompimento de um tanque de hidrog\u00eanio, e uma fa\u00edsca gerou o inc\u00eandio. Ap\u00f3s o desastre, n\u00e3o houve mais viagens de passageiros \u00e0 Am\u00e9rica do Sul.<\/span><\/p>\n O acidente foi documentado no filme \u201cHindenburg Disaster: Real Zeppelin Explosion Footage (1937)\u201d, tamb\u00e9m produzido pela British Path\u00e9. <\/span><\/p>\n Ap\u00f3s o inc\u00eandio do Hindenburg, em 1937, a companhia encerrou suas atividades. \u201cA Zeppelin come\u00e7ou e terminou sua hist\u00f3ria com acidentes causados pela eletricidade est\u00e1tica, que incendiou o hidrog\u00eanio nos dirig\u00edveis\u201d, explica Cristiano.<\/span><\/p>\n Para conhecer mais sobre a hist\u00f3ria dos dirig\u00edveis no mundo, assista ao document\u00e1rio \u201cO Dirig\u00edvel\u201d, dispon\u00edvel no canal do YouTube da Gri\u00f4 Filmes. Produzido com recursos pr\u00f3prios, o document\u00e1rio aborda a trajet\u00f3ria dos dirig\u00edveis e conta com depoimentos de moradores de Brusque. A dire\u00e7\u00e3o e produ\u00e7\u00e3o \u00e9 de Alessandro Vieira, Carlos Alexandre Martins e Saulo Adami (escritor do roteiro).\u00a0<\/span><\/p>\n O jornal O Munic\u00edpio<\/strong> teve acesso as entrevistas e as informa\u00e7\u00f5es presentes no roteiro original (conclu\u00eddo em 2016), que serviram de base para esta reportagem. O texto est\u00e1 registrado no Escrit\u00f3rio de Direitos Autorais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.<\/span><\/p>\n \u00a0<\/p>\n Kai-F\u00e1h: Luciano Hang foi dono de bar em Brusque, onde conheceu sua esposa: <\/strong> \n<\/p>\n O post Graf Zeppelin e Hindenburg: relembre a passagem dos dirig\u00edveis alem\u00e3es por Brusque e regi\u00e3o na d\u00e9cada de 1930<\/a> apareceu primeiro em O Munic\u00edpio<\/a>.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":" No in\u00edcio do s\u00e9culo XX, os dirig\u00edveis eram considerados uma das maiores conquistas tecnol\u00f3gicas da humanidade. Na d\u00e9cada de 1930, os moradores de Brusque tiveram a oportunidade de observar dois dos maiores dirig\u00edveis da \u00e9poca: o Graf Zeppelin e o Hindenburg. Embora sua passagem tenha sido documentada no munic\u00edpio, o… Continue lendo <\/a><\/p>\n
Graf Zeppelin<\/strong><\/h2>\n
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Primeira apari\u00e7\u00e3o na regi\u00e3o<\/strong><\/h2>\n
Brusque e o Hindenburg<\/b><\/h2>\n
Propaganda nazista<\/b><\/h2>\n
Explos\u00e3o<\/b><\/h2>\n
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Document\u00e1rio<\/strong><\/h2>\n
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\nAssista agora mesmo!<\/strong><\/span><\/h3>\n
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