{"id":44324,"date":"2024-09-12T09:48:16","date_gmt":"2024-09-12T12:48:16","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia6.jornalfloripa.com.br\/agencia6\/44324"},"modified":"2024-09-12T09:48:16","modified_gmt":"2024-09-12T12:48:16","slug":"homilia-do-papa-francisco-no-estadio-nacional-de-singaupra","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia6.jornalfloripa.com.br\/agencia6\/44324","title":{"rendered":"Homilia do Papa Francisco no Est\u00e1dio Nacional de Singaupra"},"content":{"rendered":"
<\/p>\n
VIAGEM DO PAPA FRANCISCO \u00c0 INDON\u00c9SIA, PAPUA-NOVA GUIN\u00c9, TIMOR-LESTE E SINGAPURA
\nHOMILIA DO PAPA FRANCISCO NO EST\u00c1DIO NACIONAL DO \u201cSINGAPORE SPORTS HUB\u201d, EM SINGAPURA
\nQuinta-feira, 12 de setembro de 2024<\/p>\n
Boletim da Santa S\u00e9<\/p>\n
\u201cA ci\u00eancia incha, mas a caridade edifica\u201d (1 Cor 8, 1). S\u00e3o Paulo dirige estas palavras aos irm\u00e3os e irm\u00e3s da comunidade crist\u00e3 de Corinto: uma comunidade rica em muitos carismas (cf. 1 Cor 1, 4-5), \u00e0 qual o Ap\u00f3stolo, nas suas cartas, recomenda frequentemente que cultive a comunh\u00e3o na caridade.<\/p>\n
Precisamente por isso, gostaria de comentar as mesmas palavras, inspirando-me na beleza desta cidade e nas grandes e arrojadas arquiteturas que contribuem para a tornar t\u00e3o famosa e fascinante, a come\u00e7ar pelo impressionante complexo do National Stadium, no qual nos encontramos. Desejo faz\u00ea-lo recordando que, em \u00faltima an\u00e1lise, tamb\u00e9m na origem destas imponentes constru\u00e7\u00f5es, como de qualquer outro empreendimento que marque positivamente este mundo, n\u00e3o est\u00e1 em primeiro lugar, como muitos pensam, o dinheiro, nem a t\u00e9cnica, nem sequer a engenharia \u2013 sem d\u00favida, meios \u00fateis \u2013 mas sim o amor: \u201ca caridade que edifica\u201d, precisamente.<\/p>\n
Talvez alguns pensem que esta \u00e9 uma afirma\u00e7\u00e3o ing\u00e9nua, mas se refletirmos sobre ela, n\u00e3o \u00e9 bem assim. Com efeito, n\u00e3o h\u00e1 nenhuma obra boa, que n\u00e3o tenha por detr\u00e1s pessoas talvez geniais, fortes, ricas, criativas, mas ainda assim mulheres e homens fr\u00e1geis como n\u00f3s, para quem se n\u00e3o h\u00e1 amor n\u00e3o h\u00e1 vida, nem impulso, nem raz\u00f5es para agir, nem for\u00e7a para construir.<\/p>\n
Queridos irm\u00e3os e irm\u00e3s, se existe e permanece algo de bom neste mundo, \u00e9 simplesmente porque, em infinitas e variadas circunst\u00e2ncias, o amor prevaleceu sobre o \u00f3dio, a solidariedade sobre a indiferen\u00e7a, a generosidade sobre o ego\u00edsmo. Sem isso, ningu\u00e9m teria sido capaz de fazer crescer aqui uma metr\u00f3pole t\u00e3o grande: os arquitetos n\u00e3o teriam projetado, os oper\u00e1rios n\u00e3o teriam trabalhado e nada teria sido conseguido.<\/p>\n
Portanto, tudo o que aqui vemos \u00e9 um sinal. Por detr\u00e1s de cada uma das obras que temos diante de n\u00f3s, h\u00e1 tantas hist\u00f3rias de amor a descobrir: homens e mulheres unidos entre si numa comunidade, cidad\u00e3os dedicados ao seu Pa\u00eds, m\u00e3es e pais devotados \u00e0s suas fam\u00edlias, profissionais e trabalhadores de todos os tipos e graus, empenhados de forma honesta nas suas diferentes fun\u00e7\u00f5es e tarefas. E \u00e9 bom que aprendamos a ler estas hist\u00f3rias, escritas nas fachadas das nossas casas e nos tra\u00e7ados das nossas estradas, e as transmitamos, para nos recordar que nada de duradouro nasce e cresce sem amor.<\/p>\n
Por vezes, a grandeza e a impon\u00eancia dos nossos projetos podem fazer-nos esquecer isto, levando-nos a pensar que podemos, por n\u00f3s pr\u00f3prios, ser os autores de n\u00f3s mesmos, da nossa riqueza, bem-estar e felicidade. Mas a vida conduz-nos, em \u00faltima an\u00e1lise, a uma verdade: sem amor, n\u00e3o somos nada.<\/p>\n
Portanto, a f\u00e9 confirma-nos e ilumina-nos ainda mais sobre esta certeza, porque nos diz que, na raiz da nossa capacidade de amar e de ser amados, est\u00e1 o pr\u00f3prio Deus, que com cora\u00e7\u00e3o de Pai nos desejou e nos trouxe \u00e0 exist\u00eancia de uma maneira totalmente gratuita (cf. 1 Cor 8, 6) e que, de forma igualmente gratuita, nos redimiu e nos libertou do pecado e da morte, com a paix\u00e3o e a ressurrei\u00e7\u00e3o do seu Filho Unig\u00e9nito. \u00c9 n\u2019Ele que tudo o que somos e podemos vir a ser tem a sua origem e o seu pleno cumprimento.<\/p>\n
Assim, no nosso amor vemos um fiel reflexo do amor de Deus, como disse S\u00e3o Jo\u00e3o Paulo II no momento da sua visita a esta terra (cf. S\u00e3o Jo\u00e3o Paulo II, Homilia da Santa Missa no Est\u00e1dio Nacional de Singapura, 20 de novembro de 1986), acrescentando uma frase importante: \u00abPor conseguinte o amor \u00e9 caracterizado por um profundo respeito por todas as pessoas, independentemente da sua ra\u00e7a, do seu credo religioso ou de qualquer outra coisa que as torne diferentes de n\u00f3s\u00bb (ibid.).<\/p>\n
Trata-se duma palavra importante para n\u00f3s porque nos recorda que, al\u00e9m do deslumbramento diante das obras feitas pelo homem, h\u00e1 uma maravilha ainda maior, a ser abra\u00e7ada com muito mais admira\u00e7\u00e3o e respeito, isto \u00e9, os irm\u00e3os e irm\u00e3s que encontramos todos os dias no nosso caminho, sem prefer\u00eancias nem distin\u00e7\u00f5es, como nos mostra a sociedade e a Igreja de Singapura, etnicamente t\u00e3o diversas e, ao mesmo tempo, t\u00e3o unidas e solid\u00e1rias!<\/p>\n
O edif\u00edcio mais bonito, o tesouro mais precioso, o investimento mais lucrativo aos olhos de Deus somos n\u00f3s: filhos prediletos do mesmo Pai (cf. Lc 6, 36), chamados por sua vez a difundir o amor. As leituras desta Santa Missa falam-nos disto de v\u00e1rias maneiras; a partir de pontos de vista diferentes, descrevem uma mesma realidade: a caridade, que \u00e9 delicada ao respeitar a vulnerabilidade de quem \u00e9 fraco (cf. 1 Cor 8, 13), que \u00e9 providente ao conhecer e acompanhar quem est\u00e1 inseguro no caminho da vida (cf. Sal 138), que \u00e9 magn\u00e2nima e ben\u00e9vola ao perdoar para al\u00e9m de qualquer c\u00e1lculo e medida (cf. Lc 6, 27-38).<\/p>\n
O amor que Deus nos manifesta e convida a praticar, \u00e9 assim: \u201cresponde generosamente \u00e0s necessidades dos pobres, \u00e9 caracterizado pela compaix\u00e3o por aqueles que sofrem, est\u00e1 pronto a oferecer hospitalidade, \u00e9 fiel nos tempos de prova\u00e7\u00f5es, est\u00e1 sempre pronto a perdoar, a esperar, a ponto de retribuir uma maldi\u00e7\u00e3o com uma b\u00ean\u00e7\u00e3o. [\u2026] \u00c9 o verdadeiro centro do Evangelho\u201d (cf. S\u00e3o Jo\u00e3o Paulo II, Homilia da Santa Missa no Est\u00e1dio Nacional de Singapura, 20 de novembro de 1986).<\/p>\n
Podemos v\u00ea-lo em tantas pessoas santas: homens e mulheres conquistados pelo Deus da miseric\u00f3rdia, que se tornam o seu reflexo, eco, imagem viva. Para concluir, gostaria de recordar duas dessas pessoas.<\/p>\n
A primeira \u00e9 Maria, cujo Sant\u00edssimo Nome celebramos hoje. A quantas pessoas o seu apoio e presen\u00e7a deram e d\u00e3o esperan\u00e7a! Em quantos l\u00e1bios o seu Nome apareceu e aparece nos momentos de alegria e de dor! Tudo isto porque n\u2019Ela vemos o amor do Pai manifestar-se num dos modos mais belos e totais: o da ternura de uma m\u00e3e, que tudo compreende e perdoa sem jamais nos abandonar. Por isso nos dirigimos a Ela!<\/p>\n
O segundo \u00e9 um santo muito querido nesta terra, que aqui encontrou hospitalidade por diversas vezes durante as suas viagens mission\u00e1rias. Refiro-me a S\u00e3o Francisco Xavier, recebido v\u00e1rias vezes neste territ\u00f3rio, sendo a \u00faltima no dia 21 de julho de 1552, poucos meses antes da sua morte.<\/p>\n
Dele ficou-nos uma maravilhosa carta dirigida Santo In\u00e1cio e aos primeiros companheiros, na qual manifesta o desejo de ir por todas as universidades do seu tempo, \u00ablevantando a voz como homem que perdeu o ju\u00edzo e falando aos que t\u00eam mais letras que vontade para se disporem a frutificar com elas\u00bb, a fim de que eles se sintam impelidos a ser mission\u00e1rios por amor dos seus irm\u00e3os, \u00abdizendo: \u00abSenhor, eis-me aqui; que quereis que eu fa\u00e7a?\u00bb (Carta de Cochim, janeiro de 1544).<\/p>\n
Tamb\u00e9m n\u00f3s, seguindo o seu exemplo e o de Maria, poder\u00edamos fazer nossas estas palavras: \u201cSenhor, eis-me aqui, que queres que eu fa\u00e7a?\u201d, de modo que elas nos acompanhem n\u00e3o s\u00f3 nestes dias, mas sempre, como compromisso constante a escutar e a responder prontamente aos apelos de amor e de justi\u00e7a que, ainda hoje, continuam a chegar-nos da infinita caridade de Deus.<\/p>\n
O post Homilia do Papa Francisco no Est\u00e1dio Nacional de Singaupra apareceu primeiro em Not\u00edcias.<\/p>\n<\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
VIAGEM DO PAPA FRANCISCO \u00c0 INDON\u00c9SIA, PAPUA-NOVA GUIN\u00c9, TIMOR-LESTE E SINGAPURA HOMILIA DO PAPA FRANCISCO NO EST\u00c1DIO NACIONAL DO \u201cSINGAPORE SPORTS HUB\u201d, EM SINGAPURA Quinta-feira, 12 de setembro de 2024 Boletim da Santa S\u00e9 \u201cA ci\u00eancia incha, mas a caridade edifica\u201d (1 Cor 8, 1). S\u00e3o Paulo dirige estas palavras… Continue lendo