{"id":1945,"date":"2024-03-05T10:31:37","date_gmt":"2024-03-05T13:31:37","guid":{"rendered":"https:\/\/agencia6.jornalfloripa.com.br\/agencia6\/1945"},"modified":"2024-03-05T10:31:37","modified_gmt":"2024-03-05T13:31:37","slug":"agro-do-brasil-e-cada-vez-mais-agressivo-na-tarefa-de-abrir-mercados","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/agencia6.jornalfloripa.com.br\/agencia6\/1945","title":{"rendered":"Agro do Brasil \u00e9 cada vez mais agressivo na tarefa de abrir mercados"},"content":{"rendered":"
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\"Gonzalo<\/p>\n
Gonzalo Azumendi\/Guetty<\/div>\n

N\u00famero de mercados abertos pelo setor do agro vem aumentando com consist\u00eancia<\/p>\n<\/div>\n

O pernambucano Guilherme Coelho produz 8 mil toneladas de manga e uva, por ano, nos 230 hectares da fazenda Santa Felicidade, em Casa Nova, munic\u00edpio que fica nos arredores de Petrolina (PE) \u2014 banhada pelo rio S\u00e3o Francisco, a cidade forma junto \u00e0 vizinha Juazeiro (BA) o maior p\u00f3lo fruticultor do pa\u00eds. Principais produtos da regi\u00e3o, as duas frutas geraram US$ 312 milh\u00f5es (R$ 1,5 bilh\u00e3o na cota\u00e7\u00e3o atual) e US$ 178,8 milh\u00f5es (R$ 883,2 milh\u00f5es) em exporta\u00e7\u00f5es, respectivamente, em 2023. O crescimento de 52% e 57% das duas frutas na receita foi o resultado mais expressivo, dentre 30 itens deste segmento.<\/p>\n

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    \u201cO El Ni\u00f1o mexeu com todo o mundo e nossos concorrentes n\u00e3o tiveram produ\u00e7\u00e3o no quarto trimestre. Ent\u00e3o, n\u00f3s nadamos de bra\u00e7ada nas exporta\u00e7\u00f5es\u201d, afirma Coelho, um dos grandes produtores locais e presidente da Abrafrutas (Associa\u00e7\u00e3o Brasileira de Frutas e Derivados), com sede em Bras\u00edlia e 92 associados, a maioria no pol\u00edgono nordestino. \u201cA cada 100 cont\u00eaineres de manga exportados, 98 saem do Vale do S\u00e3o Francisco; na uva, s\u00e3o 95. O Vale \u00e9 uma pot\u00eancia\u201d, diz ele. Coelho \u00e9 exemplo do perfil regional: exporta 60% do que produz e fatura, com isso, R$ 80 milh\u00f5es por ano.<\/p>\n

    S\u00e3o poucos os lugares no mundo em que o agro do Brasil n\u00e3o se faz presente. O pa\u00eds embarca milhares de produtos agr\u00edcolas para 203 na\u00e7\u00f5es. A pauta de 1,9 mil itens e subitens com registro na Secex (Secretaria de Com\u00e9rcio Exterior) em 2023 d\u00e1 uma dimens\u00e3o da variedade de acordos em vigor \u2014 representam cerca de 40% do total de produtos agr\u00edcolas (agrupamentos, no termo t\u00e9cnico) registrados e em circula\u00e7\u00e3o no mundo, que \u00e9 de 4,9 mil. A abertura de mercados para o agro, que foi recorde no ano passado, envolve a organiza\u00e7\u00e3o da produ\u00e7\u00e3o interna, trabalho diplom\u00e1tico, feiras internacionais, tr\u00e2mites log\u00edsticos, alfandeg\u00e1rios e fitossanit\u00e1rios, que \u00e0s vezes podem levar alguns anos para sair do papel.<\/p>\n

    Leia tamb\u00e9m:<\/strong><\/p>\n

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    • Balan\u00e7a comercial: agroneg\u00f3cio exporta US$ 166,55 bilh\u00f5es em 2023<\/li>\n
    • Brasil ainda tem mercado de US$ 700 bi para explorar no agro mundial<\/li>\n
    • Um panorama para o agro de 2024<\/li>\n<\/ul>\n

      Os acordos comerciais t\u00eam sido tarefa de primeira ordem na agenda do governo. Em 2023, o Brasil fechou 78 acordos comerciais para os produtos do agro, um recorde. Nos primeiros dois meses de 2024, o pa\u00eds abriu mais 16 mercados em 11 pa\u00edses, tamb\u00e9m um recorde para o bimestre, de embri\u00f5es e s\u00eamen bovino para Botsuana, a gelatina e col\u00e1geno para os Estados Unidos e a\u00e7a\u00ed em p\u00f3 para a \u00cdndia.<\/p>\n

      \u201cNunca na hist\u00f3ria do pa\u00eds, em um ano, foram abertos tantos mercados diferentes em pa\u00edses diferentes\u201d, disse \u00e0 Forbes Roberto Perosa, secret\u00e1rio de Com\u00e9rcio e Rela\u00e7\u00f5es Internacionais do Mapa (Minist\u00e9rio da Agricultura, Pecu\u00e1ria e Abastecimento), se referindo aos dados de 2023. \u00c9 de Perosa a tarefa inicial de pavimentar terrenos para futuras assinaturas de acordos e a \u00e1rea mostrou servi\u00e7o no ano passado. Dos 30 pa\u00edses que o secret\u00e1rio visitou, em todos se abriu mercados, al\u00e9m de outros nove. O trabalho envolve uma equipe gigante do Mapa, incluindo 29 adidos comerciais com postos fixos em outras na\u00e7\u00f5es.<\/p>\n

      \u201cEstamos viajando o mundo e dialogando\u201d, afirma Perosa, indicando que o eixo de interesses do Brasil tem cada vez mais colocado foco no Sudeste Asi\u00e1tico, na\u00e7\u00f5es africanas e Am\u00e9ricas Central e do Sul, embora Estados Unidos e Uni\u00e3o Europeia continuem com peso, principalmente para produtos de maior valor agregado. \u201cObserve que j\u00e1 aumentamos a diversifica\u00e7\u00e3o de destinos. N\u00e3o foram 78 mercados para cinco ou 10 pa\u00edses, foram para 39 pa\u00edses.\u201d O secret\u00e1rio costuma realizar as miss\u00f5es ao lado de s\u00f3 um assessor e atesta que o ambiente diplom\u00e1tico est\u00e1 mais favor\u00e1vel nos \u00faltimos tempos.<\/p>\n

      Mercado com apetite de mundo<\/h2>\n

      As frutas s\u00e3o um exemplo cl\u00e1ssico do que ocorre com o mercado exportador. O setor ainda tem pouco peso na balan\u00e7a comercial, na compara\u00e7\u00e3o com commodities como gr\u00e3os e prote\u00ednas, mas a ambi\u00e7\u00e3o dos produtores s\u00f3 faz crescer. N\u00e3o por acaso, depois de anos perseguindo essa marca, em 2023 a fruticultura exportou US$ 1,2 bilh\u00e3o (R$ 5,9 bilh\u00f5es), o equivalente a 0,7% da receita total do agroneg\u00f3cio, que foi US$ 166,5 bilh\u00f5es (R$ 822,5 bilh\u00f5es) \u2014 evolu\u00e7\u00e3o de 4,8%. A economia rural, vale lembrar, responde por 49% das vendas externas do Brasil.<\/p>\n

      \"Mapa\/Divulga\u00e7\u00e3o\"<\/p>\n
      Mapa\/Divulga\u00e7\u00e3o<\/div>\n

      Perosa (\u00e0 dir.) e o ministro Carlos F\u00e1varo, com o ministro de Coordena\u00e7\u00e3o Econ\u00f4mica da Indon\u00e9sia, Airlangga Hartarto<\/p>\n<\/div>\n

      \u201cA fruticultura n\u00e3o \u00e9 um setor priorit\u00e1rio para o governo em termos de exporta\u00e7\u00e3o. O que ressaltamos para sensibiliz\u00e1-los \u00e9 o impacto social, pois o semi\u00e1rido \u00e9 a regi\u00e3o que mais exporta frutas\u201d, pontua Luiz Barcelos, diretor institucional da Abrafrutas, frisando que, enquanto a soja do Mato Grosso emprega uma pessoa a cada dois hectares, o Vale do S\u00e3o Francisco faz duas contrata\u00e7\u00f5es por hectare. \u201cO valor agregado da fruticultura \u00e9 muito alto. Por isso, os munic\u00edpios do Nordeste que plantam frutas apresentam os mais altos IDHs (\u00cdndice de Desenvolvimento Humano).\u201d<\/p>\n

      Para Barcelos, \u00e9 fundamental abrir mercados e aumentar as exporta\u00e7\u00f5es, para que essa roda gire mais r\u00e1pido. Ele d\u00e1 como exemplo as recentes conquistas de mercados na \u00c1frica do Sul e \u00cdndia para o abacate, a Coreia do Sul para o lim\u00e3o e Chile para o mam\u00e3o, todas no ano passado, garantindo algo entre US$ 50 milh\u00f5es (R$ 248,5 milh\u00f5es) e US$ 100 milh\u00f5es (R$ 497 milh\u00f5es) anuais em com\u00e9rcio. \u201c\u00c9 preciso fazer an\u00e1lises t\u00e9cnicas e demoradas de risco e pragas, os governos precisam conversar e \u00e0s vezes os pa\u00edses-destino exigem muito na negocia\u00e7\u00e3o\u201d, explicando os processos morosos e burocr\u00e1ticos das transa\u00e7\u00f5es internacionais.<\/p>\n

      Marcelo Vitali, diretor da How2Go no Brasil, ag\u00eancia respons\u00e1vel por eventos como a Fruit Attraction, feira do segmento frut\u00edcola realizada anualmente em Madrid, Espanha, e que neste ano chega ao Brasil, observa a import\u00e2ncia dos acordos comerciais como solu\u00e7\u00e3o para quest\u00f5es log\u00edsticas e fitossanit\u00e1rias envolvendo os pa\u00edses, visando destravar o com\u00e9rcio entre as empresas. \u201cEsse \u00e9 um papel que o governo precisa desempenhar\u201d, afirma o executivo. \u201c\u00c9 uma abordagem essencial para promover o com\u00e9rcio internacional e expandir as oportunidades para o agroneg\u00f3cio brasileiro\u201d.<\/p>\n

      \"Divulga\u00e7\u00e3o\/How2Go\"<\/p>\n
      Divulga\u00e7\u00e3o\/How2Go<\/div>\n

      Marcelo Vitali, diretor da How2Go no Brasil<\/p>\n<\/div>\n

      Perosa afirma que esta tem sido a m\u00e9trica do trabalho das institui\u00e7\u00f5es. Dos acordos mais recentes, o governo destaca em especial a abertura do mercado eg\u00edpcio para o algod\u00e3o brasileiro \u2014 uma vit\u00f3ria almejada h\u00e1 tempos pelo setor. Como a qualidade da fibra eg\u00edpcia \u00e9 famosa, a libera\u00e7\u00e3o para exportar o produto a esse pa\u00eds \u00e9 uma esp\u00e9cie de selo de garantia que vale no mundo todo. \u201cAgora, podemos falar que exportamos algod\u00e3o ao Egito\u201d, pontua Perosa. O Brasil \u00e9 o segundo maior exportador mundial da fibra, com embarques de 1,6 milh\u00e3o de toneladas ao exterior em 2023, gerando receita de US$ 3 bilh\u00f5es (R$ 14,9 bilh\u00f5es).<\/p>\n

      Prontos para as demandas do mundo<\/h2>\n

      No setor de prote\u00edna animal, houve a reabertura do mercado mexicano em 2023. O Brasil n\u00e3o exportava su\u00ednos e bovinos para o M\u00e9xico h\u00e1 20 anos \u2014 um potencial gigantesco, segundo o Mapa. Abriu-se, tamb\u00e9m, no ano passado, o mercado de carne su\u00edna para a Rep\u00fablica Dominicana, que poder\u00e1 reexportar o produto aos 20 pa\u00edses da Am\u00e9rica Central. \u201cTodos os pa\u00edses da regi\u00e3o, que s\u00e3o tur\u00edsticos e t\u00eam grandes resorts e restaurantes, ter\u00e3o a Rep\u00fablica Dominicana como grande hub de exporta\u00e7\u00e3o\u201d, afirma o secret\u00e1rio.<\/p>\n