Arcebispo Gallagher: armas nucleares representam ameaça existencial

O Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano expressou ‘profunda preocupação’ da Santa Sé sobre a ameaça representada pelas armas nucleares

O Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, Arcebispo Paul Richard Gallagher / Foto: Reprodução Reuters

Da redação, com Vatican News

“Despesas militares imensas, que frequentemente vão muito além do que é necessário para garantir a legítima defesa, fomentam o círculo vicioso de uma corrida armamentista exaustiva que desvia recursos vitais da erradicação da pobreza, justiça, educação e assistência médica.”

O Arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário do Vaticano para Relações com Estados e Organizações Internacionais, enfatizou isso na quarta-feira, 27, em uma declaração ao Segmento de Alto Nível da ONU da Sessão de 2025 da Conferência sobre Desarmamento que ocorre em Genebra de 24 a 28 de fevereiro.

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Oferecendo aos participantes as cordiais saudações do Papa, o arcebispo disse: “Hoje estamos em um ponto de virada. Juntos, como uma família de nações”, encorajou, “podemos tomar ações justas e corajosas para um desarmamento geral, equilibrado e completo sob controle internacional efetivo.”

Caso contrário, alertou o prelado, a alternativa “é a perpetuação de conflitos, violência, desigualdades crescentes e degradação ambiental, das quais, em última análise, não beneficia ninguém além do lobby das armas”.

‘Refém de um impasse’

O Arcebispo Gallagher disse que a Conferência sobre Desarmamento “foi mantida refém de um impasse” que continuou ano após ano “sem a adoção de um mandato de negociação adequado”.

A razão de ser deste órgão, lembrou Gallagher, é negociar instrumentos multilaterais de desarmamento e entregar resultados concretos.

A este respeito, prosseguiu, deve ser lembrado que todos os povos do mundo têm um interesse vital no sucesso das negociações de desarmamento.

Negociações sérias necessárias

Dom Gallagher expressou preocupação com a “expansão e modernização contínuas dos arsenais nucleares, acompanhadas por uma retórica e ameaças crescentes sobre sua implantação”. Os meios para promover a paz e a estabilidade hoje, ele insistiu, não devem ser aqueles que reacenderiam ou alimentariam a busca perigosa por armas nucleares.

“Além disso”, apelou, “é urgente que os estados com armas nucleares se envolvam em negociações sérias para reduzir e, eventualmente, eliminar seus estoques de acordo com suas obrigações sob o Art. VI do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares”.

Preocupações com a armamentização da inteligência artificial

O Secretário para as Relações com os Estados do Vaticano também discutiu a armamentização da Inteligência Artificial (IA), observando que “a capacidade de conduzir operações militares por meio de sistemas de controle remoto levou a uma percepção menor da devastação causada por esses sistemas de armas e do fardo da responsabilidade por seu uso, resultando em uma abordagem ainda mais fria e distante da imensa tragédia da guerra”.

Em particular, o Arcebispo Gallagher lembrou aos participantes que os Sistemas de Armas Autônomas Letais (LAWS), que são capazes de identificar e atingir alvos sem intervenção e controle humanos diretos, “são uma causa de grave preocupação ética” porque carecem da “capacidade humana única de julgamento moral e tomada de decisão ética”.

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