Papa aos profissionais da saúde: “nenhuma vida deve ser descartada”

Francisco destacou a importância histórica da Universidade de Nápoles Federico II e sublinhou os valores que devem guiar aqueles que trabalham na área da saúde

Da redação, com Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 29, a comunidade acadêmica da Universidade de Nápoles Federico II, composta por reitores, professores e estudantes do setor de medicina odontológica. O Santo Padre proferiu sua saudação relembrando a fundação da universidade, que, há oito séculos, continua sendo um marco histórico na educação e na ciência.

Ao iniciar seu discurso, o Pontífice elogiou o legado da Universidade e a tradição de excelência que remonta ao imperador Frederico II, seu fundador, que deu origem a uma das mais antigas universidades do mundo. O Papa destacou a importância do lema hipocrático que une a lição do grego Hipócrates à autoridade do latino Scribônio: “primum non nocere, secundum cavere, tertium sanare” -“primeiro, não prejudicar; segundo, cuidar; terceiro, curar”.

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Segundo Francisco, estas máximas continuam a ser um guia indispensável para a prática médica: “Não prejudicar. Isso pode parecer algo óbvio, mas, na verdade, responde a um saudável realismo: antes de tudo, trata-se de não acrescentar mais danos e sofrimentos àqueles que o paciente já está vivendo.”

Francisco durante a audiência

Sobre o cuidado, o Santo Padre ressaltou que esta é a ação evangélica por excelência, como a do bom samaritano, e que deve ser realizada com o “estilo de Deus”: “E qual é o estilo de Deus? Proximidade, compaixão e ternura. Não esqueçam: Deus é próximo, compassivo e terno. O estilo de Deus é sempre este: proximidade, compaixão e ternura”. Em seguida, o Pontífice compartilhou uma experiência pessoal:

“Eu me recordo de quando, aos vinte anos, tiveram que retirar parte do meu pulmão, que estava doente. Sim, me davam os medicamentos, mas o que mais me dava força era a mão dos enfermeiros que, após aplicar as injeções, seguravam minha mão… Esta ternura humana faz tanto bem!”

Tecnologia e ética: uma união indispensável

Sobre o ato de curar, o Papa afirmou que, neste aspecto, os médicos podem se assemelhar a Jesus, que curava todas as doenças e enfermidades entre o povo, e destacou os desafios modernos da prática médica em um mundo de rápida evolução tecnológica.

“A medicina jamais deve negligenciar a dignidade humana, que é igual para todos. Caso contrário, corre o risco de se prestar aos interesses do mercado ou da ideologia, em vez de se dedicar ao bem da vida nascente, da vida sofrida e da vida necessitada. O médico existe para curar o mal: cuidar sempre! Nenhuma vida deve ser descartada. Nunca! Mesmo quando alguém diz: ‘Mas este paciente não tem mais jeito…’ Acompanhe-o até o fim.”

Ciência a serviço da dignidade humana

Por fim, Francisco exortou os profissionais de saúde e acadêmicos da universidade a cultivarem uma ciência com respeito e a serviço da pessoa humana, e expressou sua gratidão pela dedicação e competência da instituição, que segue formando gerações há oito séculos.

“Depois de 800 anos, vocês continuam a fazer escola!”. E, como de costume, pediu: “Não se esqueçam de rezar por mim!”.

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