A era das trends meteóricas: quando amanhã já é tarde demais. Por Guilherme Pontes

Vivemos um tempo em que as redes sociais ditam comportamentos, estéticas e linguagens de maneira cada vez mais veloz. Uma trend surge pela manhã, domina timelines à tarde, e no dia seguinte já é velha — quase vergonhosa para quem se atrasar no uso. Nesse ritmo frenético, o tempo é o ativo mais valioso, e a criatividade, a única saída para não parecer apenas mais um no meio da multidão.

Guilherme Pontes é marqueteiro, consultor político e eleitoral. Foto: Divulgação.

Nos últimos dias, vimos dois exemplos claros dessa dinâmica: a trend “Studio Ghibli”, que transformava cenas do cotidiano em animações com esta estética, e, logo em seguida, a onda dos “bonecos colecionáveis”, em que usuários se ilustram como personagens de brinquedo com aparência plástica e nomes estilizados. Ambas explodiram nas redes e, em questão de 48 horas, já estavam sendo questionadas com o famoso “ainda estão fazendo isso?”

Essa velocidade assusta, mas também revela uma grande lição: quem chega primeiro, surfa. Quem chega depois, corre o risco de pagar mico.

Para os profissionais de comunicação e marketing, esse cenário exige atenção constante e uma mentalidade quase de guerra — onde timing é tudo. Não basta apenas “fazer parte” da trend. É preciso entender sua linguagem, capturar sua essência e, acima de tudo, transformar aquilo em algo original. Porque o básico já está em toda parte.

A verdade é que repetir o formato de forma automática não traz impacto. O valor está em como você utiliza essa onda para dizer algo novo, causar uma emoção diferente, ou até mesmo criticar o próprio movimento — quando faz sentido. A criatividade precisa estar afiada, porque o público não perdoa mais do mesmo. 

Um bom exemplo disso é o que fez o Governo do Ceará. Em vez de apenas transformar fotos em ilustrações no estilo Studio Ghibli, eles foram além: selecionaram cenas dos próprios filmes e compararam com paisagens reais do estado. O resultado? Um conteúdo criativo, viral e fora do óbvio.

O universo das redes sociais é instantâneo por natureza. E talvez esse seja seu maior desafio e, ao mesmo tempo, sua maior pontecialidade. É um laboratório onde ideias nascem e morrem em tempo real, e onde só se destacam aqueles que, além de rápidos, têm repertório e ousadia para fazer diferente.

Por isso, mais do que nunca, os profissionais da área precisam estar não apenas atentos — mas preparados, e principalmente, criativos. Porque no fim das contas, a diferença entre aproveitar uma trend e ser engolido por ela está em um detalhe: quem só segue a onda, desaparece com ela. Quem inova, vira referência.

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