Barco, 4 estados e mar: fugitivos de Mossoró foram presos após saga de 1,6 mil km

A saga dos fugitivos de Mossoró que escaparam da Penitenciária Federal na cidade, localizada no estado do Rio Grande do Norte, encerrou nesta quinta-feira (4), com a captura deles na cidade de Marabá, no Pará. Após 50 dias de buscas, a dupla foi achada a cerca de 1,6 mil km da prisão federal de segurança máxima.

Fugitivos após captura desta quinta-feira (4) – Foto: Reprodução/ND

Às 14h19 desta quinta-feira o MJSP (Ministério da Justiça e Segurança Pública) confirmou a prisão dos fugitivos em nota publicada no site oficial do órgão.

Segundo o Ministério, a captura foi resultado de uma ação conjunta entre a PF (Polícia Federal) e PRF (Polícia Rodoviária Federal). Apesar da captura ter sido na região Norte, Rogério Mendonça e Deibson Nascimento devem ser encaminhados de volta à penitenciária de Mossoró.

Fugitivos de Mossoró: saga encerrou após 50 dias de buscas

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou em coletiva de imprensa nesta quinta-feira que os dois foram presos em uma ponte de Marabá-PA que precisou ser fechada nas duas pontas para a captura.

Além de Rogério Mendonça e Deibson Nascimento, outras quatro pessoas foram detidas suspeitas de ajudar na fuga dos detentos.

“Foi uma operação extremamente bem sucedida. Não foi disparado um tiro, nenhum ferido, nenhum morto”, afirmou Lewandowski.

Ministro Ricardo Lewandoski falou com a imprensa nesta quinta-feira (4) – Foto: Tom Costa/MJSP

O ministro defendeu ainda que os problemas no presídio que contribuíram para a fuga dos dois já foram corrigidos, bem como a estrutura em geral. Ele afirmou ainda que os criminosos foram achados em um “comboio do crime”.

“Quero afirmar que é uma vitória do Estado brasileiro, das forças de segurança do Brasil, que demonstra que o crime organizado em nosso país não será bem-sucedido” – Ricardo Lewandowski.

Fugitivos de Mossoró passaram por pelo menos 5 estados

Depois de saírem do Rio Grande do Norte, os fugitivos de Mossoró passaram por outros estados: Ceará, Piauí, Maranhão, até chegarem no Pará, distante 1,6 mil km do ponto de onde eles teriam fugido.

Os dois ainda teriam viajado por pelo menos seis horas do Ceará até o Pará dentro de um barco pesqueiro. Segundo Lewandowski, a intenção dos dois era fugir para o exterior.

Mapa de satélite mostra distância percorrida pelos detentos durante a fuga – Foto: Google Maps/Reprodução/ND

Rogério Mendonça e Deibson Nascimento escaparam da penitenciária na madrugada do dia 14 de fevereiro e estavam foragidos desde então. O caso foi a primeira fuga registrada desde 2006, quando foi criado o Sistema Penitenciário Federal no Brasil.

Na terça-feira (2), a corregedoria-geral da Secretaria Nacional de Políticas Penais, do MJSP afirmou que, durante as investigações internas para apurar possível envolvimento de agentes da penitenciária, não foram identificados indícios de corrupção.

No relatório da corregedoria-geral são apontados indícios de “falhas” nos procedimentos de segurança carcerária, mas nada que indicasse a participação dos servidores.

Relembre o caso

Deibson Cabral Nascimento e Rogério da Silva Mendonça, ambos naturais do estado do Acre, conseguiram escapar da Penitenciária Federal em Mossoró no dia 14 de fevereiro, através de uma abertura no teto da cela destinada ao “banho de sol”.

Após atravessar a abertura, os fugitivos de Mossoró escalaram o shaft — vão interno para passagem de tubulações e instalações elétricas — até o teto, onde quebraram uma grade metálica e chegaram ao telhado da prisão.

Dois dias depois, na noite da sexta-feira (16) os detentos invadiram uma residência na área rural de Mossoró e fizeram uma família refém. Os investigadores informaram que os fugitivos permaneceram por aproximadamente quatro horas na casa. Durante o período, eles exigiram comida, assistiram às notícias sobre a fuga na televisão e roubaram celulares dos moradores.

A família descreveu os fugitivos como sujos e pareciam estar desorientados. A todo momento, segundo depoimento deles à polícia, Rogério e Deibson perguntavam sobre a localização e chegaram até a indagar a possibilidade de uma rota até o Ceará – estado por onde passaram posteriormente.

Após o período na residência, a dupla fugiu a pé, sem utilizar o veículo da família.