Como a Queda do Petróleo no Mercado Internacional Afeta os Lucros da Petrobras?

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A Petrobras (PETR3; PETR4) encerrou 2024 com um lucro de U$S 7,2 bilhões (R$ 40,82 bilhões). Isso a coloca como a sétima petroleira mais lucrativa do mundo, considerando-se as empresas de capital aberto. Foi a pior posição da Petrobras no ranking desde 2019. E ocorreu após uma queda expressiva de 69,7% nos lucros na comparação com 2023.

Não foi a única queda. A petrolífera brasileira deixou de ser a segunda maior estatal do mundo, atrás da saudita Saudi Aramco, e perdeu para a norueguesa Equinor o vice-campeonato que ocupou por seis anos.

O desempenho abaixo dos registrado em anos anteriores deveu-se à queda dos preços do petróleo no mercado internacional. A cotação do barril de petróleo do tipo Brent, referência para o mercado europeu e para a Petrobras, recuou cerca de 13% no acumulado do ano, caindo de US$ 82 por barril no início de 2025 para US$ 70 na segunda-feira (17). E essa queda afeta tanto os resultados quanto às cotações da Petrobras na bolsa.

O que está acontecendo?

O mercado de petróleo vive um momento instável tanto na oferta quanto na demanda, o que vem pressionando os preços para baixo. O Oriente Médio é responsável por cerca de 31% da produção mundial. Qualquer sinal de tensão causa um efeito dominó nos mercados. No entanto, esses conflitos estão provocando menos oscilações nos últimos meses Segundo Daniel Cobucci, analista da BB Asset, isso ocorre porque os investidores estão esperando aumentos da oferta no curto prazo.

É quase certo que os países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep+) anunciem aumentos da produção a partir de abril. “E as discussões sobre um possível fim do conflito na Ucrânia poderiam reduzir as sanções contra a Rússia, aumentando ainda mais a oferta”, diz Colucci. Ele acrescenta que, nas últimas semanas, houve um aumento forte dos estoques da commodity nos Estados Unidos.

Também há incertezas com relação à demanda global. A guerra comercial e tarifária dos Estados Unidos pode levar a uma desaceleração econômica. Na segunda-feira (17), a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou seu relatório Economic Outlook, prevendo um crescimento menor para o Produto Interno Bruto (PIB) global. A projeção para 2024 é de 3,2%, a de 2025 é de 3,1% e a estimativa para 2026 é de 3,0%. Isso reduz a demanda. E Cobucci ressalta o impacto da desaceleração da China. “O país costumava absorver uma boa parte das importações, mas tem reduzido sua demanda e focado em energias mais limpas, reforçando a tendência de queda nos preços.”

Petróleo X Petrobras

Segundo Regis Cardoso, head de óleo, gás e petroquímicos da XP, além da influência da queda do preço do petróleo na rentabilidade da Petrobras, os resultados da estatal também são afetados pela queda do dólar

No entanto, Ruy Hungria, analista da Empiricus, avalia que a queda das cotações é um problema, mas não uma crise. Segundo ele, os custos de produção da Petrobras têm ficado estáveis nos últimos anos. “Se o preço do petróleo sobe, a receita cresce muito mais do que os custos e a rentabilidade da Petrobras aumenta”, diz. “Porém, o custo não cai quando as cotações recuam, e isso afeta o lucro da empresa.” Mesmo assim, Hungria diz acreditar que as vantagens do pré-sal vão permitir à Petrobras preservar sua rentabilidade.

Mesmo assim, é provável que os proventos diminuam. No caso da estatal, os dividendos estão condicionados a uma fórmula que considera o fluxo de caixa. “Como a queda do petróleo afeta negativamente a geração de caixa, acaba sobrando menos para o pagamento de dividendos”, afirma Hungria.

Refino X Exploração

O impacto da queda do preço da commodity não é o mesmo em todas as operações da Petrobras. Para Cardoso, da XP, a baixa afeta principalmente o segmento de exploração e produção (E&P) da Petrobras. “O negócio de exploração e produção é concentrado no Brasil onde estão os principais ativos da estatal”, comenta o executivo. Já o refino gera uma margem, que é a diferença entre o valor obtido com a venda dos derivados da commodity e o custo do petróleo processado.

Hungria acrescenta que, como o refino tem uma dinâmica diferente da exploração, “suas margens tendem a ser menos afetadas do que as do segmento de E&P.” Como a maior parte dos resultados vem de E&P, é por isso que o efeito da queda do petróleo é negativo para o resultado consolidado.

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