Natura Desaba Mais de 20% após Decepção com Balanço e Perde R$ 5 Bi em Valor de Mercado

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As ações da Natura&Co desabavam nesta sexta-feira (14), fazendo a empresa perder mais de R$ 5 bilhões em valor de mercado, após o resultado do último trimestre desapontar.

Executivos da fabricante de cosméticos reforçaram compromisso com expansão de rentabilidade, mas acrescentaram que ainda há muito o que fazer no processo de transformação da companhia.

A empresa teve prejuízo líquido de R$ 438,5 milhões no quarto trimestre, uma redução de 83,5% em relação ao resultado negativo de R$ 2,7 bilhões no mesmo período de 2023, mas a margem bruta caiu 0,5 ponto, para 62,9%, enquanto a margem Ebitda recorrente cedeu 0,7 ponto, a 9,1%.

“A rentabilidade da Natura&Co desapontou tanto na margem bruta como na margem Ebitda ajustada”, afirmaram analistas do Bradesco BBI em relatório a clientes, também chamando a atenção para o aumento das despesas gerais e administrativas como percentual da receita, que subiram 5,1 pontos, para 12,2%.

O diretor-executivo para a América Latina da companhia, João Paulo Ferreira, disse em teleconferência com analistas nesta sexta-feira que a rentabilidade do quarto trimestre “também nos frustra”, reforçando que a companhia está “absolutamente” comprometia com a expansão de rentabilidade e geração de caixa.

Às 11h23, as ações da Natura&Co desabavam 27,51%, a R$9,83, tendo chegado a R$9,66 na mínima até o momento, menor patamar desde janeiro de 2023 e equivalente a uma perda de R$ 5,4 bilhões em valor de mercado. Caso confirmada essa queda no fechamento, será o maior tombo percentual em um dia das ações na história da companhia.

No mesmo horário, o Ibovespa subia 1,52%.

“Os resultados do quarto trimestre da Natura&Co não chegaram nem perto do que nós e o mercado esperávamos do ponto de vista operacional”, afirmaram analistas do JPMorgan em relatório.

“A empresa confirmou as boas expectativas de receita, mas despesas maiores determinaram o desempenho pior do que o esperado, mesmo quando ajustadas para as despesas de contratos de investimentos em TI e sistemas que foram capitalizados no passado”, acrescentaram.

Na teleconferência da empresa, Ferreira também afirmou que ainda existem muitos custos de transformação, o que chamou a atenção dos analistas, em particular a sinalização de que “a ordem de grandeza” será mantida em 2025. “Apesar da já termos feito muita coisa, ainda tem muita coisa por fazer”, afirmou.

O executivo também acrescentou que a companhia voltou a investir em apoio às marcas, continuar aportando recursos em investimentos estruturantes, sistemas de omnicanalidade, pesquisa e desenvolvimento.

“Vocês poderiam argumentar que isso é uma pressão em cima da margem, de fato é… Por outro lado, a Onda 2 no México e na Argentina ainda vai entrar. E a Onda 2 é um direcionador de ganhos de margem importante”, afirmou, referindo-se ao programa de integração das marcas Natura e Avon na América Latina.

Ele também citou que a logística do Brasil acabou de ser unificada e os pedidos combinados.

“Mas ainda tem eficiência para ser capturada, ainda tem sistemas sendo eliminados… Sem contar que a força da marca, particularmente a marca Natura, nesse momento nos dá espaço de ajustes de preço e investimentos promocionais para manter ou expandir, em alguns casos, as nossas margens”, acrescentou.

“Só queria colocar em perspectiva que se por um lado investimentos mais para a saúde do negócio, por outro ainda temos fontes de eficiência importantes para nos dar essa confiança que eu estou querendo passar para vocês sobre a jornada de expansão e que ela deve continuar”, reforçou.

Avon internacional

A Natura&Co também continua avaliando alternativas para a Avon Internacional e “tudo está na mesa”, afirmou o diretor financeiro da fabricante de cosméticos, Guilherme Castellan, acrescentando que se trata da última fase da transformação da companhia.

“Seguimos hoje falando sem exclusividade, mas a venda é uma alternativa. Existe uma potencial alternativa também de junção com alguém… de ‘partnership’”, afirmou o executivo na mesma teleconferência. “O fato é que, quando olhamos para a frente, repetindo o que temos falado, não vemos hoje sinergias da Avon Internacional com a Avon América Latina”, acrescentou.

O executivo ressaltou, contudo, que a companhia não está “parada” esperando algo acontecer e tem trabalhado para reduzir o consumo de caixa da unidade, que teve pedido de recuperação registrado nos Estados Unidos por meio do processo conhecido como “Chapter 11”.

“Não estamos parados na espera de ‘vamos ver o que acontece’… Cortamos muitos investimentos, custos e tudo mais no sentido de que o consumo de caixa seja substancialmente menor do que aquele que aconteceu no ano passado”, afirmou. “Isso continua em paralelo enquanto buscamos uma solução estratégica definitiva.”

A Natura&Co explicou no balanço que o Ebitda recorrente de R$ 703 milhões foi mais do que compensado pelos ajustes não operacionais de R$ 843 milhões relacionados em sua maioria ao suporte da Natura&Co à Avon Products Inc (API) no contexto da reestruturação voluntária (Chapter 11) nos EUA.

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