Samba, Solo e Sustentabilidade: O Agro nos Enredos do Carnaval

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Vem do Oeste da Bahia, uma das principais regiões produtoras de algodão, soja e milho do país, o mote de juntar agro e samba neste ano. A UniAGRO (União Comercial Agrícola), distribuidora de insumos agrícolas com forte atuação no Oeste da Bahia e no Tocantins, assumiu o protagonismo ao patrocinar vários blocos no evento de Barreiras, um dos principais municípios da região.

“O campo está em cada detalhe da celebração: o algodão das fantasias, os pigmentos naturais das tintas, a celulose das lantejoulas, os biocombustíveis que movem os trios elétricos e até os alimentos e bebidas que abastecem os foliões”, diz a empresa em suas redes sociais.

Apesar de parecerem universos distantes, essas duas potências compartilham mais semelhanças do que se imagina. Ambos envolvem criatividade, resiliência, planejamento e um impacto significativo na economia e na identidade nacional. E ainda que nenhuma escola de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro ou de São Paulo tenha apresentado um enredo diretamente ligado ao agronegócio neste ano, a história mostra que o setor já foi tema e patrocinador em diversas ocasiões.

Enredos do Agronegócio no Carnaval

A relação entre o agronegócio e o Carnaval brasileiro não é novidade. Em 2013, a Unidos de Vila Isabel venceu o Carnaval carioca com o enredo “A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo – ‘Água no feijão que chegou mais um’”. O desfile exaltava a agricultura brasileira e contou com patrocínio da Basf, destacando a importância do setor para a economia nacional.

Outra escola que abordou o tema foi a Imperatriz Leopoldinense, em 2017, com o enredo “Xingu: o clamor que vem da floresta”. Neste caso, o desfile trouxe uma crítica às práticas do agronegócio, incluindo o desmatamento e o uso de agrotóxicos, gerando grande debate entre ambientalistas e representantes do setor.

Já no Carnaval de 2024, a escola paulista Mancha Verde criou o enredo “Do Nosso Solo Para o Mundo: o Campo que Preserva, o Campo que Produz, o Campo que Alimenta”. A escola destacou aspectos da agricultura familiar, sua relação com a terra e as tradições rurais, como a música caipira. Além disso, a escola fez uma homenagem ao agrônomo Alysson Paolinelli, falecido em 2023. Paolinelli foi ministro da Agricultura, contribuiu para a criação da Embrapa e foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz. A homenagem ocorreu no último carro alegórico, que representou a bandeira do Brasil.

Homenagem ao agrônomo Alysson Paolinelli, falecido em 2023

Além dos enredos diretamente ligados ao agronegócio, outros desfiles também abordaram questões ambientais e temas relacionados ao setor agropecuário. Exemplo ocorreu em 2022, quando a Acadêmicos do Salgueiro mostrou o enredo “Resistência”, onde a escola abordou a história dos povos indígenas e sua relação com a terra. Em 2023, foi a vez da Paraíso do Tuiuti. Em “Mogangueiro da Cara Preta”, a escola abordou a história do cacau e sua produção no Brasil, ressaltando as dinâmicas do mercado.

O agronegócio também já esteve presente nos bastidores do Carnaval, financiando desfiles para promover sua imagem. Um exemplo foi em 2011, quando a Mocidade Independente de Padre Miguel levou para a Sapucaí o enredo “Parábolas dos Divinos Semeadores”, destacando o impacto da agricultura. O desfile recebeu patrocínio da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que na época investiu cerca de R$ 2,6 milhões na produção do desfile. (Colaborou Simone Silotti, produtora rural que faz parte do grupo Forbes MulherAgro)

 

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