Oscar: Mulheres Representam 3% dos Vencedores de Melhor Direção

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Em quase um século de Oscar, apenas três mulheres conquistaram um dos prêmios de maior prestígio da principal noite do cinema: o de Melhor Direção.

Elas representam 3% dos vencedores na categoria, que já premiou 100 diretores ao longo da história – 97 deles, homens. Em 96 edições do Oscar, houve 4 ocasiões (2023, 2008, 1962 e 1929) em que 2 homens dividiram o prêmio. Os dados são de um levantamento exclusivo sobre Mulheres no Oscar, realizado pela empresa de pesquisa Hibou a pedido da Forbes Brasil.

As barreiras para as mulheres no cinema são muitas. “Desde liderar equipes predominantemente masculinas e em jornadas de trabalho de muitas horas até o desafio de conciliar a carreira com trabalhos não remunerados, como o cuidado com pais e filhos”, afirma Lúcia Monteiro, curadora, crítica de cinema e professora da Universidade Federal Fluminense.

Nas principais premiações do cinema, as mulheres seguem sub-representadas – nem mesmo chegam a metade dos indicados. “Talvez isso só ocorra quando houver paridade de gênero na composição dos votantes, na direção dos festivais, e quando houver mais mulheres dirigindo longas metragens de grande orçamento.”

As 3 vencedoras do Oscar de Melhor Direção

Na história do Oscar, a cineasta italiana Lina Wertmüller ficou marcada como a primeira mulher indicada na categoria de Melhor Direção. Já era a 49ª edição do prêmio, em 1977, e a italiana concorreu por seu trabalho em “Pasqualino Sete Belezas”, mas não levou a estatueta.

Santi Visalli/Getty Images

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Lina Wertmuller, primeira mulher a ser indicada ao Oscar de melhor direção, no set de “Pasqualino Sete Belezas”

Foi apenas na 82ª edição, em 2010, que uma mulher recebeu o Oscar de direção. A cineasta americana Kathryn Bigelow levou a estatueta por “Guerra ao Terror”, que também recebeu o maior prêmio da noite, de melhor filme, com Bigelow na produção, e em outras quatro categorias.

Steve Granitz/WireImage

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Kathryn Bigelow, primeira mulher a ganhar o Oscar de melhor direção, por “Guerra ao Terror”

Mais de uma década depois, em 2021, a chinesa Chloé Zhao levou o Oscar por “Nomadland”, que também foi o melhor filme naquele ano. Pela primeira vez, duas mulheres concorriam na categoria: Emerald Fennell também havia sido indicada por “Bela Vingança”.

Chris Pizzello-Pool/Getty Images

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Chloe Zhao, segunda mulher a ganhar um Oscar de direção, por “Nomadland”, que também ganhou como melhor filme em 2021

No ano seguinte, parecia que a indústria finalmente estava avançando em direção a uma maior representatividade de gênero, reconhecendo o trabalho de diretoras mulheres. A neozelandesa Jane Campion, já indicada na categoria em 1994 por “O Piano”, não apenas tornou-se a primeira mulher a receber duas indicações de melhor direção como também levou o Oscar por seu trabalho no filme “Ataque dos Cães”.

Photo by Fotos International/Getty Images

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Jane Campion com a estatueta do Oscar de melhor roteiro por “O Piano”

jane campion

Getty Images

Jane Campion levou Oscar de Melhor Direção por “Ataque dos Cães” em 2022

Outras diretoras indicadas ao Oscar

Diretoras mulheres foram indicadas ao Oscar de Melhor Direção nove vezes – incluindo Jane Campion, indicada duas vezes, e Coralie Fargeat, que concorre este ano. A francesa, diretora de “A Substância”, é a única mulher entre os cinco candidatos ao prêmio de 2025 e também a única a dirigir um dos longas indicados à categoria de melhor filme.

Fargeat pode ser a quarta mulher a levar o prêmio pelo seu longa do gênero “body horror”, que concorre ainda como Melhor Roteiro Original e Melhor Atriz, para Demi Moore.

coralie fargeat

coralie fargeat

Indicada ao Oscar de Melhor Direção, Coralie Fargeat também concorreu na categoria no Globo de Ouro e no BAFTA

Em 2024, a também francesa Justine Triet foi a única mulher indicada na categoria de Melhor Direção, por “Anatomia de uma Queda”.

justine triet

justine triet

Diretora de “Anatomia de uma Queda”, Justine Triet levou levou dois troféus no Globo de Ouro 2024: o de melhor roteiro e o de melhor filme em língua não inglesa

Sofia Coppola foi indicada em 2004, por “Encontros e Desencontros” e Greta Gerwig, em 2018, por “Lady Bird: A Hora de Voar”.

Frank Micelotta/Getty Images

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Sofia Coppola com o Oscar de melhor roteiro original por “Encontros e Desencontros”

Por mais diretoras mulheres

O progresso feminino nos bastidores da indústria estagnou. É o que mostra um relatório assinado por Martha Lauzen, diretora executiva do Center for the Study of Women in Television and Film da San Diego State University.

O levantamento analisou os 250 filmes de maior bilheteria de 2024 e os dados refletem um retrocesso da participação feminina em cargos de diretores, roteiristas, produtores, produtores executivos, editores e diretores de fotografia.

No entanto, a presença de mulheres na cadeira de direção provoca um efeito cascata, abrindo espaço para mais mulheres em posições de destaque em toda a produção cinematográfica. Além de impulsionarem outras profissionais da indústria, as diretoras trazem novas perspectivas, abordagens e experiências para o cinema. Filmes como “A Substância”, de Coralie Fargeat, e “Babygirl”, de Halina Reijn, são exemplos de como as diretoras imprimem seu olhar e suas vivências, trazendo histórias mais autênticas e personagens complexas, ampliando a representatividade nas telas.

“Cada conquista, Oscar, Palma de Ouro, Urso de Berlim ou troféu de outro festival importante que vai para uma mulher, encoraja outras mulheres a acreditar que é possível e inspira novas cineastas”, afirma Monteiro.

Metodologia

As informações foram obtidas por meio de um levantamento exclusivo sobre Mulheres no Oscar realizado pela empresa de pesquisa Hibou a pedido da Forbes Brasil e liderado por Ligia Mello e Marcelo Beccaro. A análise foi feita por meio de consulta primária à base pública oficial de ganhadores do Oscar, seguida de etapas de validação manual com auxílio de ferramentas de inteligência artificial.

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