Bispos da UE apelam à intervenção urgente na República do Congo

Rebeldes do M23 voltaram a atacar a República do Congo e os bispos europeus apelaram a uma intervenção urgente para evitar uma catástrofe humanitária

Da redação, com Vatican News

ONU estima que 6,7 milhões de pessoas foram deslocadas pela violência na RDC / Foto: Reprodução Reuters

Dois dias sem luta na República Democrática do Congo foram brutalmente interrompidos pelos rebeldes do M23, que retomaram seus ataques às forças do governo nas primeiras horas desta terça-feira, 11.

Ataques e ameaças

Os rebeldes do M23, alegando defender os tutsis étnicos, avançaram para o sul após capturar Goma, a capital do Kivu do Norte, no mês passado. Essa ofensiva deixou milhares de mortos e, apesar dos pedidos de cessar-fogo de 24 líderes regionais, os rebeldes continuam suas operações.

As autoridades em Bukavu, no Kivu do Sul, estão em alerta máximo, com escolas e empresas fechadas, e muitos moradores fugindo da área. Enquanto isso, relatos indicam que os rebeldes do M23 entraram em um campo de deslocados a oeste de Goma, ordenando que os que moravam lá saíssem em três dias.

O grupo nega isso, alegando que os moradores estavam retornando voluntariamente para “lares seguros em áreas liberadas”. No entanto, a maioria dos deslocados não tem para onde ir, incertos se suas casas ainda existem depois de ficarem em campos por até dois anos.

Milhões de deslocados

A ONU estima que 6,7 milhões de pessoas foram deslocadas pela violência na RDC, com Kivu do Norte e do Sul sendo as mais afetadas. Os últimos ataques forçaram mais de 500 mil pessoas a deixarem suas casas somente neste ano.

Os esforços humanitários foram severamente impactados pela suspensão da ajuda dos EUA. A USAID financiou anteriormente 70% das operações de socorro e, desde que a suspensão foi anunciada, serviços essenciais — incluindo assistência médica de emergência e abrigo — foram fechados. Enquanto isso, a União Europeia aprovou um pacote de ajuda humanitária de € 60 milhões para a RDC, uma medida bem-vinda por Monsenhor Mariano Crociata, Presidente da Comissão das Conferências Episcopais da União Europeia (COMECE).

Uma situação humanitária desesperadora

A situação dos civis na RDC continua terrível, pois o conflito continua a deslocar milhões e a agravar uma crise humanitária já desesperadora. Com os serviços básicos interrompidos, as pessoas ficam sem acesso a alimentos, água limpa ou cuidados médicos. A violência contínua e o deslocamento em massa criaram uma situação em que comunidades inteiras estão vivendo em campos superlotados com recursos limitados. As crianças ficaram órfãs, e os campos, já esticados ao ponto de ruptura, agora estão inundados com recém-chegados buscando refúgio do conflito crescente.

O apelo dos bispos europeus

Monsenhor Crociata pediu “mais esforços para garantir a proteção dos civis” e garantir o acesso à ajuda. Também pediu às autoridades locais e à comunidade internacional “que fizessem todo o possível para resolver o conflito por meios pacíficos”, alertando que o suposto apoio de Ruanda aos rebeldes do M23 constituiria “uma grave violação do direito internacional”.

O prelado também chamou a atenção para as “práticas extrativas” na RDC, identificadas como um fator-chave que alimenta o conflito, e pediu maior transparência neste setor. Seu apelo às instituições internacionais é claro: elas devem defender seus “valores e princípios” e, se necessário, adotar “sanções direcionadas” que reconsiderem a cooperação econômica.

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