Com Dívidas de R$ 2,3 Bilhões, Bombril Entra com Pedido de Recuperação Judicial

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Presente na maioria dos lares brasileiros e marca que fez história na propaganda do país, a Bombril (BOBR4) — fabricante de lãs de aço e produtos de limpeza — acaba de entrar com um pedido de recuperação judicial na 1ª Vara Regional Empresarial e de Conflitos Relacionados à Arbitragem da 1ª Região Administrativa Judiciária de São Paulo. 

Segundo documento divulgado pela empresa, a razão para o pedido de RJ são dívidas tributárias do período entre 1998 e 2001, com um valor de R$ 2,3 bilhões. Na épca, a Cragnotti & Partners era o grupo controlador da empresa brasileira. 

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Na justificativa para o início do processo, a Bombril aponta que o elevado valor da dívida e o risco de perder os processos judiciais que contestam o montante pode levar a companhia à forte deterioração operacional, reduzindo a sua capacidade de pafamento de fornecedores, financiadores e a descontinuidade de relações comerciais e vencimento antecipado de dívidas. 

Se o processo de recuperação judicial for aceito, a companhia ganha proteção e tempo contra a execução de dívidas e garantias por parte dos credores. “Com a RJ,  a companhia erá capaz de manter a sua capacidade operacional e reestruturar adequadamente seu passivo, por meio de um processo célere e com o menor impacto possível aos direitos dos credores e às atividades operacionais”, afirma a empresa em nota. 

Por volta das 11h15, as ações da companhia tombavam 31% na B3, a R$ 1,59. No terceiro trimestre de 2024 (último balanço divulgado pela empresa), a reeita bruta foi de R$ 1,7 bilhões, alta de 11,6% no comparativo anual. O lucro líquido foi de R$ 56,4 milhões, enquanto o Ebitda registrado foi de R$ 181,2 milhões. Até setembro, a companhia havia registrado 331 milhões em despesas operacionais. 

Essa não é a primeira vez que a Bombril se vê com problemas financeiros. Há dois anos, a empresa precisou realizar uma transmissão de direitos creditórios de R$ 300 milhões.  

Um dos nomes mais tradicionais da indústria brasileira, a Bombril surgiu em 1948. O empresário Roberto Sampaio Ferreira aceitou uma máquina de extração de lã de aço como pagamento de uma dívida. Na impossibilidade de vender o equipamento, ele passou a produzir as lãs. Elas haviam surgido nos Estados Unidos alguns anos antes e eram usadas como um insumo pelo setor automobilístico, ao dar polimento em peças de metal.

As perspectivas não eram positivas, pois no fim da década de 1940 o setor automotivo brasileiro era pequeno e dependia dos importados. No entanto, reza a lenda que Ferreira descobriu um uso revolucionário na própria casa, mais especificamente na cozinha. A lã de aço estava sendo usada com sucesso para polir as panelas de alumínio, difíceis de limpar de outras maneiras. O método tradicional era esfregar areia (daí a expressão “arear panelas”) e a esponja de aço facilitava a vida das donas de casa.

Ferreira alterou o produto, criou as embalagens pequenas em cores chamativas – o amarelo e o vermelho que permanecem – e saiu vendendo o produto de porta em porta. Além de polir panelas, a lã de aço servia para “dar brilho” em vidros, louças e azulejos. Daí o nome inicial “bom brilho”, logo encurtado para Bombril.

Histórico da crise

Em 1981, quando Sampaio Ferreira faleceu, a Bom Bril já era uma potência e havia ampliado sua atuação para além das lãs de aço. Produzia itens como detergente, amaciante de roupas e sabão em pó. No entanto, no início dos anos 1990, a empresa teve problemas causados por uma disputa familiar. Sampaio Ferreira deixou o controle da companhia para seus três filhos, os irmão Fernando, Carlos e Ronaldo Sampaio Ferreira.

Em 1998 Fernando e Carlos, os mais velhos, venderam suas participações para o empresário italiano Sergio Cragnotti. Empresário do futebol – foi controlador do time Lazio, de Roma – e especialista em comprar empresas em dificuldades, Cragnotti se aproveitou da abertura de mercado do início dos anos 1990 para adquirir empresas brasileiras. Além da Bombril, adquiriu outro ícone industrial, a Companhia Industrial de Conservas Alimentícias (Cica).

Por meio de uma empresa de investimentos denominada Cragnotti & Partners, o empresário italiano comprou várias empresas de laticínios em seu país de origem e as uniu em um grupo, chamado Cirio.

Aí começou, para seguirmos em italiano, o imbróglio. Ronaldo, o caçula dos Sampaio Ferreira, não quis vender suas ações e seguiu na Bombril. Cragnotti foi acusado de não pagar o que devia. E começou uma longa briga jurídica, que envolveu tentativas de trocar ações da Bombril por ações da Cica e cobranças na Justiça. Em 2003, Ronaldo conseguiu afastar os italianos da Bombril e recuperar o controle da companhia.

Cragnotti começou a ser investigado pela justiça italiana em 2002, acusado de falência fraudulenta após a quebra do grupo Cirio. Ele seria preso em 2004 e detido novamente em 2010, assim como seu filho, sua filha e seu genro, que atuavam nos negócios.

O capítulo mais recente dos problemas da Bombril refere-se justamente ao período da gestão Cragnotti. O empresário foi acusado de desviar recursos da empresa brasileira para outras companhias de seu portfólio localizadas fora do Brasil. A empresa investiu recursos em títulos do Tesouro americano e esses investimentos deram lucro, mas a gestão de Cragnotti não teria pagado os impostos correspondentes.

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