Janeiro Branco: campanha reforça cuidados com a saúde mental

Tragédias envolvendo as mudanças climáticas também têm impacto profundo no bem-estar mental das pessoas; campanha mostra alternativas para este fenômeno

Thiago Coutinho
Da redação

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a definição para saúde mental gira em torno do bem-estar vivido pelo indivíduo, que possibilita o desenvolvimento de suas habilidades pessoais para responder aos desafios da vida e contribuir com a comunidade. Para reforçar esses cuidados, a campanha Janeiro Branco mostra como a importância e os cuidados com a saúde mental precisam ser levados em conta.

Promover a saúde mental é uma medida a ser tomada em qualquer lugar: escola, casa, entre amigos ou no trabalho. “Trabalho, escolas, academia, podem promover a saúde mental ao fomentar as relações sociais saudáveis e apoio social”, afirma o psicólogo Cleo Holanda. “Nós entendemos que vínculos são necessidades emocionais básicas muito importantes para o indivíduo. A criação de uma cultura de empatia, uma comunicação aberta, um suporte emocional pode reduzir o estresse e a ansiedade e facilitar também o desenvolvimento de resiliência”, reitera.

Saúde física e saúde mental

Praticar atividades físicas regulares é importante para diversos aspectos da saúde física: diminui as chances de desenvolver doenças cardiovasculares, câncer, distúrbios relacionadas ao colesterol entre tantas outras moléstias. Além de ajudar nestes aspectos, a prática periódica de atividades físicas é também indispensável para manutenção da saúde mental.

“A prática regular de atividades físicas está associada à redução de sintomas como de ansiedade e depressão”, afirma o psicólogo. Segundo Holanda, exercitar-se continuamente promove a liberação de neurotransmissores, como a serotonina e endorfinas, que são essenciais para a regulação de humor e potencializam de maneira saudável a nossa saúde mental. “A atividade física pode ser uma das estratégias eficazes para melhorar a parte cognitiva do indivíduo e também o desenvolvimento de uma resiliência emocional”, acrescenta.

O impacto dos desastres naturais

A realidade climática mundial tem mudado — e para pior. Recentemente, os incêndios florestais na Califórnia ceifaram vidas, causaram perdas materiais e devastaram comunidades inteiras. O Brasil também não está fora desta onda cataclísmica: em abril de 2024, o Rio Grande do Sul foi atingido por enchentes de grandes proporções que inundaram 471 cidades e deixaram 600 mil pessoas sem casa.

Estes fenômenos têm ligação intrínseca com a saúde mental das pessoas. E atendem por uma denominação recente dada pela psicologia contemporânea: Ecoansiedade, que foi introduzido pela Associação Americana de Psicologia (APA) em 2017 e incluído no dicionário Oxford em 2021, segundo o Instituto Janeiro Branco. Trata-se de um fenômeno caracterizado por sentimentos profundos de medo e impotência diante das mudanças climáticas e seus impactos.

“Os desastres ambientais podem resultar uma série de traumas psicológicos como o aumento de transtornos de ansiedade, de depressão e o estresse pós-traumático”, detalha Holanda. “A perda de entes queridos, tanto as perdas emocionais como também materiais oriundas desses desastres podem promover a insegurança habitacional, emocional e a desestruturação social, contribuindo para que esse indivíduo venha a ter um aumento significativo de sofrimento emocional”, reitera.

Como manter a saúde mental em dia?

Segundo o especialista, além das atividades físicas regulares, que ajudam a regular o humor e a ansiedade, é importante manter uma agenda que possa proporcionar um senso de equilíbrio e de segurança emocional.

“Conexões sociais, as interações sociais positivas, esses vínculos são muito importantes”, detalha o especialista. Ele acrescenta que técnicas de relaxamento podem ajudar a regulação emocional e também a busca do autoconhecimento. “O autoconhecimento e fazer terapia com regularidade. Isso também ajudará na gestão das emoções e nos enfrentamentos do seu dia a dia”, finaliza.

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