Verificadores de Fatos da Meta não Foram Avisados Sobre o Fim do Programa

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A primeira vez que o verificador de fatos Maarten Schenk, da Lead Stories, soube dos planos da Meta para encerrar sua parceria com jornalistas independentes foi por meio do comunicado à imprensa da empresa. “Não fomos avisados com antecedência, foi simplesmente: bom, está acabando”, disse Schenk à Forbes.

Alguns colaboradores, que trabalhavam há quase uma década no combate à desinformação e abusos nas plataformas da empresa, receberam o aviso em menos de uma hora antes do anúncio oficial. Eles foram pegos de surpresa, assim como algumas organizações que haviam assinado recentemente extensões de contrato com a Meta para verificação de fatos.

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A companhia fundada por Mark Zuckerberg informou aos verificadores que os contratos com organizações de notícias dos EUA, como USA Today, Reuters Fact Check, AFP e a organização sem fins lucrativos Politifact, terminarão em março, de acordo com pessoas envolvidas nas discussões. Já os contratos com redações internacionais e entidades de caridade que realizam projetos de checagem em países como Austrália e Zâmbia devem continuar até o fim de 2025.

O encerramento do programa de checagem de fatos da Meta no Facebook, Instagram e WhatsApp provavelmente impactará negativamente algumas redações e organizações sem fins lucrativos que dependiam do programa para gerar receita. A companhia afirmou ter gasto US$ 100 milhões no programa desde 2016, estendendo-o para cerca de 115 países.

A decisão da empresa de trocar a verificação independente de fatos por um policiamento de conteúdo feito pela comunidade foi anunciada na terça-feira (7) em uma publicação assinada por Joel Kaplan, novo chefe de políticas globais da empresa.

Ele escreveu que algumas das políticas de moderação de conteúdo da Meta foram desenvolvidas “em resposta à pressão social e política para moderar conteúdo” e que esses “sistemas cada vez mais complexos” haviam “ido longe demais”, classificando-os como “censura”.

A alegação de que o programa de checagem de fatos da Meta era politicamente tendencioso ou equivalia à censura irritou muitos verificadores que trabalhavam para a empresa e conversaram com a Forbes. “O jornalismo de checagem de fatos nunca censurou ou removeu publicações: adicionou informações e contexto a alegações controversas e desmentiu conteúdos falsos”, afirmou Angie Holan, diretora da International Fact-Checking Network.

De fato, as próprias regras do Facebook estipulam que apenas a empresa pode moderar ou remover publicações. “Nós não removemos, nem poderíamos remover conteúdos”, alega Lori Robertson, do Factcheck.org, outro verificador de fatos terceirizado pela Meta nos EUA. “Qualquer decisão nesse sentido era da empresa.”

O abandono da checagem de fatos terceirizada pela Meta, que afirma ter três bilhões de usuários em suas plataformas, segue a nomeação de Kaplan como chefe de assuntos globais neste mês. O ex-conselheiro sênior do presidente George W. Bush e lobista republicano de longa data substituiu Nick Clegg.

A decisão é mais um movimento que parece ter como objetivo agradar a futura administração Trump. A empresa também mudará sua equipe de moderação de conteúdo da Califórnia para o Texas, estado norte-americano que recentemente suavizou regras relacionadas a discursos de ódio contra imigrantes, mulheres e pessoas transgênero. Na segunda-feira (6), Zuckerberg revelou que convidou Dana White, presidente do UFC e apoiador de Trump, para integrar seu conselho de diretores.

Ao responder ao anúncio da Meta sobre checagem de fatos, o presidente Trump afirmou que a empresa “evoluiu bastante” e especulou que Zuckerberg “provavelmente” implementou as mudanças como resposta direta a suas ameaças.

Trump alegou, sem provas, que o fundador do Facebook conspirou contra ele na eleição de 2020 e afirmou que o bilionário “passaria o resto da vida na prisão” se interferisse nas eleições presidenciais deste ano.

A Meta também enfrentará uma audiência que pede o desmembramento do grupo na Comissão Federal de Comércio dos EUA (FTC) em abril.

Ao tentar agradar a futura administração Trump, Zuckerberg pode estar criando um provável conflito futuro com a União Europeia em relação à moderação de conteúdo. Reguladores europeus já estão investigando o X de Elon Musk por supostas violações da Lei de Serviços Digitais ao não remover publicações com conteúdo ilegal.

“Na Europa, há um número cada vez maior de leis institucionalizando a censura, o que torna difícil criar algo inovador por lá”, disse o co-fundador do Facebook. “A única maneira de reverter essa tendência é com o apoio do governo dos EUA.”

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