O longa-metragem “Saudosa Maloca”, inspirado nas histórias do compositor Adoniran Barbosa, se despede nesta quarta-feira (27) da programação do Paradigma Cine Arte, em Floripa. Só ouvi boas recomendações e, por isso, “não vou perder esse trem” que sairá às 18h15 nestes dois últimos dias de exibição.
Quem também dá “au revoir” da programação do Paradigma é Mostra Aliança Francesa de Cinema Francofonia 2023. Vale conferir também.
Paulo Miklos (ao centro) é Adoniran Barbosa no filme “Saudosa Maloca”, em cartaz até esta quarta (27) no Paradigma, em Florianópolis – Foto: DivulgaçãoVeja o trailer
A história apresenta os amigos Adoniram (Paulo Miklos), Joca (Gustavo Machado) e Matogrosso (Gero Camilo) na batalha para tentar um lugar ao sol no mundo da música, ao mesmo tem em que lidam com a ameaça que paira sobre o despejo da maloca do trio.
Muito se fala também sobre a atuação do ex-Titãs Paulo Miklos como o autor de “Trem das Onze” e da composição que dá nome ao filme.
Poucos tiveram a sensibilidade de Adoniram, já há muito tempo, em falar sobre as agruras de quem sobrevive numa metrópole, é engolido pelo “progresso”, a crise da moradia. “Saudosa Maloca”, a música de 1951, é uma crônica deste tempo que não passa.
Dias atrás eu também ouvi “Despejo na favela”, composição de Adoniran e Gonzaguinha de 1969, e que trata o drama de um resiliente e pobre cidadão diante da eminente perda da sua casa: “Minha mudança é tão pequena/Quase cabe no bolso de trás/Mas essa gente aí, hein, como é que faz?”
É disso que se trata a grande obra e vida de Adoniran: um Brasil que 55 anos depois ainda se pergunta como é que faz?
