Leite Impresso: Como a Milkadamia Transformou a Bebida em Folhas

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O leite não é mais líquido, agora ele é impresso em 2D. No caso,  folhas de leite de aveia que reduzem o desperdício de embalagens em 94% e o peso em 85%. À medida que o fervor em torno das dietas à base de plantas continua a crescer, também aumenta a inovação dessa categoria.

O mercado de leite vegetal, que foi avaliado em US$ 2,8 bilhões em 2022, deve crescer US$ 7,3 bilhões até 2032, segundo o relatório Plant-Base Milk Market, da consultoria Allied Research “Análise de oportunidade global e previsão da indústria, 2023-2032”.

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Em um cenário global no qual a geração de resíduos sólidos domiciliar no mundo deve crescer 80% até 2050, atingindo 3,8 bilhões de toneladas, de acordo com o relatório Global Waste Management Outlook 2024 (GWMO 2024), a Milkadamia,  uma marca de leites vegetais à base da noz macadâmia, baseada em Illinois, nos Estados Unidos, está expandindo os negócios de produtos vegetais, ao mesmo tempo que inova no design do produto e na cadeia de suprimentos para reduzir desperdícios.

Milk_Divulgação

A mais recente inovação da Milkadamia é a pasta de leite de aveia impressa em folha

Antes do leite em folha, a empresa já era conhecida, mas pela produção de óleo das nozes de macadâmia. “Nossa jornada começou quando fizemos o óleo e comercializamos internacionalmente. Estava gerenciando as fábricas de processamento na época e tive a ideia de usar o produto de forma completa, reaproveitando os núcleos das nozes de para criar o leite”, diz Jim Richards, CEO da Milkadamia.

A noz é cultivada na Austrália por meio de práticas regenerativas que priorizam a saúdo do solo. “Cultivamos a noz a partir de “árvores de livre pastagem”, porque não dependem de sistemas de irrigação ou fertilizantes adicionais.

A vontade de produzir o leite de macadâmia surgiu após Richards estudar as propriedades anti-inflamatórias da fruta seca e do desejo de desassociar a noz apenas do chocolate ou petiscos. Para ele, ela é muito mais que isso. Assim, em 2014, a Milkadamia nasceu.

Agora, a empresa apresenta a tecnologia do novo leite de aveia em formato de folhas desidratadas e depois compactadas é chamada “Flat Pack” (em tradução literal “embalagem plana”), e se enquadra no modelo denominado “pré-reciclagem”, que prioriza a redução de resíduos na origem do produto, em vez de depender da reciclagem pós-consumo.

Com o leite em folha, o tamanho da embalagem foi reduzida em 94%, e ficou também 85% mais leve. Na sustentabilidade, a Milkadamia também adota práticas agrícolas regenerativas. O novo leite deve chegar ao mercado no início de 2025, mas já vem sendo apresentado em feiras de negócios, além do trabalho da empresa com varejistas e redes de cafés.

Reprodução

Jim Richards fundou a Milkadamia em 2014

Em entrevista à Forbes, Jim Richards, CEO da Milkadamia, falou sobre os desafios do negócio. Confira:

Como o leite de macadâmia em folhas, em vez de líquido, ajudou a resolver os problemas de logística de produtos pesados e embalagens excessivas?

Quando fizemos a embalagem, queríamos que fosse o mais bonita, clássico e elegante possível. Quando chegou a hora de rotular a embalagem, eu não queria apenas escrever “mais suave, cremoso e delicioso”, como todo mundo. Queríamos dizer algo relevante para a situação em que estamos. Fomos o primeiro leite sem ingredientes de origem animal, indo de frente contra os laticínios, com o slogan “Moo is Moot” (Moo não é discutível, em tradução literal).

Também queríamos destacar nossas práticas agrícolas regenerativas, que é uma técnica totalmente focada no solo. Primeiro, cultivamos a noz a partir do que chamamos de “árvores de livre pastagem”, porque ela não depende de sistemas de irrigação e são plantadas no seu ambiente natural, ao longo da costa leste da Austrália, no clima e na chuva típicos de lá. Não são necessários água ou fertilizante adicionais.

Getty Images – Pises Tungittipokai

As macadâmias que viram leite são cultivadas na Austrália com práticas de agricultura regenerativa

O que o sr. quer dizer com regenerativo? Existem certificações ou avaliações de terceiros sobre o trabalho da Milkadamia?

Não na nossa fazenda. As pessoas estão criando sistemas para avaliar e certificar a agricultura regenerativa agora, um processo que começou há pouco tempo e que não é fácil. Tudo se baseia em construir a saúde do solo e assumir que todas as outras coisas boas fluem a partir disso. Dependendo do tipo de solo, seja ele de planície de inundação, arenoso ou argiloso, você precisa de práticas diferentes para melhorar a saúde. É quase fazenda por fazenda, o que tem tornado difícil criar maneiras padronizadas de dizer o que é regenerativo.

Como os consumidores estão respondendo a esse novo formato e como a Milkadamia está comunicando sua importância?

Sabemos que nenhum produto agrada a todos os consumidores, e não esperamos que esse seja o caso. Mas existem pessoas que se importam, e esse número está crescendo a cada dia. Isso tem sido impulsionado pelas notícias, relatórios climáticos e mais informações ecológicas chegando a todos que estão minimamente atentos de que há uma urgência em relação a isso.

Queremos falar sobre resistência, sobre como cada pessoa pode fazer a sua própria mini-revolução diária. É assim que queremos moldar isso – é uma pequena revolução toda vez que você usa o Flat Pack. No entanto, cumulativamente, milhares de caminhões serão retirados das nossas estradas.

É gratificante sentir o entusiasmo em torno dessa inovação e ver quantas pessoas querem fazer a diferença. Embora saibamos que a escala do problema possa parecer avassaladora, esperamos elevar o espírito da nossa geração ajudando as pessoas a causarem um impacto positivo.

* Christopher Marquise é colaborador da Forbes EUA. Também é professor de Gestão Chinesa na Judge Business School da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

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O sr. poderia compartilhar mais sobre a recente inovação da Milkadamia e como ela está moldando a categoria de leites vegetais?

Nosso último lançamento, as folhas impressas de leite Flat Pack, utiliza 94% a menos embalagem, é 85% mais leve para o transporte e custa 30% menos para os consumidores. Chamamos isso de “pré-reciclagem”. Como consumidores, todos nós carregamos o peso quando se trata de embalagens. Chegamos em casa depois de fazer compras e fica com um monte de sacolas plásticas, bandejas e outras coisas que vão para o lixo.

Acreditamos que, se conseguirmos pré-reciclar a embalagem, substituímos o impacto negativo por algo positivo. No início, achamos que a frase “Alguma montagem necessária” na embalagem pudesse soar como uma fraqueza da marca, mas à medida que avançamos, vimos que é a parte mais forte de um produto bem-sucedido.

 

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