Ter sempre em mente a amizade social, a solidariedade e a paz, diz Papa

Francisco encontrou-se com a delegação internacional de jainistas; na ocasião, ele frisou o esforços do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso

Da redação, com Boletim da Santa Sé

Foto: Alessia Giuliani Hans Lucas via Reuters

O Papa Francisco recebeu nesta segunda-feira, 25, a delegação internacional de jainistas – vindos de diversas partes do mundo, coordenados pelo Instituto de Jainologia de Londres. Eles participam de um encontro com membros do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, com o objetivo de pensar formas de cooperar para um futuro melhor, abordando os temas da diversidade e da inclusão.

Em seu discurso, o Santo Padre afirmou estar muito satisfeito porque a visita se inseria no crescente diálogo entre jainistas e cristãos, promovido pelo Dicastério para o Diálogo Inter-religioso. Na ocasião, o Pontífice salientou que o prefeito deste departamento vaticano, Cardeal Ayuso, está com a saúde muito debilitada e pediu orações. 

Formas de cuidar da terra

O Pontífice agradeceu os jainistas pelo compromisso em procurar, juntamente com a Igreja Católica, formas de cuidar da terra, dos pobres e das pessoas mais vulneráveis ​​da sociedade. “Estas áreas de reflexão e ação tornaram-se muito importantes para o nosso tempo e as iniciativas devem ser implementadas com seriedade, compromisso e corresponsabilidade”, frisou.

A maior parte dos problemas que afligem a sociedade, afirmou o Papa, são causadas pelo individualismo e pela indiferença, que levam muitas pessoas a desprezarem a dignidade e os direitos dos outros, especialmente em contextos multiculturais. Por um lado, Francisco destacou que existem grupos que dominam e excluem as minorias, permanecendo surdos ao “grito da terra e ao grito dos pobres” (Carta Encíclica Laudato si’, 49). Por outro lado, ele sublinhou que há aqueles que visam construir a amizade social, a solidariedade e a paz duradoura. “Três coisas que devemos ter sempre em mente: a amizade social, a solidariedade e a paz”.

“Infelizmente, estes esforços construtivos são muitas vezes frustrados e bloqueados. No entanto, não devemos desanimar, nem ter medo de semear esperança através de iniciativas que cultivem o sentido de humanidade em nós, crentes e não crentes. Este compromisso constante baseia-se no fato de que ‘Deus criou todos os seres humanos iguais em direitos, deveres e dignidade, e chamou-os a viver juntos como irmãos e irmãs’ (Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz e Coexistência Mundial, município, Abu Dhabi, 4 fevereiro de 2019)”, comentou.

O Pontífice enfatizou que não se deve nunca esquecer a fraternidade universal. Toda pessoa de boa vontade pode difundir o amor, prosseguiu Francisco, dedicando-se aos necessitados, respeitando as diferenças. Por meio disto, surge o ímpeto de cuidar uns dos outros e da casa comum. Reuniões inter-religiosas, como esta no Vaticano, apontou o Papa, ajudam a fortalecer a vontade comum de trabalhar em conjunto para construir um mundo melhor.

Jainismo

O jainismo surgiu por volta do século VI a.C. Ele é uma tradição espiritual que surgiu a partir do movimento śramana, num contexto externo ao hinduísmo. Os jainistas são adeptos de conceitos omo a ideia de karma e samsara (o ciclo das reencarnações).

Diferentemente do hinduísmo, contudo, os jainistas não se dedicam à adoração de deuses, mas a um esforço próprio de renúncia cujo objetivo é o fim do sofrimento e a libertação para além do ciclo de reencarnações. Eles seguem os ensinamentos dos tirtānkharas. Historicamente, o mais conhecido e mencionado dentre eles foi Mahavira, que chegou a conviver com Sidarta Gautama, o Buda.

 

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