Dia da Consciência Negra: feriado traz nova oportunidade de refletir sobre equidade racial, diz especialista

Pela primeira vez, o Brasil terá o Dia da Consciência Negra como feriado nacional, instituído pela Lei 14.759/2023.

Pretos e pardos são a maioria das pessoas no mercado de trabalho e, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), representavam a fatia de 54,2% das pessoas empregadas em 2022, enquanto os brancos eram 44,7%. Também são a maioria da população brasileira, com 55,5% da população segundo o Censo 2022

Ainda assim, a disparidade salarial entre pessoas negras e brancas é de 32% a 35%, segundo o estudo Números da Discriminação Racial: desenvolvimento humano, equidade e políticas públicas, produzido em 2023 por Michael França e Alysson Portela.

“O reconhecimento do Dia da Consciência Negra no calendário nacional traz aos negócios a oportunidade de refletir sobre diversidade e inclusão e o impacto que cada uma tem”, destaca Talita Matos, diretora da Singuê, consultoria de diversidade, equidade e inclusão.

Cada vez mais, empresas privadas e públicas e outras diversas organizações estão implementando projetos para incluir mais pessoas e lideranças negras. Isso tem acontecido, primeiro, por uma demanda social, dos consumidores e de uma população mais engajada na luta antirracista. Mas, é também reflexo de leis como o Estatuto da Igualdade Racial, a Lei nº 9.029/1995 – que proíbe práticas discriminatórias em admissões ou na permanência do trabalho -, e outras leis e dispositivos de promoção de igualdade.

Não apenas as leis, mas o próprio mercado tem feito com que algumas empresas percebam que incluir pessoas mais diversas nas equipes e garantir políticas de equidade melhoram o desempenho do negócio, com ambientes mais saudáveis de trabalho e uma comunicação mais assertiva com um amplo público consumidor. Sem mencionar ainda o impacto social positivo”, complementa.

Discussões públicas na internet

As redes sociais ampliaram muito a capacidade de alcance de fatos e, por consequência, o tamanho do debate público sobre temas caros à sociedade. Com isso, temas como o antirracismo, a saúde mental e a qualidade de vida dos trabalhadores ganharam espaço tendo eles próprios como porta-vozes de suas histórias.

Rick Azevedo, homem negro, ex-balconista, tiktoker e criador do movimento Vida Além do Trabalho, contra a escala 6X1, é um exemplo disso. Atualmente, a demanda ganhou popularidade e é debatida no Congresso Nacional após conseguir assinaturas populares suficientes por causa da internet. O criador do movimento foi eleito para uma cadeira na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro na eleição de 2024.

O debate público na internet tem levado os tomadores de decisão a repensar suas estratégias de crescimento sustentável. Um clima de prioridade para a saúde mental e o emprego digno vem sendo criado. Ainda temos muito espaço para incluir pessoas negras e de outros grupos minorizados no mercado e, principalmente, em posições de destaque e liderança. Um trabalho que vem sendo feito a passos lentos mas relevantes. O mais importante: com protagonismo de nós, pessoas negras”, reflete.

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